Um dos pioneiros de discos que contam histórias, os chamados Álbuns Conceituais e um mestre nas composições voltadas para o terror pessoal, contos de terror e história, King Diamond está retornando ao Brasil, depois de 21 anos sem tocar por aqui, no Liberation Festival, que acontecerá em São Paulo no dia 25 de Junho, no Espaço das Américas, em São Paulo e será algo único, já que, assistiremos um dos principais lançamentos dele ao vivo, pois tocará o clássico Abigail na íntegra, com direito a toda a produção de som, luz e palco que vemos nos principais festivais europeus. Nós batemos um papo muito bom com o “Rei Diamante”, confira aí o resultado dessa conversa.

Mr. King Diamond, é uma grande honra poder falar diretamente com uma lenda viva do metal, muito obrigado por conceder um pouco do seu corrido tempo pra falar conosco do Portal do Inferno.
King Diamond: Eu que agradeço, é ótimo poder estar falando aí com o Brasil também!

A primeira apresentação do King Diamond no Brasil foi durante o Monsters of Rock em 96. Você veio com o Mercyful Fate duas outras vezes após isso. Mas porque demorou tanto tempo para voltar pra cá com o King Diamond?
KD: Nós tivemos que esperar pela oportunidade de trazer a produção completa do show. O King Diamond sempre exigiu muito mais fatores que o Mercyful Fate. Nós estamos indo para o Brasil agora, mas esse show está melhor do que nunca. Nós temos uma chance agora, devido às circunstancias. Nós não estamos planejando muitos shows do Abigail esse ano, serão apenas alguns. É que na verdade nesse momento estamos trabalhando em dois lançamentos futuros, em Blu-Ray e DVD, um show de 2015 nos Estados Unidos e o outro na Bélgica, e então, quando terminarmos essa turnê do Abigail nós vamos sentar para começar a escrever o próximo álbum de estúdio do King Diamond.

Não haviam planos para mais shows, porém nós pensamos: Por que não levar esse show para alguns lugares que não tocamos já faz um bom tempo? Como no México, nós só tocamos com o Mercyful Fate lá, mas nunca com o King Diamond. Eles nunca viram Coming Home ao vivo. Então decidimos fazer isso, mas decidimos colocar todo o equipamento da produção do show em navios, e isso leva muito tempo. E não daria pra levar tudo de avião pois aí seria MUITO mais caro. Então nesse momento os planos são de tocar em São Paulo – após 21 anos, e isso é loucura – , então seguimos parar Las Vegas e depois para Houston, acho que serão apenas esses. E então vamos trabalhar nesse novo projeto de estúdio. Então voltamos aos shows, devido a essa demora que levam todos os equipamentos para chegar nos lugares, entende? Para então conseguir ir nesses locais que nunca tocamos ou não tocamos há muito tempo.

Mas sabe, na verdade esse é momento correto de assistir King Diamond. A banda nunca esteve tão bem. Nós temos uma equipe mega qualificada e isso torna tudo muito mais fácil pra nós, porque nós não temos que nos preocupar com isso, entende? Nós só precisamos ir e fazer o que fazemos de melhor, e isso torna tudo muito mais divertido pra nós, simplesmente não há preocupações e isso é muito melhor pra todos os envolvidos.  E tudo que está envolvido nesse show é grandioso, você nunca viu nada parecido em outro show. Já viu diferente, mas nada realmente parecido com esse show. Não estou dizendo que é melhor que tudo que todas as outras bandas já mostrou, isso depende de quem está assistindo, alguns até dirão que está parecendo um filme, mas de qualquer maneira, isso é definitivamente único. Tudo o que foi usado nos grandes festivais estará lá, tudo! E isso é o que me deixou tão bem! É ótimo saber que vamos ao Brasil, onde há tantas bandas e pessoas queridas, sabemos que vamos dar tudo o que temos pra dar, sem deixar nada faltando, é muito legal.

O entrevistador diz: Eu tenho certeza que será incrível!
KD:  Será algo que você nunca, nunca conseguirá esquecer, devido ao fato de eu ter parado de fumar, agora é tão mais fácil cantar e minha voz está muito melhor.

King Diamond
King Diamond

Você tem boas memorias sobre o Brasil, das outras vezes que esteve aqui?
KD:
Eu já estive em Copacabana e bebi água de coco, sabia? (risos). Eu fiz isso da ultima vez que estive no Rio. E foi incrível. É incrível a grandeza do quanto se poder conhecer lá. A comida, a bebida é surpreendente. São Paulo é absurdamente grande! Chegando lá de avião é incrível perceber que você ainda está dentro do avião, você não para de sobrevoar a cidade. Ela é imensa, incrível! Eu já estive em varias cidades grandes mas nenhuma pareceu ser tão grande, sabe?

E sobre esse novo álbum que você disse, já existe alguma data em vista para o lançamento?
KD: 
Não, não. Na verdade nem um nome para ele nós pensamos. Possuímos ideias e mais ideias mas ainda não sentamos para começar a separar essas ideias e ver o que pode ou não ser aproveitado.

Denner e Shemmann lançaram um álbum chamado Master of Evil e aqui no Brasil os fãs de Mercyful Fate gostaram muito dele, você ouviu esse álbum?
KD: Não. Eu sei que eles lançaram e foram muito bem falados, mas eu não ouvi esse álbum.

Nós sabemos que você tem trabalhado muito com o King Diamond, mas com tantas bandas voltando a fazer álbuns ou saindo em turnês hoje em dia, você já pensou em fazer algo assim com a Merciful Fate? Você ainda mantem contato com os membros?
KD: Sim, eu falo com eles. Na verdade existe um projeto neste momento com eles, mas infelizmente eu não posso falar nada sobre isso ainda. Eu realmente não estou permitido a dizer. Eles estão incluídos nisso, Andy (LaRoque) também e não é referente a musica, é outra coisa, mas não posso dizer mais nada. Agora dizer que nunca mais uniremos o Mercyful Fate isso é impossível dizer, eu nuca diria não pra isso. Mas se a oportunidade surgir, tem que ser perfeito. Não podemos nos juntar apenas por nos juntar, isso seria desrespeitoso para todos da banda. Eu tenho um incrível respeito pelo Mercyfu Fate e isso seria totalmente desrespeitoso para banda.

Quando foi anunciado a vinda do King Diamond durante o Liberation Festival, muitos fãs da banda não aprovaram a outra banda que foi escolhida para tocar com vocês, na verdade alguns fãs falaram até sobre boicotar ou mesmo atrapalhar o show da banda Heaven Shall Burn. Você ouviu algo a respeito?
KD:
Eu não me envolvo muito nos assuntos referentes a outras bandas quando tocamos em festivais, pra dizer a verdade é difícil isso ocorrer mesmo em nossas turnês, entende? Na verdade já aconteceu nos Estados Unidos onde nós sugerimos uma banda para tocar no mesmo evento que nós tocamos. Mas na verdade são os agentes ou os organizadores dos eventos que vem com as propostas das bandas que tocarão junto. Eu não ouço muitas musicas novas, bandas novas, eu simplesmente não ouço. Eu deveria, mas não faço. Eu tenho uma imensa coleção de CDs dos anos 70, mas eu não sei o que vem acontecendo hoje em dia, mas no pouco tempo livre que tenho ultimamente, o pouco tempo de lazer que tenho, eu gosto de ouvir musicas velhas, como Black Sabbath, Deep Purple, Rush, Genesis. Eu gosto dessas bandas, eu cresci ouvindo essas bandas, tenho boas memórias sobre elas, sabe? E aí se eu ouvisse as bandas novas eu não teria tempo para as antigas, entende? Mas sobre o evento, nós somos uma banda diferente de tudo o que tocam por aí, somos diferentes de todas as outras bandas, então não há uma competição, não há uma comparação, nós sabemos que não haverá outra banda King Diamond no recinto, entende? Nós somos tão diferente de todo o resto, então para nós não existe essa questão de quem toca antes ou depois. Só houve uma vez que nós fomos contra uma banda de tocar antes, apenas uma vez e na verdade não tínhamos nada contra a banda, mas ficamos com medo do que eles iam fazer no palco, que acabaria pondo em risco o nosso material que já estava no palco. Mas eu conheço alguns nomes que vão tocar com a gente, Lamb of God e Carcass, mas eu não conheço o som que eles tocam e sei que eles não tocam a mesma coisa que nós, porque não há nenhuma outra banda que toca a mesmo coisa que nós, entende?

Agora vamos falar de outra lenda, Lemmy Kilmister. Nós sofremos uma grande perda com a sua morte. Você possui alguma boa memoria a respeito dele?
KD:
Eu tenho muitas memorias com o Lemmy, muitas. Lemmy foi o cara que deu ao Mercyful Fate a primeira grande chance. Nós fomos aos Estados Unidos em 1984, após isso, alguns shows na Holanda e outros aqui ou ali, e então fomos pros Estados Unidos para fazer uma tour por nossa conta, havíamos lançado nosso primeiro álbum e eu não sei quantos show havíamos feito por lá, mas acho que estávamos na 2ª ou 3ª semana, mas estávamos indo muito bem e ouviram falar de nós, do que estávamos fazendo por lá. Na verdade éramos nós e o Exciter, e então vieram até nós e disseram se poderíamos tocar com eles, Exciter primeiro, então nós e depois eles. Então ele foi o cara que deu a 1ª grande chance ao Mercyful Fate nos Estados Unidos. Aí depois disso tocamos em vários locais juntos, dentro e fora dos Estados Unidos. A última vez que falei com o Lemmy foi em 2012 em um festival e estavam dizendo que ele não queria falar com ninguém, mas ele gostaria de falar comigo, e ai fui lá e nós conversamos sobre bons tempos no passado. Uma grande pessoa, do jeito que ele sempre foi comigo. E sim, foi sim uma grande perda. Ele fez muito por mim, nós nunca fomos amigos tão próximos, mas fomos sim bons amigos. Então a ele o meu mais profundo respeito.

Após Mikkey Dee terminar a turnê com o Scorpions, existe uma possibilidade dele fazer uma turnê com o King Diamond?
KD:
Então, no momento não há planos para isso, na verdade nós temos um baterista, o nosso baterista base, ele já está conosco há um bom tempo, acho que está conosco desde antes do Abigail 2 e você terá a chance de vê-lo ao vivo, ele é um ótimo baterista, ele pode tocar simplesmente tudo! Ele é perfeccionista nos mínimos detalhes ao vivo. Dee é ótimo, ele é perfeito também, quando tocava conosco e mesmo antes disso, sua filosofia é a mesma que a minha, pensamos muita coisa de forma parecida e até recebo alguns toques dele, do tipo é legal isso, não é legal aquilo, mas não podemos simplesmente chamá-lo para tocar conosco, entende? Não seria certo. Mas sempre estamos em contato com ex-membros da banda e claro que se algo acontecer, nós podemos entrar em contato e perguntar se algum deles pode dar uma mão em um show ou em uma turnê.

Então para finalizar, novamente digo que foi uma grande honra poder falar com uma lenda viva do metal e eu te vejo no show em junho!
KD: Foi uma honra falar com você também e tenho certeza que você nunca se esquecerá desse show. Será incrível.