Por: (Arte Metal)

Os mineiros do Uganga comemoram 20 anos de atividades ininterruptas em 2017. Mas, de fato a banda tem mais que isso, pois seu embrião surgiu em 1993. Porém, o mais importante é comemorar uma carreira consolidada, com álbuns bem sucedidos, além de turnês por todo o Brasil e exterior. Frutos do trabalho árduo que seu líder Manu Henriques (vocal, ex-Sarcófago) comenta na entrevista a seguir. Vale-lembrar que a banda é completada por: Christian, Thiago e Murcego (guitarras), Ras (baixo) e Marco (bateria).

Uganga

O Uganga está desde o início da década de 90 na estrada, mais precisamente 1993. Porém, há 20 anos a banda engrenou no cenário. Passou rápido? Qual resumo vocês fariam dessas duas décadas?
Manu “Joker” Henriques:
Cara a impressão é que foi ontem! É muito louco como tanta coisa rolou nesses 23 anos de estrada com o Uganga, foi e continua sendo insano! Eu diria que foram duas décadas de muito plantio, mas também de muita colheita, e creio que temos muito mais a colher ainda. Assim espero e para isso trabalhamos.

E qual foi o melhor momento da banda e também o mais complicado durante todos esses anos?
Manu:
Sinceramente acho que o melhor momento é hoje. Estamos numa fase muito inspirada, temos uma unidade muito forte e soamos cada vez melhores ao vivo. Temos um álbum no forno que será um marco na nossa carreira e muita coisa pela frente. O pior momento deve ter sido por volta de 2000, quando a banda estava se esfacelando. Porém me lembro dessa fase como um momento de transição para onde estamos hoje… Não vejo como algo negativo, a jornada tem sido legal.

Para comemorar essas duas décadas de banda vocês lançarão o DVD Manifesto Cerrado. Qual a sensação de poder estar lançando o primeiro trabalho neste formato, principalmente para você Manu, que há mais de trinta anos está na cena?
Manu:
Estamos muito satisfeitos com o material que é composto por um longa metragem que dá uma geral na nossa trajetória, porém com um foco maior no período pré Opressor até os dias de hoje. Muita coisa aconteceu com a banda e o Eddie (Shumway – Diretor) fez um trabalho incrível captando vários desses momentos. A segunda parte do DVD é um show gravado em 2014 aqui na zona rural de Araguari/MG, no prédio da Estação Srevenson, construído nos anos 20. Fizemos um set com alguns convidados, tocamos para umas 100 pessoas, somente amigos próximos, familiares, nossa crew etc… Foi uma noite muito especial. A Sapólio Rádio , nosso selo, vai lançar primeiro na net no final de fevereiro em dois momentos, primeiro o show depois o longa. E lá pro final de março lançará 500 cópias numeradas a mão com pôster e uma embalagem foda. Quem quiser gastar um pouco com o Uganga terá um material que vale o investimento, quem quiser só curtir em breve estará na rede.

E como foi produzir o DVD, a gravação, a ideia de gravar a apresentação em circulo, com o público em volta, enfim… Como foi todo o processo?
Manu:
Foi um processo trabalhoso, mas prazeroso também. Foi olhar para dentro da banda. Talvez tocar em círculo represente isso… Aquele foi um momento de dúvidas, incertezas e até certo ponto distanciamento e essa apresentação ao meu ver fortaleceu a chama novamente. Já compilar o material do longa foi um trabalho insano e nessa parte pude colaborar bastante com o Eddie. A capa foi feita pelo Marco (bateria – irmão do Manu) e agora é colocar esse material na rua!

O DVD contou com a ajuda do projeto de incentivo à cultura da prefeitura municipal de Araguari/MG, certo? Como se deu essa oportunidade?
Manu:
Nós estamos sempre ligados nos editais, sejam estaduais ou municipais, procuramos nos informar bem sobre tudo cumprindo todas as etapas, documentação etc… Também temos uma história muito bem registrada e creio que isso deixe nítido pra quem analisa os projetos que não somos uma banda que se formou pra tentar levantar verba pública. Estamos nessa por amor a arte e faz tempo.

Como vocês vêem essa forma de incentivo à cultura que, por incrível que pareça, sofre certas críticas da população principalmente por algumas delas serem mal geridas, mas também por um pouco de falta de informação a respeito?
Manu:
Acho que num país como o nosso, onde a música passou a ser secundária e se valoriza mais a coreografia, onde cada vez mais se padroniza uma forma de artista e de público em detrimento de originalidade e onde o descartável impera , é muito importante que existam fundos de cultura. Porém é importante que se aplique certo em quem merece. Creio que nas vezes que fomos contemplados fomos julgados merecedores.

Voltando ao Uganga, a banda sempre baseou suas letras na realidade, desde protestos, até letras incentivadoras e focadas nos problemas sociais. Acredito que neste sentido o campo atual de temas está bem prolífico (risos). Fale-nos da importância da letra para o Uganga, além de sua música?
Manu:
Realmente motivos para ficar puto não faltam, mas não uso as letras só para reclamar ou atacar, uso também para refletir buscando soluções que acho válidas. Buscando uma reflexão positivas sobre a vida e tudo o que ela traz. No Uganga as letras são tão importantes quanto à música e parte da nossa identidade.

Uganga

Agora falando da música em si, com o tempo vocês construíram uma sonoridade própria que soou definitiva em Opressor (2014). Como é buscar a própria identidade dentro do Rock/Metal sendo que além de um estilo duradouro, a música pesada praticamente foi explorada de todas as formas?
Manu:
Eu diria que do Vol.03 Caos Carma Conceito (2010) pra frente, a banda se encontrou musicalmente e agora segue evoluindo. Antes disso, na minha opinião, fizemos muitas coisas legais mas ainda faltava essa identidade musical mais definida. Temos influências muito variadas, todos compõem e leva certo tempo para que equilibrar as coisas. No Opressor fomos além em todos os quesitos e no próximo álbum essa evolução continuará.

Mesmo no underground, o Uganga conquistou certo prestígio e em momento algum a banda viveu à sombra do Sarcófago, ex-banda da Manu. É impossível não mencionar isso, quando nos falamos (risos), mas impressiona como a banda conseguiu de uma forma diferente criar seu público e consolidar seu trabalho, mesmo que no submundo da música. Gostaria que falasse um pouco a respeito disso.
Manu:
Acho normal vez ou outra as pessoas relacionarem as duas bandas por eu tocar ou ter tocado em ambas, porém são dois universos muito diferentes. O Sarcófago e uma banda cultuada no mundo todo, enquanto o Uganga está na batalha para conseguir seu espaço e ficamos muito orgulhosos em conquistar esse espaço por méritos  próprios e não vivendo de passado como alguns por ai. 

Cinco álbuns lançados, um DVD por vir, turnês pelo exterior e uma carreira estável. O que falta para o Uganga nos próximos 20 anos?
Manu:
Finalizamos uma tour incrível em dezembro do ano passado, tocamos com Exodus, Coroner, em festivais importantes, fomos pro sul e pro nordeste e tivemos o Opressor lançado na Europa. Estamos com um DVD saindo do forno , em plena pré produção de um álbum que soa matador e com muita energia para ir bem além. Na verdade eu sinto que é só o começo. Parece que foi ontem (risos).

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Escrito por

Vitor Franceschini

Jornalista graduado, editor do Blog Arte Metal.