Por: (Arte Metal)

Anunnaki – Mensageiros do Vento, um projeto ousado que traz uma Ópera Rock como trilha sonora de um desenho animado contando uma lenda (ou não?). É disso que se trata a nova empreitada dos irmãos Fabrício Barretto e Fabio Shiva, que já integraram o Imago Mortis. Para destrincharmos esse projeto ousado, conversamos com Fabrício, que dirigiu e compôs a trilha do filme. Confira abaixo.

Anunnaki
Anunnaki

Primeiramente da onde e como surgiu a ideia de produzir uma Opera Rock com um desenho animado? E como vocês chegaram ao tema inspirado nos estudos de Zecharia Sitchin?
Fabrício: Sempre fomos fascinados por culturas antigas e seus mistérios. Cada civilização teve uma época de descoberta e fascínio e foi tema de várias deliberações entre mim e meu irmão Fabio (Shiva – baixo). Os gregos, Os incas e maias, o Mahabharata da Índia… Até que chegamos nos sumérios e no trabalho do Sitchin. A história e seus desdobramentos nos impactaram muito e daí veio a vontade de contar isso através da música. Sempre fomos também muito fãs do formato Ópera Rock.

Aliás, vocês chegaram a pensar em outros temas? Se sim, por que decidiram por escolher este das tabuletas sumérias?
Fabrício: A ideia de fazer um trabalho musical aliado a vídeos em animação é bem antiga e já passou por várias reformulações até chegar ao Anunnaki. Já fazíamos shows temáticos com projeções de vídeo desde o início da banda e queríamos fazer algo autoral também nesse formato. Chegamos a escrever alguns roteiros, fazer testes de animação, mas de certa forma sentíamos que estava faltando alguma coisa. Quando travamos contato com a epopeia dos Anunnaki, sabíamos que seria um tema perfeito para isso.

E como vocês conheceram estas histórias? Há tempos vocês acompanhavam elas ou a estudaram exclusivamente para compor Anunnaki: Mensageiros do Vento?
Fabrício: Se me lembro bem, foi um amigo nosso no Rio de Janeiro quem primeiro comentou conosco sobre os Anunnaki. Trata-se do Alex Voorhees, vocalista do Imago Mortis, banda da qual eu e o Fabio fizemos parte por dez anos. Daí encontramos muito material para pesquisa na internet, fomos nos interessando pelo assunto e chegamos aos livros do Sitchin. Quando lemos “O livro perdido de Enki” tivemos uma epifania… Ali nasceu o projeto.

Anunnaki
Anunnaki

Aliás, desde o início a intenção sempre foi fazer uma Opera Rock com um desenho animado ou chegaram a cogitar outros formatos?
Fabrício: O projeto passou por muitas metamorfoses. Inicialmente seria uma espécie de documentário musical, depois virou uma estória com diálogos e intervenções musicais… Enfim chegou o formato Ópera Rock juntamente com tema dos Anunnaki.

Você foi o responsável pelos desenhos da animação. Há quanto tempo você trabalha com esse tipo de arte? Houve muito estudo para o aperfeiçoamento de sua arte e inclusão na animação? Enfim, como foi este trabalho?
Fabrício: Eu nunca trabalhei antes com animação, de fato. Tinha curiosidade, fui aprendendo pela internet e conhecendo programas de animação. Sempre na intenção de fazer algo relacionado à música. Peguei algumas músicas nossas e fiz videoclipes como oficina, aprendizado… Nada sério! Mas isso já tem alguns anos, então tive tempo para ir aprendendo até chegar a hora de fazer o Anunnaki.

De certo que Anunnaki é algo engenhoso e ousado. Quais maiores dificuldades vocês encontraram e o que vocês destacariam desde a produção até a conclusão do projeto?
Fabrício: Cada etapa foi difícil e conquistada com esforço e dedicação. Compor as músicas no ritmo da história, fazer pré-produção e organizar as 28 músicas, inscrever no edital de cultura, gravar as músicas e produzir a animaçã. Foi uma verdadeira epopeia! Mas também foi uma jornada muito divertida e intensa!

A música que serve de trilha transcende o Rock. Como foi compor para que a sonoridade casasse com a história e da onde vocês tiraram inspiração, enfim, tinham alguma referência?
Fabrício: À medida em que íamos compondo as músicas, íamos também montando o storyboard do filme, simultaneamente. Precisávamos saber o quanto cada cena iria durar. Cada gesto, cada pausa dramática deveria estar também na música, então tudo foi feito como uma coisa só. Já nasciam casados, o roteiro e a sonoridade.  As influências musicais são muito vastas e nós deixamos mesmo elas aparecerem nas músicas. Todo esse universo Ópera Rock de Tommy (The Who – 1969), Jesus Christ Superstar (1971), The Wall (Pink Floyd – 1982), Quadrophenia (The Who – 1979). Desde bandas como Queen e Led Zeppelin até Toquinho! Daí temperamos com um pouco de uma sonoridade regional do oriente médio, um pouco de World Music… Rolou um pouco de Reggae também, achamos conveniente pois o Reggae raiz faz muitas referências à Babilônia, e a Babilônia faz parte da história dos Anunnaki.

O projeto contou com participação de Julio Caldas (guitarra) e Thiago Andrade (bateria), Richard Meyer como produtor artístico do projeto, tendo a produção executiva por conta de Analu Franca, além de participações especiais de artistas convidados como Luciano Campos, Carlos Lopes, Tassio Bacelar, Kiko Souza, José Rios, Kekedy Lucie e Eneida Lima. É bastante gente envolvida, como foi todo esse processo e as escolhas?
 Fabrício: O Julio Caldas e o Thiago Andrade são da banda Mensageiros do Vento. O Tassio Bacelar era guitarrista da banda e se afastou durante as gravações. O Julio foi gravar participações nas músicas e terminou entrando pra banda, muita afinidade! Com exceção do Carlos Lopes (Dorsal Atlântica), que é nosso velho amigo-irmão, todas as participações foram arranjadas pelo produtor Richard Meyer. Foi ele quem articulou isso.

O projeto foi selecionado no Edital de Música do Fundo de Cultura e patrocinado pela Secretaria de Cultura da Bahia. Como surgiu essa oportunidade e como vocês vêem esse tipo de apoio do poder público?
Fabrício: Os editais são abertos para qualquer pessoa que queira inscrever o seu projeto. Nós nos inscrevemos no fundo de cultura e fomos selecionados. Não é fácil conseguir a aprovação de um projeto, tudo tem que estar muito bem programado. Mas é possível! E esse é um recurso valiosíssimo para quem trabalha com cultura, isso tornou possível o projeto Anunnaki e muitos outros pelo país. Eu encorajo os músicos independentes a participarem de editais, é uma ferramenta muito válida para realizar arte. Além da Secretaria de Cultura da Bahia, tivemos o apoio do Athelier PHNX, Massa Sonora Estúdio, Servdonto e Staner Audioamerica. Gratidão aos incentivadores da arte!

Voltando a Anunnaki, como o trabalho tem sido recebido pelo público em geral, mas principalmente pelos fãs de Rock/Metal, afinal vocês fazem parte deste cenário da música pesada?
Fabrício: Tem sido ótima, agradeço muito pela generosidade com que as pessoas têm recebido o trabalho, todo o incentivo e apoio! Obrigado!

E como está o trabalho de divulgação? Há uma continuação e/ou até outro projeto como este só que com outra história?
Fabrício: Estamos divulgando o lançamento do filme na internet, rádios, TVs, jornais e revistas… De todas as formas que podemos. Enquanto isso, preparamos o show do projeto. Em breve caímos na estrada! Existem possibilidades sim de um trabalho parecido no futuro, mas agora estamos focados nisso aí.

Muito obrigado pelo tempo dedicado. Este espaço é de vocês para as considerações finais.
Fabrício: Nós que agradecemos o apoio de vocês, deixo aqui meu abraço à equipe e aos leitores do blog Arte Metal! Obrigado!

Links sobre o projeto:

Site / Facebook

Escrito por

Vitor Franceschini

Jornalista graduado, editor do Blog Arte Metal.