Um dos maiores ícones do Rock Nacional está em turnê pelo país com seu novo show “Futuras Instalações”. A idéia dessa tour é preencher um período sem lançamentos inéditos com uma apresentação recheada de clássicos, para que nenhum fã se sinta abandonado; assim como também apresentar algumas músicas inéditas, numa forma de testá-las ao vivo. E na última sexta foi a vez do público da capital paulista vivenciar esse momento.

Antes do show começar, o que se notava nitidamente é como o público do Titãs tornou-se eclético com o passar dos anos. Antes formado quase que exclusivamente pela tribo roqueira, com seus clichês habituais, hoje podemos encontrar desde garotos skatistas que pareciam ter vindo direto da pista para o show, até casais que poderiam estar se dirigindo a uma ópera, tamanha a elegância. E, no meio desses extremos, famílias completas, com crianças e idosos. Confesso ser estranho presenciar algo assim. Não negativamente, mas algo certamente muito diferente de qualquer coisa já experimentada antes. Preferindo sempre olhar para o lado positivo das situações, isso talvez reflita algo que muitas bandas tentam, e em vão: unir tribos, num aspecto civilizado e cortês.

Titãs - Citibank Hall

Outro aspecto que contribui muito para a formação desse quadro é o fato (desconheço se parte da organização da banda ou produção do evento a idéia) de preencher quase toda a pista a frente do palco com mesas. O aspecto não fica nada diferente de um show do Djavan ou Roberto Carlos, por exemplo. Incomoda aos fãs mais antigos e roqueiros (isso ficou nítido quando, ao final da primeira música, o pessoal situado ao fundo da pista, a área em pé começou a gritar “libera a pista, libera a pista”), mas parece agradar em cheio a fatia mais comportada e sossegada desse bolo. Sim, é estranho presenciar aquilo. Mas o fato é que funciona.

A única ressalva negativa quando a organização do show foi no aspecto do trabalho dos fotógrafos. Não havia pit a frente do palco, e o espaço que geralmente é destinado a esses profissionais dessa vez era um espaço comum, um corredor, onde público das mesas a frente do palco dividiam espaço com os citados fotógrafos e garçons que circulavam o tempo todo por entre as mesas. Uma situação meio caótica em alguns momentos, para todos. Acredito que isolar o espaço pelo breve período do trabalho dos fotógrafos teria ajudado a todos.

Titãs - Citibank Hall

Mas o que interessava realmente nessa noite era o show, e isso o Titãs soube fazer. Com 30 anos de estrada, a serem comemorados em 2012, o que se pôde ver em 1h50min de show foi uma banda que, apesar de reduzida a metade do que já foi um dia (numericamente falando), ainda consegue preencher um palco e ter o público em mãos. Do início com Lugar Nenhum até a saideira com Marvin. O que vimos foi o mais puro Rock ‘n’ Roll, com grandes pitadas de experimentalismo (que horas soam geniais, hora soam como um tiro nágua), e uma energia capaz de fazer as pessoas agitarem mesmo sentadas em suas mesas. A dinâmica do show do Titãs é muito interessante, já que todos os seus integrantes (com exceção do “novato” Mario Fabre) cantam. Isso gera uma rotatividade no microfone principal que chega a ser vertiginosa! A postura de palco deles beira a sóbria, quase burocrática, chegando a ter aquelas famosas marcações no chão para indicar a melhor disposição coletiva durante a apresentação. Porém, os clássicos já carregam consigo uma força tão grande, construída e consolidada através dos anos, que mesmo que a banda estivesse sentada a energia seria grande! Não há como não sentir vontade de agitar o mínimo que seja em músicas como Sonífera Ilha, Homem Primata, Televisão e Polícia. Assim como não é possível ignorar a beleza de Epitáfio e Pra Dizer Adeus ao vivo. Epitáfio que teve as luzes do palco todas apagadas, com uma iluminação direcionada apenas e diretamente para o teclado de Sergio em seu início. Um momento muito bonito da apresentação.

Titãs - Citibank Hall

Mas, como a idéia da turnê é apresentar músicas novas, tivemos várias. Morto Vivo, Fala aí Renata, Tradição. Como foi dito durante o show, essas músicas ainda estão nascendo em estúdio, não possuem uma formatação final, e talvez integrem um álbum futuro, “se sobreviverem ao tempo”, segundo palavras de Branco Melo. O que posso dizer é que a reação do público a elas não foi das melhores, inclusive podendo-se ouvir gritos de “Toca velharia!” durante a execução delas. E, em minha opinião, realmente são fracas diante de tudo o que o Titãs já produziu. Assim também como ouvi lá “banda antiga não precisa de músicas novas, podem sobreviver com o que já foi feito numa boa!”. Uma grande verdade.

O melhor momento da noite foi durante a execução de Polícia, onde muitos das mesas a frente não resistiram e pularam para a área a frente do palco. Quando a banda retornou para o bis, muitos acompanharam os primeiros, e aquele corredor se transformou numa mirrada pista convencional.

Titãs - Citibank Hall

E a verdade desse caso é que, se tivessem apenas anunciado um show, e executado o setlist sem as novidades, teria sido lotação esgotada como foi. O Titãs é um ícone, que atinge várias tribos e gerações. Suas músicas respondem por si. Seus integrantes possuem carisma vitalício junto aos fãs, e o controle sobre eles no momento do show. Uma lenda nacional.

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Escrito por

Redação

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