Por: Rodrigo Alves

Dia feio, domingo chuvoso, céu cinza, aquela típica tarde urbana de Sāo Paulo que a gente só quer um chocolate quente e ficar debaixo das cobertas; Nāo dessa vez! O domingo do dia 25 de maio foi dia de death metal no Carioca Club, onde Deicide e Children of Bodom desfilaram seus clássicos ferozmente. Se lá fora tinha uma garoa chata, lá dentro choveu tijolo.

Pontualmente às 19 h, abriram-se as cortinas e lá estava o Deicide. Glen Benton não falou “oi”, não falou “boa noite”, não falou “We Are Deicide”, não falou nada. Já chegaram dando porrada: foi algo como “toma Homage for Satan, “toma Dead by Dawn – meio desconfigurada -, “toma Once Upon the Cross. Pronto, já estava garantido todo mundo com o pescoço duro e com os hematomas das rodas que abriram.

Deicide (foto: Henriique Oliveira)

Apenas depois dessa sequência, Glen se dirigiu à plateia e, logo,já chamou In the Minds of Evil, seguida de Thou Begone; dois segundos de pausa e a maravilhosa When Satan Rules His World foi executada. Calma! Respira, você vai sobreviver. O clímax do show chegou com uma dobradinha além da imaginaçāo, aliás foi uma dobradinha de dobradinhas com uma música no meio! Confuso né? Ok, deixa eu tentar explicar.

A primeira dobradinha foi Serpents of the Light e They are the Children of the Underworld, ambas da fase Hoffman (Eric e Brian) de álbuns de 1997 e 1995, respectivamente. A primeira dessas é facilmente mais requintada, tanto pelo solo quanto pelo riff, já a segunda é mais pedreiragem mesmo, porém é linda e com um refrāo incrível. A evoluçāo inversa dessa dobradinha é de emocionar. Logo depois veio Conviction, do álbum To Hell With God, de 2011, que contava com o guitarrista Ralph Santolla – que é, de longe, muito “limpinho” para o estilo do Deicide, porém, sua fase foi muito mais engenhosa que a dos Hoffman, e traz contraste dos solos limpinhos e cheios de nitidez com os riffs carrancudos, secos e empapados na areia. Entāo, vem mais uma dobradinha: Dead But Dreaming e Trifixion, ambas do álbum Legion de 1992, ou seja: PODREIRA! A roda explodiu no meio do Carioca.

Deicide (foto: Henriique Oliveira)

Essas cinco músicas com esse “bumerangue” cronológico foi um atestado de que o estilo de death metal do Deicide é atemporal. Nessa parte do show foi dito “nāo interessa a época, somos incríveis”. Músicas cruas, semi-cruas e ao ponto! Tudo de uma vez, com a experiência e a fluidez adquirida de mais de 25 anos de estrada. E assim foi assim até o final com Lunatics of God’s Creation, uma majestosa escolha para encerrar.

Mas calma, ainda havia o Children of Bodom, banda que a maioria estava ali para ver.

Depois de uns 20 minutos de pausa para pegar um fôlego, os finlandeses se posicionaram no palco, abrindo o setlist com Sixpounder, do álbum Hate Crew Deathroll de 2003. Apesar dessa música nāo ser a melhor escolha para começar o show, ela tem um refrāo muito bom e que foi entoado com empolgação pela grande maioria da galera. Além disso, Alexi Laiho é um frontman excepcional com um vocal ímpar, de dar inveja!

Children of Bodom (foto: Henriique Oliveira)

Logo após veio a Living Dead Beat, que só na introdução do teclado já foi o suficiente para criar uma roda, tímida, mas foi uma roda. Aliás essa música tem uma linha vocal que impressiona. Depois, Bodom Beach Terror foi mais uma para a galera cantar junto, e vale destacar o solo espetacular dessa música!

A noite seguiu com duas do mais novo CD, Halo of Blood, a faixa-título e Scream for Silence, e, depois, a clássica Hate Crew Deathroll, do álbum homônimo; agora sim, o público perdeu a timidez e bateu cabeça com vontade; depois dessa sequência, eu comecei a entender o porquê da primeira música ser Sixpounder: foi um show em que nós começamos cantando junto e batendo palma mas terminamos com hematomas!

Children of Bodom (foto: Henriique Oliveira)

A apresentação foi evoluindo gradativamente, tanto que no bis, eles voltaram com In your face, que é uma solada na orelha. Até chegar nessa música eles passaram por Are You Dead Yet?, Hate Me, Blooddrunk e Downfall, todas tocadas com muita energia e profissionalismo. Alexi Laiho conversou com os fãs entre uma música e outra, mas bem pouco; ele quis parecer à vontade, mas não deu um único sorriso no show inteiro. Mas quem liga pra isso? O cara solou incrivelmente, cantou demais e agitou muito o público.

Na falta de um sorriso de Alexi, todo mundo que assistiu a esses shows saiu do Carioca com um sorriso no rosto, feliz por ter presenciado essa reunião de duas grandes bandas em uma noite que valeu – e muito – à pena.

Clique aqui e confira todas as fotos desse show!

Setlist Deicide:
Homage for Satan
Dead by Dawn
Once up Cross
In the Minds of Evil
Thou Begone
When Satan Rules His World
Serpents of The Light
We are the Children of the Underworld
Conviction
Dead but Dreaming
Trifixion
Beyond Salvation
End the Wrath of God
Kill the Christian
Sacrificial Suicide
Lunatics of God’s Creation

Setlist Children of Bodom:
Sixpounder
Living Dead Beat
Bodom Beach Terror
Halo of Blood
Scream for Silence
Hate Crew Deathroll
Lake Bodom
Follow the Reaper
Are You Dead Yet?
Dead Man’s Hand on You
Blooddrunk
Angels Don’t Kill
Towards Dead End
Hate Me!
Downfall

Bis:
In Your Face

Escrito por

Redação

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