Existem bandas que mesmo não sendo queridas pela mídia seguem ao longo dos anos apresentando belos trabalhos e mantendo um público fiel. É o caso dos ingleses do Marillion, cuja fidelidade dos fãs já os ajudou a financiar a produção e lançamento de CDs. E os fãs brasileiros provaram seu carinho pela banda dirigindo-se ao HSBC Brasil, em São Paulo, enfrentando as diversas adversidades típicas de uma sexta-feira véspera de feriado e com chuva na capital paulista.

Com 20 minutos de atraso, tempo que ajudou muitos a chegarem na casa sem perder o início do show, a banda entou no palco aos poucos, com exceção do vocalista Steve Hogath, que surgiu no camarote da casa cantando a primeira faixa da noite, Splintering Heart, até o momento do solo, quando voltou para o palco. Na banda há 23 anos, o músico foi o destaque da apresentação por sua performance e interpretação impressionantes, além da interação com grande carisma com todos da plateia.

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Apesar da turnê ser para promover o mais recente lançamento da banda, o CD Sounds That Can’t Be Made, o setlist não foi tão concentrado nas novidades. Uma escolha acertada, considerando que a última passagem do grupo por aqui foi em 1997 e que muitos álbuns foram lançados nesse período. You’re Gone, single que garantiu o retorno da banda às paradas britânicas, surgiu logo no começo da apresentação.

Alguns pequenos problemas técnicos aconteceram, como durante a música The Sky Above The Rain, quando o baixo de Pete Trewavas deixou de funcionar, obrigando-o a trocar de instrumento. Mas o carisma e bom humor dos músicos permitiu que outro breve problema fosse contornado facilmente: na introdução de Kayleigh, a guitarra de Steve Rothery falhou e, ao ver isso, Hogarth começou a improvisar uma letra sobre o problema técnico, enquanto Rothery ajeitava o equipamento. Esse foi um dos belos momentos da noite, já que tal canção é a mais conhecida da banda e um dos grandes clássicos da década de 1980.

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Hogarth foi um show à parte. Em The Invisible Man, logo após a pausa para o bis, ele retornou ao palco com óculos e uma bengala no início e se entregou à música entre gestos e trejeitos em uma belíssima interpretação. Tal fato é facilitado pela banda extremamente entrosada, que mesmo não correndo o palco como é de costume ver, impressiona pela sua técnica. O feeling de Rothery em seus solos demonstra que o sentimento na hora de escolher as notas é muitas vezes superior ao fato de despejar milhões de notas em um segundo.

Sugar Mice, cantada em coro pelo público e com Hogarth carregando uma bandeira brasileira jogada ao palco, encerrou a noite após duas horas de show. Muitos ainda esperaram, pois o setlist divulgado ainda contava com This Strange Engine que, por fim, acabou cortada da apresentação devido ao horário e atraso no início. Mesmo assim, o Marillion fez uma apresentação impecável e digna das melhores do ano. E entre os elogios de todos os presentes, fica também a esperança que não demore outros 15 anos para que a banda retorne ao nosso País.

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Setlist Marillion:

Splintering Heart
Slainthe Mhath
You’re Gone
Sounds That Can’t be Made
Beautiful
Power
Fantastic Place
Kayleigh
The Sky Above The Rain
Real Tears For Sale
Afraid Of Sunlight
Neverland

Bis:

The Invisible Man
Sugar Mice 

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