Em entrevista exclusiva ao Portal do Inferno, Sarah fala sobre o seu passado como vocalista, as dificuldades de apostar em algo completamente novo com poucos recursos e os planos para o futuro.
Portal do Inferno: Olá, Sarah! Primeiramente, gostaria de agradecê-la por esta entrevista. Nós notamos uma mudança na sonoridade do seu primeiro álbum A Sign of Sublime para o segundo The Corruption of Mercy. O primeiro é mais orquestrado, enquanto o segundo é um pouco mais pesado. Por que houve essa mudança?
Sarah Jezebel Deva: Estou feliz por você dizer que A Sign of Sublime foi uma grande decepção e eu sinto muito, não é o que eu queria. Nunca deveria ter sido como foi e eu queria que não tivesse acontecido. Dan Abela, que agora toca guitarra e compõe comigo e proprietário do Legacy London Studio’s, foi contratado para mixar e masterizar e tentou salvar o álbum. Mas o cara que o gravou (do estúdio Rising Rec) simplesmente arruinou tudo. A mixagem ficou ruim! As faixas orquestradas até que saíram bem, mas o resto, bem, é terrível. Os arquivos passaram por muitas edições, outros foram perdidos e não havia nada que eu ou Dan pudéssemos fazer para salvar a tempo do lançamento. O que deveria ter sido um grande começo para mim como vocalista, não saiu tão bem assim. The Corruption of Mercy foi escrito por mim e pelo Dan. Nosso baixista, Ablaz, também compôs uma faixa para esse álbum, A Matter of Convenience, e também o Luke, vocalista do The Dead Lay Waiting, compôs a Pretty With Effects. Cada um acrescentou um pouco de seus toques pessoais, mas a maioria das faixas foi escrita por Dan e por mim. A razão por esse álbum ter ficado tão bom é porque foi gravado pelo Dan, um profissional (risos), em seu estúdio. Trabalhamos duro e espero que dê para notar isso no resultado. Eu acho que The Corruption… é muito mais direcionado. Eu gosto de metal extremo, mais do que qualquer outro estilo, e queria ser eu mesma. Dan e eu temos mais ou menos o mesmo gosto musical, então, trabalhamos muito bem juntos e somos grandes amigos, como irmãos… sabemos o que queremos e do que nossa música precisa para se destacar. Nós não queremos ser ou soar como qualquer outra banda com uma mulher no vocal, estamos apenas tentando ser verdadeiros, entende? :)
P.I.: The Corruption of Mercy recebeu excelentes críticas quando foi lançado. Você atribui essa boa aceitação à mudança de estilo?
Sarah: Oh, obrigada! Eu tento não ler críticas, porque é uma visão pessoal e eu quero que as pessoas que gostam e as que odeiam tenham a chance de ter suas opiniões. Quando A Sign… foi lançado, eu não precisava ler o quão ruim era (risos), eu já sabia. Mas The Corruption…, nós o amamos, estávamos orgulhosos e não importava o que a imprensa pensaria a respeito. O que importava era o que achamos, o que nossos fãs achariam… faz algum sentido? Talvez sim, eu estava melhor direcionada, o som ficou muito melhor; ter mais controle e não editar muito ou perder arquivos ajudou muito ;) . The Corruption… deveria ter sido meu primeiro álbum. Eu gostaria que fosse.
P.I.: Ainda falando sobre o The Corruption, a arte da capa é um tanto quanto chocante. Quem teve a ideia para a capa? Você também opina na parte gráfica dos seus álbuns?
Sarah: Embora a banda leve o meu nome, e agora eu gostaria que não levasse, somos um grupo completo. Tivemos alguns problemas de formação, mas estamos chegando lá. Por ter começado como a minha banda, meu projeto pessoal, sim, eu fiz todas as escolhas, mas simplesmente porque eu precisava fazer. Agora, quero que as pessoas contribuam, trabalhem junto. Eu dedico de quatro a cinco horas por dia à banda e é desgastante, mas vai compensar, eu espero. Normalmente, eu escolho todo o direcionamento da arte e as imagens têm que combinar com o conteúdo musical. Eu quero estimular as pessoas a pensar. Quero que as pessoas leiam as letras, vejam as imagens e pensem como cada ação tem uma consequência. O que vai, um dia volta. Sim, a imagem é chocante, mas NÃO é pornográfica. Eu sei que no momento em que as pessoas veem pele, seios ou seja lá o que for, elas pensam em pornografia, mas é muito mais profundo que isso. É a imagem de Mercy, uma jovem que passou por decepções, ignorada pelos pais. Ela é negligenciada, forçada a amadurecer sozinha e as únicas coisas que a estão criando são a TV, a internet, as revistas, as ruas. Ela é uma pessoa que não tem amor, abusada e a única maneira que ela sente que pode conseguir amor é se vender por sexo. Ela teve a ideia errada e seus pais estão tão ocupados com suas próprias vidas que não ligam para a de Mercy. A capa e as canções são sobre como a sociedade está falhando com as crianças. Eu olho por aí e vejo crianças de uns quatro anos nas ruas e isso é errado. As crianças deveriam estar a salvo, amadas e felizes.
P.I.: Você já trabalhou com grandes nomes da cena heavy metal, como Dani Filth (Cradle of Filth), Christofer Johnsson (Therion) e The Kovenant. Você pretende, algum dia, convidar esses músicos para participações especiais nos seus álbuns?
Sarah: Bom, acabamos de lançar Malediction, um EP de três faixas, então, por favor, comprem! Gravamos esse EP por diversas razões: para os fãs, para promover a turnê e esperar que os promotores acordem… infelizmente, os promotores demoram para acordar e se eles não enxergam dinheiro em nós, bem, eles não nos querem, e eu aqui pensando em fazer música simplesmente  por fazer música, huh ;) . Enfim, a maior parte de When It Catches Up With You foi escrita por Ablaz, mas Martin Powell (ex- Cradle of Filth, My Dying Bride, Anathema) cuidou da orquestra nas três faixas. Lies Define Us tem a participação do querido Bjorn Strid, do Soilwork. Ele foi incrível, eu amo a voz dele e Dan é um grande fã de Soilwork. Por fim, This Is My Course tem a participação do Dani Filth. Eu sei que muitos dirão como cantamos bem juntos e ele fez um grande trabalho nessa música. É baseada na nojenta indústria das peles de animais. Então, aí está a sua resposta. Planejamos, em algum momento, gravar um clipe para This Is My Course e queremos a participação do Dani, e ele também quer. Mas é uma questão de grana, a qual não temos. Talvez eu venda algumas partes do corpo do meu baixista para gravar o clipe ;)
P.I.: Algumas pessoas dizem que o Dani e o Christofer são pessoas difíceis de trabalhar. É verdade? Como é o relacionamento de vocês?
Sarah: Posso dizer “sem comentários”? Não posso ser tão honesta quanto eu queria, mas, bem, Christofer era bem rígido com as suas vocalistas e banda e, quando eu era mais nova, simplesmente odiava isso. Eu sentia algo sexista rolando, como uma regra para as mulheres, outra para os homens. Mas, anos mais tarde, eu percebi que Christofer estava certo: toda aquela bebedeira, cigarros e noites sem dormir não eram boas para as sopranos :) . Sinto falta dele, sinto falta do que o Therion costumava ser, da antiga formação, mas o agradeço por tudo o que tentou fazer e pela ajuda que me deu. Não posso dizer que é uma pessoa difícil, diria que ele é justo e muito profissional, mas, talvez, um pouco estranho às vezes (risos).
Já o Dani, bem, as pessoas costumam pensar que sempre que algo acontece de errado no CoF, a culpa é dele! Não, não o tempo todo. Ninguém é perfeito e todos nos cansamos de ouvir como Dani é um Deus. Nenhum de nós é, somos todos humanos, cometemos erros, não vivemos em cavernas e nem temos toneladas de dinheiro. Somos julgados por tudo e, às vezes, fazemos más escolhas. Dani é um homem de negócios, simples. Ele fez coisas que me magoaram, mas isso aconteceu porque ele era como um irmão. Tivemos algumas brigas, mas ele estava lá por mim quando precisei, assim como estava lá por ele. Muitas coisas aconteceram no CoF, por isso tantas mudanças na formação, mas o Dani NÃO é o cuzão que as pessoas dizem, nem o Deus que as pessoas pensam. Ele não é o CoF. O Cof é feito por cinco pessoas e todas trabalham tanto quanto as próximas que se juntarão à banda. Os fãs precisam entender que cada músico é valioso e, que para quantidade de elogios que ele recebe, há também um monte de porcaria e ódio em relação a ele. Eu posso julgá-lo porque o conheço. Não conversamos por quase quatro anos. Não argumentamos, mas as coisas entre nós não estavam boas. Eu sentia falta dele, mas não sentia falta de fazer parte do CoF. Mas, neste ano, Dani me mandou um e-mail me convidando para cantar em Midnight In The Labyrinth e eu respondi “Espera aí, precisamos ter uma longa conversa antes, porque temos muitas coisas para resolver”, então nos falamos por telefone e, vejo as coisas de outra forma agora que tenho minha própria banda. Mais do que nunca, vejo as coisas como ele vê e, de novo, não estou falando que ele é demais, mas também ninguém tem o direito de julgá-lo sem conhecimento. Ele não é a pessoa mais fácil para trabalhar, mas SOMENTE porque ele sabe o que quer e é exigente ;) Senti falta dele… um pouco… ;)
P.I.: Como foi trabalhar com eles e de que forma isso contribuiu para a sua carreira solo?
Sarah: Para ser bem honesta, não me ajudou. Isso me segurou muito e eu me contive também. Tentei fazer minhas próprias coisas quando formei o Angtoria, com Chris Rehn, fizemos um belo álbum, mas “alguém” me disse que eu não poderia fazer isso sozinha, então, continuei como vocalista de apoio. Nunca acreditei em mim mesma, de fato, foram os fãs que me ajudaram muito, que me apoiaram. Quando eu saí do CoF, em 2008, e mudei para a Austrália, foi quando eu soube que DEVERIA me tornar uma líder e viver por MIM, fazer algo por MIM! Eu sempre estava satisfazendo as vontades de outras pessoas e colocando o dinheiro em seus bolsos. Tenho que te dizer, não tenho muito a mostrar dos 35 álbuns que já fiz. Sim, tenho orgulho deles, mas não tenho dinheiro, não tenho casa, não tenho um carro chique, mas tudo bem, eu ainda sou feliz e, agora, muito mais ainda em saber que finalmente sou uma front woman.
P.I.: Li em uma de duas entrevistas que as músicas No Paragon of  Virtue e The World Won’t Hold Your Hand têm significados especiais para você. Por quê?
Sarah: Para ser sincera, cada canção é especial, toda música tem seu significado. Não posso escrever sobre coisas que eu não conheço. Então, não apenas essas músicas, mas todas têm uma mensagem. Não posso escrever sobre coisas alegres, me desculpe (risos), já tentei antes, mas não ficaram legais ;)
P.I.: Você já tem planos para o terceiro álbum?
Sarah: Agora que terminamos o Malediction, que eu espero que as pessoas gostem, sim, estamos planejando o terceiro álbum. Já tenho sete faixas, o título e a capa escolhidas. Sem imagem chocantes ou seios ;). As pessoas perguntam por que lançamos o Malediction menos de um ano depois de The Corruption…, e a verdade é que amamos música, queremos e precisamos fazer shows e não podemos permitir que as pessoas nos esqueçam. Queremos que as pessoas amem o que fazemos e falem sobre nós, bem ou mal! A cena, não importa em qual estágio, muda muito rápido e a vida passa rápido, então, espero que o terceiro álbum saia no ano que vem.
P.I.: De onde vem a sua fonte de inspiração para compor?
Sarah: Vida, pessoas, situações ruins, assuntos que as pessoas não querem ter conhecimento ou se fingem de cegas. Não consigo escrever sobre dragões, vampiros e borboletas, embora eu ame borboletas. ;)
P.I.: Você pretende tocar no Brasil? Tem algum contato com os seus fãs brasileiros?
Sarah: Nós realmente esperamos tocar aí. Precisamos que um promotor acredite na gente, então, pedimos aos fãs que entrem em contato com festivais e produtoras e nos levem para o Brasil. Precisamos tocar aí, sinto muita falta desse lugar!
P.I.: Muito obrigada pela sua entrevista, agradeço muito a sua atenção e sinta-se à vontade para deixar uma mensagem para os seus fãs e leitores do Portal do Inferno.
Sarah: Ficamos muito felizes por você querer nos entrevistar, eu é que agradeço! Esperamos vê-los antes que eu faça 50 anos! (risos). Tenho 35 anos agora, então, vocês têm bastante tempo de levar a minha banda ao Brasil. ;)

Sarah Jezebel Deva tem um currículo invejável no metal. Já trabalhou com bandas como Therion, Mortiis, The Kovenant e, por 12 anos com o Cradle of Filth. Gravou 35 álbuns, deixando sua marca como vocalista de apoio para esses grandes nomes. Desde 2010 em carreira solo, com a banda que leva seu nome, Sarah batalha para, finalmente, conseguir seu próprio lugar como líder e tem a oportunidade imprimir a sua personalidade sombria em suas canções, se esforçando, também, para transmitir mensagens sociais aos seus fãs.

Em entrevista exclusiva ao Portal do Inferno, Sarah fala sobre o seu passado, as dificuldades de apostar em algo completamente novo com poucos recursos e os planos para o futuro.

Portal do Inferno: Olá, Sarah! Primeiramente, gostaria de agradecê-la por esta entrevista. Nós notamos uma mudança na sonoridade do seu primeiro álbum A Sign of Sublime para o segundo The Corruption of Mercy. O primeiro é mais orquestrado, enquanto o segundo é um pouco mais pesado. Por que houve essa mudança?
Sarah Jezebel Deva:
Estou feliz por você notar que A Sign of Sublime foi uma grande decepção e eu sinto muito, não é o que eu queria. Nunca deveria ter sido como foi e eu queria que não tivesse acontecido. Dan Abela, que agora toca guitarra e compõe comigo e proprietário do Legacy London Studio’s, foi contratado para mixar e masterizar e tentou salvar o álbum. Mas o cara que o gravou (do estúdio Rising Rec) simplesmente arruinou tudo. A mixagem ficou ruim! As faixas orquestradas até que saíram bem, mas o resto, bem, é terrível. Os arquivos passaram por muitas edições, outros foram perdidos e não havia nada que eu ou Dan pudéssemos fazer para salvar a tempo do lançamento. O que deveria ter sido um grande começo para mim como vocalista, não saiu tão bem assim.

The Corruption of Mercy foi escrito por mim e pelo Dan. Nosso baixista, Ablaz, também compôs uma faixa para esse álbum, A Matter of Convenience, e o Luke, vocalista do The Dead Lay Waiting, compôs a Pretty With Effects. Cada um acrescentou um pouco de seus toques pessoais, mas a maioria das faixas foi escrita por Dan e por mim. A razão por esse álbum ter ficado tão bom é porque foi gravado pelo Dan, um profissional (risos), em seu estúdio. Trabalhamos duro e espero que dê para notar isso no resultado. Eu acho que The Corruption… é muito mais direcionado. Eu gosto de metal extremo, mais do que qualquer outro estilo, e queria ser eu mesma. Dan e eu temos mais ou menos o mesmo gosto musical, então, trabalhamos muito bem juntos e somos grandes amigos, como irmãos… sabemos o que queremos e do que nossa música precisa para se destacar. Nós não queremos ser ou soar como qualquer outra banda com uma mulher no vocal, estamos apenas tentando ser verdadeiros, entende?

P.I.: The Corruption of Mercy recebeu excelentes críticas quando foi lançado. Você atribui essa boa aceitação à mudança de estilo?
Sarah:
Oh, obrigada! Eu tento não ler críticas, porque é uma visão pessoal e eu quero que as pessoas que gostam e as que odeiam tenham a chance de ter suas opiniões. Quando A Sign… foi lançado, eu não precisava ler o quão ruim era (risos), eu já sabia. Mas o The Corruption…, nós o amamos, estávamos orgulhosos e não importava o que a imprensa pensaria a respeito. O que importava era o que achamos, o que nossos fãs achariam… faz algum sentido? Talvez sim, eu estava melhor direcionada, o som ficou muito melhor; ter mais controle e não editar muito ou perder arquivos ajudou muito. The Corruption… deveria ter sido meu primeiro álbum. Eu gostaria que fosse.

P.I.: Ainda falando sobre o The Corruption…, a arte da capa é um tanto quanto chocante. Quem teve a ideia para a capa? Você também opina na parte gráfica dos seus álbuns?
Sarah: Embora a banda tenha o meu nome, e agora eu gostaria que não tivesse, somos um grupo completo. Tivemos alguns problemas de formação, mas estamos chegando lá. Por ter começado como a minha banda, meu projeto pessoal, sim, eu fiz todas as escolhas, mas simplesmente porque eu precisava fazer. Agora, quero que as pessoas contribuam, trabalhem junto. Eu dedico de quatro a cinco horas por dia à banda e é desgastante, mas vai compensar, eu espero. Normalmente, eu escolho todo o direcionamento da arte e as imagens têm que combinar com o conteúdo musical. Eu quero estimular as pessoas a pensar. Quero que as pessoas leiam as letras, vejam as imagens e pensem como cada ação tem uma consequência. O que vai, um dia volta. Sim, a imagem é chocante, mas NÃO é pornográfica. Eu sei que no momento em que as pessoas veem pele, seios ou seja lá o que for, elas pensam em pornografia, mas é muito mais profundo que isso.

É a imagem de Mercy, uma jovem que passou por decepções, ignorada pelos pais. Ela é negligenciada, forçada a amadurecer sozinha e as únicas coisas que a estão criando são a TV, a internet, as revistas, as ruas. Ela é uma pessoa que não tem amor, abusada e a única maneira que ela sente que pode conseguir amor é se vender por sexo. Ela teve a ideia errada e seus pais estão tão ocupados com suas próprias vidas que não ligam para a de Mercy.

A capa e as canções são sobre como a sociedade está falhando com as crianças. Eu olho por aí e vejo crianças de uns quatro anos nas ruas e isso é errado. As crianças deveriam estar a salvo, amadas e felizes.

P.I.: Você já trabalhou com grandes nomes da cena heavy metal, como Dani Filth (Cradle of Filth), Christofer Johnsson (Therion) e The Kovenant. Você pretende, algum dia, convidar esses músicos para participações especiais nos seus álbuns?
Sarah
: Bom, acabamos de lançar Malediction, um EP de três faixas, então, por favor, comprem! Gravamos esse EP por diversas razões: para os fãs, para promover a turnê e esperar que os promotores acordem… infelizmente, os promotores demoram para acordar e se eles não enxergam dinheiro em nós, bem, eles não nos querem, e eu aqui pensando em fazer música simplesmente  por fazer música. Enfim, a maior parte de When It Catches Up With You foi escrita por Ablaz, mas Martin Powell (ex- Cradle of Filth, My Dying Bride, Anathema) cuidou da orquestra nas três faixas. Lies Define Us tem a participação do querido Bjorn Strid, do Soilwork. Ele foi incrível, eu amo a voz dele e Dan é um grande fã de Soilwork. Por fim, This Is My Course tem a participação do Dani Filth. Eu sei que muitos dirão como cantamos bem juntos e ele fez um grande trabalho nessa música. É baseada na nojenta indústria das peles de animais. Então, aí está a sua resposta. Planejamos, em algum momento, gravar um clipe para This Is My Course e queremos a participação do Dani, e ele também quer. Mas é uma questão de grana, a qual não temos. Talvez eu venda algumas partes do corpo do meu baixista para gravar o clipe.

P.I.: Algumas pessoas dizem que o Dani e o Christofer são pessoas difíceis de trabalhar. É verdade? Como é o relacionamento de vocês?
Sarah:
Posso dizer “sem comentários”? Não posso ser tão honesta quanto eu queria, mas, bem, Christofer era bem rígido com as suas vocalistas e banda e, quando eu era mais nova, simplesmente odiava isso. Eu sentia algo sexista rolando, como uma regra para as mulheres, outra para os homens. Mas, anos mais tarde, eu percebi que Christofer estava certo: toda aquela bebedeira, cigarros e noites sem dormir não eram boas para as sopranos. Sinto falta dele, sinto falta do que o Therion costumava ser, da antiga formação, mas o agradeço por tudo o que tentou fazer e pela ajuda que me deu. Não posso dizer que é uma pessoa difícil, diria que ele é justo e muito profissional, mas, talvez, um pouco estranho às vezes (risos).

Já o Dani, bem, as pessoas costumam pensar que sempre que algo acontece de errado no CoF, a culpa é dele! Não, não o tempo todo. Ninguém é perfeito e todos nos cansamos de ouvir como Dani é um Deus. Nenhum de nós é, somos todos humanos, cometemos erros, não vivemos em cavernas e nem temos toneladas de dinheiro. Somos julgados por tudo e, às vezes, fazemos más escolhas. Dani é um homem de negócios, simples. Ele fez coisas que me magoaram, mas isso aconteceu porque ele era como um irmão. Tivemos algumas brigas, mas ele estava lá por mim quando precisei, assim como estava lá por ele.

Muitas coisas aconteceram no CoF, por isso tantas mudanças na formação, mas o Dani NÃO é o cuzão que as pessoas dizem, nem o Deus que as pessoas pensam. Ele não é o CoF. O Cof é feito por cinco pessoas e todas trabalham tanto quanto as próximas que se juntarão à banda. Os fãs precisam entender que cada músico é valioso e, que para quantidade de elogios que ele recebe, há também um monte de porcaria e ódio em relação a ele. Eu posso julgá-lo porque o conheço. Não conversamos por quase quatro anos. Não argumentamos, mas as coisas entre nós não estavam boas. Eu sentia falta dele, mas não sentia falta de fazer parte do CoF. Mas, neste ano, Dani me mandou um e-mail me convidando para cantar em Midnight In The Labyrinth e eu respondi “Espera aí, precisamos ter uma longa conversa antes, porque temos muitas coisas para resolver”, então nos falamos por telefone e, vejo as coisas de outra forma agora que tenho minha própria banda. Mais do que nunca, vejo as coisas como ele vê e, de novo, não estou falando que ele é demais, mas também ninguém tem o direito de julgá-lo sem conhecimento. Ele não é a pessoa mais fácil para trabalhar, mas SOMENTE porque ele sabe o que quer e é exigente. Senti falta dele… um pouco…

P.I.: Como foi trabalhar com eles e de que forma isso contribuiu para a sua carreira solo?
Sarah
: Para ser bem honesta, não me ajudou. Isso me segurou muito e eu me contive também. Tentei fazer minhas próprias coisas quando formei o Angtoria, com Chris Rehn, fizemos um belo álbum, mas “alguém” me disse que eu não poderia fazer isso sozinha, então, continuei como vocalista de apoio. Nunca acreditei em mim mesma, de fato, foram os fãs que me ajudaram muito, que me apoiaram. Quando eu saí do CoF, em 2008, e mudei para a Austrália, foi quando eu soube que DEVERIA me tornar uma líder e viver por MIM, fazer algo por MIM! Eu sempre estava satisfazendo as vontades de outras pessoas e colocando o dinheiro em seus bolsos. Tenho que te dizer, não tenho muito a mostrar dos 35 álbuns que já fiz. Sim, tenho orgulho deles, mas não tenho dinheiro, não tenho casa, não tenho um carro chique, mas tudo bem, eu ainda sou feliz e, agora, muito mais ainda em saber que finalmente sou uma front woman.

P.I.: Li em uma de suas entrevistas que as músicas No Paragon of Virtue e The World Won’t Hold Your Hand têm significados especiais para você. Por quê?
Sarah:
Cada canção é especial, toda música tem seu significado. Não posso escrever sobre coisas que eu não conheço. Então, não apenas essas músicas, mas todas têm uma mensagem. Não posso escrever sobre coisas alegres, me desculpe (risos), já tentei antes, mas não ficaram legais.

P.I.: Você já tem planos para o terceiro álbum?
Sarah:
Agora que terminamos o Malediction, que eu espero que as pessoas gostem, sim, estamos planejando o terceiro álbum. Já tenho sete faixas, o título e a capa escolhidas. Sem imagem chocantes ou seios. As pessoas perguntam por que lançamos o Malediction menos de um ano depois de The Corruption…, e a verdade é que amamos música, queremos e precisamos fazer shows e não podemos permitir que as pessoas nos esqueçam. Queremos que as pessoas amem o que fazemos e falem sobre nós, bem ou mal! A cena, não importa em qual estágio, muda muito rápido e a vida passa rápido, então, espero que o terceiro álbum saia no ano que vem.

P.I.: De onde vem a sua fonte de inspiração para compor?
Sarah:
Vida, pessoas, situações ruins, assuntos que as pessoas não querem ter conhecimento ou se fingem de cegas. Não consigo escrever sobre dragões, vampiros e borboletas, embora eu ame borboletas.

P.I.: Você pretende tocar no Brasil? Tem algum contato com os seus fãs brasileiros?
Sarah
: Nós realmente esperamos tocar aí. Precisamos que um promotor acredite na gente, então, pedimos aos fãs que entrem em contato com festivais e produtoras e nos levem para o Brasil. Precisamos tocar aí, sinto muita falta desse lugar!

P.I.: Muito obrigada pela sua entrevista, agradeço muito a sua atenção e sinta-se à vontade para deixar uma mensagem para os seus fãs e leitores do Portal do Inferno.
Sarah:
Ficamos muito felizes por você querer nos entrevistar, eu é que agradeço! Esperamos vê-los antes que eu faça 50 anos! (risos). Tenho 35 anos agora, então, vocês têm bastante tempo de levar a minha banda ao Brasil.

Escrito por

Fernando Custódio Moreira

Só mais um ser humano que adora Heavy Metal.
Stay Metal
Heavy Metal Forever.