Quando se fala em death metal polonês, logo vêm à cabeça quatro nomes: Vader, Behemoth, Decapitated e Hate. E essa última banda, formada em 1990, ao longo dos anos foi sofrendo modificações em sua formação e em sua sonoridade, adquirindo identidade própria e, atualmente, pode ser considerada uma referência quando o assunto é death/black metal. Com seis álbuns lançados (sem contar demos e compilações) e prestes a lançar o sétimo petardo, o Hate passou pelo Brasil para uma mini-turnê de divulgação do álbum Erebos, lançado em 2010. Pouco antes de subir ao palco para o último show no país, no Manifesto Bar em São Paulo (SP), o vocalista e guitarrista ATF Sinner gentilmente conversou com o Portal do Inferno, conforme pode ser conferido a seguir.

ATF Sinner

Portal do Inferno: É a segunda vez da banda no Brasil, alguma diferença entre a primeira vez, em 2009, e agora? Existem mais fãs?
ATF Sinner:
Estamos felizes em retornar ao Brasil, primeiro porque sabemos que temos um grande número de fãs e sentimos o apoio proveniente daqui. Sim, temos mais fãs agora, recebemos mais mensagens em nossa página no facebook, e é uma ótima oportunidade estar em um país bonito e exótico.

P.I.: Já provou caipirinha e churrasco? Gostou?
ATF:
Sim, claro! É exótico, diferente. (risos)

P.I.: Você não canta em polonês, tem planos de cantar nesse idioma no futuro?
ATF:
Não, definitivamente, não! Acho que o polonês possui características que fazem com que o idioma não seja muito receptivo em músicas de metal.

P.I.: Inglês funciona melhor…
ATF:
Sim, muito melhor! Também acho mais fácil para eu me expressar em inglês.

P.I.: Você escreve todas as letras?
ATF:
Sim, eu escrevo as letras e inglês se encaixa bem melhor para mim e para a música.

P.I.: E de onde vem a inspiração para escrever as músicas?
ATF:
A inspiração vem de todo lugar. Por exemplo, eu viajo bastante, então a inspiração vem da minha própria observação do mundo ao meu redor, de coisas locais e tudo o mais que for relacionado. É uma combinação de experiências e conhecimento através dos anos e a mensagem contida nas letras não é algo tão óbvio assim, ela pode ser interpretada de diferentes maneiras.

P.I.: E sobre o Erebos?
ATF:
É um álbum bem obscuro e radical. Por exemplo, a música Trinity Moons, provavelmente é a letra mais radical que eu já escrevi na minha vida. Então, se tiverem algum tempo, leiam nas entrelinhas, serão bem-vindos a fazerem isso.

P.I.: Como está o material para o novo álbum?
ATF:
Nós estamos trabalhando nisso já há alguns meses e acho que o álbum está quase todo completo agora, apesar de ainda ter um pouco mais para ser feito. Entraremos em estúdio em junho para as gravações e o álbum deve estar pronto em agosto e ser lançado em novembro.

P.I.: Vão tocar alguma música nova hoje?
ATF:
É muito cedo para isso, o material ainda está sofrendo mudanças e nós estamos trabalhando nos elementos que podem ser modificados de alguma forma; ainda não decidimos qual jeito será o definitivo então estamos testando as diferentes sonoridades. Mas vocês terão um ótimo show hoje!

ATF Sinner - Regina Toma

P.I.: Qual a importância do corpse paint e das roupas utilizadas nos shows?
ATF:
É bem importante, o corpse paint é mais para a gente do que para o público. É como um ritual para que nós possamos ser outras pessoas…

P.I.: Como se fossem personagens no palco…
ATF:
É, isso faz com que você se concentre no que vai fazer dentro de alguns minutos… É importante para nós, para estarmos no palco, é como se fossemos outras pessoas em algum outro lugar; se é um bom show, às vezes sentimos dessa forma. Sem o corpse paint, sem as roupas, e toda aquela atmosfera, a concentração… com certeza não seria a mesma coisa.

P.I.: Como é a relação do Hate com as outras bandas da Polônia, como o Behemoth e o Vader?
ATF:
Somos amigos de todas essas bandas há muito tempo. Lembro de quando o Behemoth tocava com o Hate, na Polônia; naquela época tocavam um black metal muito ruim (risos gerais). Conheço o Nergal há bastante tempo, e também o Vader e o Decapitated. Temos observado uns aos outros ao longo dos anos, é uma amizade e uma competição.

P.I.: Uma competição saudável!
ATF:
Espero que sim!

P.I.: Vocês têm planos de tocarem juntos?
ATF:
Sim, claro, mas não é fácil… Não é nem entre as bandas, mas entre os produtores. Não é fácil organizar um show com Behemoth, Vader, Hate e Decapitated, é algo quase impossível. Mas poderia acontecer se parássemos de nos considerar “concorrentes”, entende?

Algumas semanas atrás houve um show na Polônia, era o aniversário de 666 anos de uma cidade lá (Nota: Bydgoszcz, 10 de março de 2012), e Behemoth, Vader e Decapitated tocaram juntos. Então… há uma possibilidade!

P.I.: Conhece alguma banda brasileira?
ATF:
Obviamente conhecemos bem o Sepultura, fizemos uma turnê com eles pelos E.U.A. e Canadá não faz tanto tempo assim, e também o Krisiun. Eu pessoalmente lembro do Sarcófago, antiga banda brasileira. Acho que minha melhor experiência foi com o Krisiun, é uma banda incrível, os caras têm ótimas personalidades. Fizemos uma turnê com eles na Polônia há uns anos e eu realmente fiquei impressionado com a atitude deles, com o jeito com que eles tratam o que fazem, a consideração que têm com a música.

Evandro Camellini - ATF Sinner - Regina Toma

P.I.: Poderia deixar uma mensagem para os leitores do Portal do Inferno?
ATF:
Muito obrigado pela entrevista, e continuem apoiando música extrema e bandas extremas da Polônia, como o Hate.

Escrito por

Redação

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