Caos, sirene, mais caos e caos. Este começo ajuda a resumir o que foi a apresentação do Prophets of Rage em São Paulo. Dia pouco usual para shows, a teça-feira dos paulistanos foi diferente. O local do show, Audio Club, estava bem lotado e os fãs ansiosos para ver a primeira tour dos californianos no Brasil, uma das atrações do Maximus Festival junto com Linkin Park, Slayer, Ghost entre outros. O Prophets of Rage conta com ¾ do Rage Against the Machine mais o rapper B-Real do Cypress Hill, a lenda Chuck D e o Dj Lord do Public Enemy. Se existia dúvida quanto a da qualidade da banda, ela foi embora na primeira música.

Como aquecimento, o Dj Lord fez um set de 20 minutos mostrando suas qualidades nos scratches e na escolha das músicas, terminando sua apresentação anunciando o apocalipse. Ao soltar um sample de uma sirene no volume máximo, os presentes foram intimados a chegar junto do palco e cair no mosh pit. Eles abriram o show com o primeiro single do novo projeto, a música Prophets of Rage. A música vem sendo executada nas rádios de São Paulo, já é conhecida do público. Se trata de uma versão de uma música do Public Enemy e foi uma ótima escolha para abrir o show. Guitarrista e ativista politico, Tom Morello, começou seu show particular virando seu instrumento ao contrário, mostrando ao público um “Fora Temer” escrito atrás da guitarra, seguidos por gritos de apoio da galera. Política é com esses caras.

Os fãs foram a loucura com a sequência de três músicas do Rage Against the Machine. Testify, Take the Power Back e o hit da MTV Guerrilla Radio.  Groove matador! A cozinha da banda é uma das melhores do showbizz. O baixista Tim Commerford e o baterista Brad Wilk tocam com uma naturalidade absurda. O trabalho dos dois parece simples, mas é eles que seguram o som pulsante e firme do Prophets. Um show a parte.  As músicas do RATM funcionaram muito bem com dois vocalistas: Chuck D fazendo as partes mais rap e o B-Real cantando as linhas de voz mais gritadas.

O show foi dividido para todos brilharem. Tivemos How I Could Just Kill do Cypress Hill e o hit Fight the Power do Public Enemy versões com a banda executando os sons como se fossem do RATM.

Na primeira parte do show tivemos de tudo. Tom Morello fazendo solo com o conector, protesto, bate-cabeça, rap, rock, funk e mais clássicos do Rage Against the Machine. Bombtrack do album de estréia e People of the Sun do clássico Evil Empire de 1996.  Rock pra ninguém botar defeito, mas era chegava a hora da festa Rap começar.

A banda sai de cena e os dois vocalistas se jogam na galera para começar uma sessão rap anos 90. Formação clássica do hip hop Dj + Mc, base e voz.  Pressão total. A Audio Club voltou no tempo com um medley monstruoso. Can’t Truss it, Jump Around, Hand on the Pump e até a parceria Anthrax + Public Enemy Bring the Noise teve seu espaço. No meio da bagunça, alguém passou um cigarro suspeito e B-Real que não pensou duas vezes: mandou uma tragada digna de Bob Marley.

Paras os presentes, a formação da banda era uma incógnita, assim como sua química no palco. O público brasileiro teve a oportunidade de ver um show histórico do Rage Against the Machine no finado festival SWU que ficou na memória. O desafio de ser tão bom quanto não apaga a vontade do Prophets of Rage de querer marcar seu território. Nessa tour, eles começaram a tocar um novo som, Unfuck the World, que estará no disco de estréia, que reza a lenda já está pronto. Mas não tem jeito, RATM é caos. Como ficar parado ao ouvir o riff matador de Sleep Now in the Fire e Bullet in the Head. Insano o quanto a galera pulou e cantou junto.  Essas duas foram um dos melhores pontos do show. Ainda teve tempo para uma versão esperta de Seven Nation Army do White Stripes.

Algumas bandas e grupos já tinha feito alguns experimentos misturando rap com rock, mas poucos tiveram a mão tão boa quanto os três ex-membros do RATM. A década de 90 não seria tão quente sem o som feito por eles. Para encerrar em clima de vitória, os hits supremos Bull on Parade com o riff histórico do Tom Morello com wah-wah e o hino máximo Kiling in the Name não teve um na casa que ficasse parado. Foi de lavar a alma. Todo mundo pulando junto, cantando,  se abraçando, jogando cerveja uns nos outros. Catarse total.

O show foi na medida, a infraestrutura da Audio Club se mostrou muito boa, com som e luz de qualidade e a vantagem, frente ao festival, que todo mundo conseguir ver o show de perto. Foi uma noite histórica para os presentes. A imagem que fica é que a banda surgiu com a ideia de ser mais do que um tributo ao passado. Todos estão cientes da importância histórica dessas músicas antigas, mas os integrantes estão a todo vapor compondo coisas novas com tons de protesto político. O momento é propício para eles existirem. Agora é esperar para o lançamento do primeiro disco.

Agradecimentos a Move concerts e a Midiorama pelo evento de qualidade.

Setlist:

1. Set Dj Lord
2. Prophets of Rage (Public Enemy cover)
3. Testify (RATM cover)
4. Take the Power Back (RATM cover)
5. Guerrilla Radio (RATM cover)
6. How I could Just Kill a Man (Cypress Hill)
7. Bombtrack (RATM cover)
8. People of the Sun (RATM cover)
9. Fight the Power (Public Enemy)
10. Hand on the Pump / Can’t Truss it / Insane in the Brain /Bring the Noise / I Ain’t Goin’ Out Like That /Welcome to the Terrordome /Jump Around (Cypress Hill, Public Enemy, House of Pain)
11. Sleep Now in the Fire (RATM cover)
12. Bullet in the Head (RATM cover)
13. The Party’s Over
14. Know your Enemy (RATM cover)
15. Unfuck the World
16. Seven Nation Army (The White Stripes cover)
17. Bulls on Parade (RATM cover)
18.  Killing in the Name (RATM cover)