O System of a Down (ou SOAD, como comumente é chamado) é uma banda emblemática. Uma das mais impossíveis de se rotular, devido a quase bizarrice que se pode ouvir em suas músicas; ao estilo “enlouquecido” que seus integrantes sempre demonstraram nas músicas e em vídeos; e até na forma de conduzir sua carreira, já que resolveram desintegrar a banda no auge, poucos anos após seu surgimento, assim como anunciaram sua volta quase sem alarido algum. Apenas isso já bastaria para transformar o SOAD numa banda emblemática. Mas no meio disso tudo encontramos outros itens que levam para o lado positivo todo o citado acima. A bizarrice se transforma em originalidade, pois funciona de forma impressionante. E estilo enlouquecido dos músicos compõe de forma perfeita a interação com o que se ouve. E a volta aos palcos apenas gerou uma coisa: comoção entre os fãs na esperança de poder vê-los. E, com o anúncio da vinda da banda para o Rock In Rio, e posteriormente para esse show em São Paulo, a recepção a isso culminou em duas multidões deslocadas em dois dias para poder vê-los.

System of a DownMinha primeira sensação ao chegar nas imediações da Chácara do Jockey foi de nunca, em mais de 16 anos frequentando shows, ter visto uma massa como aquela. As filas pareciam intermináveis, mesmo algumas horas depois da abertura dos portões. Talvez pelo fato da originalidade das músicas ser tão singular, e com isso acabar arrebanhando fãs de variadas vertentes, aquele público soava tão grande e interminável. A apenas meia hora do início do show, ainda havia fila para a entrada do público. E aqui eu posso dizer que houve uma pequena falha na organização, já que não era tão fácil encontrar os portões que davam acesso as áreas específicas. A sinalização dos mesmos era nítida, mas apenas quando você chegava em frente a elas. Os responsáveis pela indicação dos caminhos eram muito poucos, e não tão fáceis de serem encontrados no meio da multidão. O local não é de fácil acesso, o que reforçou essa falha. Mas nada que tenha atrapalhado o andamento da festa.

Por volta de 20h15 a banda de abertura subiu ao palco. E a escolhida para esquentar o público, que definitivamente não precisava de aquecimento, foi a Macaco Bong (formada por Bruno Kayapy – guitarra; Ynaiã Benthroldo – bateria; Ney Hugo – baixo), banda de Cuiabá, que faz um som instrumental de muita qualidade. Ao saber da escolha, soou-me estranha. Uma banda instrumental para abrir um show me soou, no primeiro momento, um tiro no pé. Mas a verdade é que os garotos fazem um som de qualidade, que consegue prender a atenção do público, que inclusive recepcionou de forma positiva a banda, aplaudindo e incentivando-os todo o tempo de seu set de 45 minutos. Ponto positivo para todos.

System of a DownPontualmente as 21h30 saímos da área de imprensa para a frente do palco. Ao chegar lá, a primeira coisa que chamou muito a atenção foi um enorme pano branco, com o nome da banda escrito ao centro, estendido em toda a frente do palco, de forma a cobri-lo por completo. Aquilo nitidamente fez crescer a ansiedade de quem estava ali esperando a tantos anos para ver a banda. E, ainda por trás da cortina, já se pôde ouvir os primeiros acordes do show, o suficiente para fazer explodir a massa que nesse momento estava atrás de mim. Mais alguns segundos o pano caía, e então Prison Song saudava os fãs brasileiros. O SOAD finalmente estava se apresentando em nossas terras! E, o que se viu após aquilo foi algo poucas vezes visto. Por quase duas horas, o SOAD brindou o público com 28 músicas, executadas praticamente “na tacada”, sem pausas, sem deixar o público respirar! Ok, talvez essa forma seqüencial de realizar o show seja para “tapar” uma certa apatia dos músicos. Para quem havia se acostumado com aquelas performances apoteóticas, insanas e enlouquecidas do início da década passada, foi muito estranho vê-los praticamente parados como estavam. Serj (Tankian – vocal), trajando uma roupa que gerou comentários do tipo “veio direto do escritório para cá” teve uma performance praticamente apática. Que fique claro que isso não influenciou em nada em seu vocal, que continua o mesmo. Shavo (Odadjian – baixo) limitou-se a ficar em seu lugar indo para o fundo do palco e de volta para frente em 90% do tempo. Também com uma performance muito mais contida. John (Dolmayan – bateria) continua um relógio, firme e preciso. E o destaque talvez caiba a Daron (Malakian – vocal e guitarra) que, mesmo muito menos ensandecido que outrora, ainda consegue ser o que se movimenta mais, tem uma performance divertida e contribui muito com os vocais, inclusive assumindo os vocais principais em algumas músicas, como por exemplo Lonely Day. A pausa na carreira parece ter trazido maturidade a banda, contendo seus passados exageros, porém em nada influenciando o desenvolvimento do show. E o que se viu pelas duas horas em que a banda permaneceu no palco foi uma série de clássicos sendo executados (B.Y.O.B., Aerials, Toxicity, por exemplo), músicas de todos os álbuns, e um público simplesmente enlouquecido, que não parou de agitar uma música que fosse. A energia trocada entre público e banda foi intensa durante todo o tempo, o que acabou formando um quadro perfeito para a noite.

System of a Down

Ao final do show, podia-se ver muita alegria na expressão das pessoas. A espera pareceu ser coroada, da forma com que todos esperavam. Eu, particularmente, voltei para casa todo dolorido, o que indica que o show foi realmente intenso e muito bom! Claro que a performance fria servirá de combustível para todos aqueles que não gostam da banda, mas adoram detonar a mesma. Mas, diante de tudo o que foi visto e sentido por aquela multidão quase sem fim que esteve ali, o que isso realmente importa? SOAD veio, fez, e marcou. E isso é fato!

Setlist:

Prison Song
Soldier Side – Intro
B.Y.O.B.
Revenga
Needles
Deer Dance
Radio/Video
Hypnotize
Question!
Suggestions
Psycho
Chop Suey!
Lonely Day
Bounce
Kill Rock ‘n Roll
Lost in Hollywood
Forest
Science
Mind
Innervision
Holy Mountains
Aerials
Vicinity of Obscenity
Tentative
Cigaro
Suite-Pee
War?
Toxicity
Sugar

Escrito por

Redação

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