Sem dúvida nenhuma, o SUFFOCATION OF SOUL é uma das bandas que mais tem ganhado destaque nos últimos anos. após o lançamento do bem recebido “Macabre Sentence”, a banda passou por uma positiva turnê europeia e segue fazendo vários shows pelo Brasil. Hoje conversamos um pouco com André Costa e Tarcísio Correia para saber um pouco mais sobre o início, projetos atuais, opiniões da banda e muito mais, confira:

Primeiramente, fale um pouco sobre o início da banda. O Suffocation of Soul se encontra com a mesma formação de origem?

Tarcísio Correia: Salve Gates of Hell!! A ideia do Suffocation of Soul nasceu numa sala de aula. Eu e um brother de classe tínhamos acabados de aprender a tocar e queríamos formar uma banda pra tocar som pesado no interior da Bahia. Convidamos o batera e o vocal/baixo que estão até hoje, isso foi há 12 anos. Esse guitarrista saiu logo após o segundo show; nessa época estávamos buscando uma identidade entre o Heavy e o Thrash Metal, o repertório era em sua maioria covers. A banda ganhou forma mesmo dois anos depois, quando gravamos a primeira demo e Maurício assumiu a outra guitarra.  De lá pra cá são dez anos ininterruptos com essa formação.

O que vocês podem falar sobre o recente lançamento do EP “Macabre Sentence”? Atingiu as expectativas?

Tarcísio Correia: Sim, o feedback dos bangers, blogs e zines está sendo superpositivo. O legal é que foi feito de uma forma bem autônoma. Fomos nós que fizemos a pré-produção, gravamos as cordas no home estúdio de um amigo, acompanhamos toda produção, masterização e mixagem de perto. O batera fez design o do encarte e todas peças de divulgação, o resultado foi bem satisfatório tanto em qualidade de gravação quanto em economia.

Quais são as inspirações para as letras de vocês?

André Costa: Geralmente vem dos acontecimentos cotidianos, dos problemas que nos assolam desde de que o mundo é mundo. A base lírica é a crítica social, mas sempre busquei fazer críticas atuais, como o domínio das religiões, o jogo sujo da política, e até sobre a influência negativa das redes sociais eu já escrevi, que é tema da música “Lifeinvader” que saiu em nosso último trampo. Mas também temos letras que tratam de temas como suicídio, depressão, distúrbios mentais e também sobre ter uma postura firme perante a sociedade, não se render ou corromper a sua essência, como é caso da letra de “The Perpetual Lie” que saiu em nossa 1ª demo em 2008 e foi regravada e lançada em nosso último trabalho. Sobre essa letra especificamente, eu escrevi ela há 10 anos e pra mim ela faz todo sentido até, mesmo com minha cabeça adolescente eu escrevi algo muito verdadeiro que vai me servir para resto da vida.

Como funciona a parte composicional da banda? Todos participam de tudo, ou alguns focam na parte lírica enquanto outros na parte instrumental?

Tarcísio Correia: É um lance bem natural. Às vezes começamos a trabalhar um riff no ensaio, soma a ideia de um com ideia de outro, acrescenta uma melodia aqui uma passagem ali e finaliza um som… outrora o André (baixo e voz) já chega com o esqueleto da música toda pronta, acrescentamos, lick’s e solos sai outro som. Na parte lírica o André às vezes traz a letra pronta e as vezes coloca a letra depois do instrumental (risos) não tem um padrão a se seguir.

Ainda sobre o novo EP, vocês pretendem lançar algo para impulsionar a divulgação? Como um Lyric Vídeo ou quem sabe até um videoclipe?

André Costa: Então, a princípio tínhamos sim a intenção, mas por conta de toda a correria que demanda um lançamento seguido de uma turnê, e todo trabalho é realmente independente, somos nós que fazemos tudo dentro da banda, acabamos deixando essa ideia um pouco de lado. Também por se tratar de um EP, geralmente um lançamento em EP não tem todo àquele cuidado com todos os detalhes igual quando se lança um full length. Mas quem sabe? Nós não estamos presos a regras de mercado, na hora que “der na telha” a gente lança algo, eu particularmente tenho vontade de lançar um novo videoclipe, mas está faltando tempo pra sentar e organizar as ideias.

Vocês lançaram o atual EP, no formato digital certo? Como foi esse processo?

Tarcísio Correia: Na verdade essa era uma parada que a gente queria fazer a tempos, afinal consumimos música digital tanto quanto compramos CD’s e discos. Após assinarmos a assessoria com Sangue Frio Produções, o Patrick foi lá rapidão e lançou no Deezer, Spotify, iTtunes e mais umas 10 plataformas digitais.

Suffocation Of Soul no Spotify:

Encontre nas demais plataformas digitais: https://sanguefrioproducoes.com/n/1473

Aproveitando a pergunta, na opinião de vocês, qual é a importância da internet para as novas bandas, e qual foi o papel dela ao longo da carreira do Suffocation of Soul?

Tarcísio Correia: Eu acho superimportante cara, não só pra música, mas no contexto geral a rede mundial de internet rompeu todas barreiras e literalmente revolucionou a comunicação. Estamos num mundo globalizado, na era das informações, qualquer pessoa pode escutar ou ver um vídeo de uma banda de qualquer lugar do planeta por apenas um click, particularmente acho isso fantástico!! Ainda sou colecionador de CD’s por que gosto de ter o material físico, encarte, ler as letras e tal, mas consumo muita mídia digital também. Pra o Suffocation of Soul não foi diferente, grande parte dos nossos contatos com produtores, bookers, seguidores, e amigos são feitos pela internet e através de links da banda.

Quais dos seus objetivos como banda vocês acham que já atingiram, e o que ainda esperam conseguir no futuro?

Tarcísio Correia: Nosso objetivo macro sempre foi tocar, lançar material, tocar, gravar e sair em turnê, tocar… pegar estrada… Seja em terras tupiniquins ou mundo a fora. O que conseguimos foi fruto de uma década de muita correria, dedicação e seriedade, estamos muito satisfeitos até o momento.  No futuro o que vier acontecer será consequência disso tudo.

Fale um pouco da experiência adquirida com esta segunda turnê na Europa. Vocês acreditam que a banda amadureceu ainda mais?

André Costa: O que vale realmente é a experiência. Eu recomendo a toda banda que tiver a oportunidade de ir, que vá, pois sempre trará na bagagem muitas experiências. Esse ano fomos pela segunda vez pra Europa, e foi melhor que primeira vez em vários aspectos, tocamos em alguns festivais, tivemos um bom número de público em praticamente todas os shows, fizemos vários contatos como da primeira vez, conseguimos um selo pra lançar nossos materiais na Europa, e voltamos de lá já com proposta de se apresentar em festivais no ano que vem. Amadurecemos muito obviamente, mas não credito só as turnês internacionais, são mais de dez anos de banda, com a mesma formação, se não estivéssemos em um determinado nível de amadurecimento já teríamos nos separado.

Suffocation Of Soul em Slavonice, República Tcheca:

No metal temos muito divisionismo. Como conviver com todas essas diferenças estilísticas?

Tarcísio Correia:Pouts!’ Eu estava pensando justamente nisso esses dias (risos).  Na real, a gente nunca teve essa política de “querer agradar todo mundo” saca? Qualquer um tem o direito de gostar ou não do que fazemos, isso não faz do cara menos underground ou menos amigo nosso. O foda é que sempre tem um zé ruela ou outro que vai tá alfinetando né, dando pitaco; falando o que não sabe; criando historinha pra tentar desmerecer o corre e geralmente é da mesma cidade ou região. No início me incomodava, cheguei a confrontar, questionar… Até perceber que não vale a pena cara. Enquanto meia dúzia de mané tá atrás do PC fazendo picuinha e falando asneira a gente tá produzindo, gravando, fazendo turnê, conhecendo banger e cena do Brasil a fora.

Com a experiência no underground, quais são as lições aprendidas?

Tarcísio Correia: Que essa porra está toda interligada! Às vezes me assusta! Independente se você está no Maranhão em São Paulo, Recife, na Alemanha, Holanda na Argentina ou na Bahia, você sempre vai trombar um maluco que de alguma forma tem ligação com o selo que lançou teu disco, ou conhece alguém de uma banda que você já dividiu palco, ou é amigo de um brother teu que já trocou CD com ele, ou esse cara já viu o logo da tua banda no patch da jaqueta de alguém e etc.. etc… Viajo e admiro demais isso! Se existe alguma outra “comunidade” que tem conexões assim, confesso que desconheço.

Mudando de assunto, hoje vivemos uma divisão ideológica dentro do underground com o afloro da política. Headbangers que apoiam candidatos abertamente fascistas, e por outro lado a “salvação” encontra-se em um político que se encontra preso. Qual a opinião da banda sobre isso?

André Costa: Nossa opinião é que tá tudo uma merda (risos)! Mas falando sério, estamos vivendo um período histórico muito complicado, eu acredito que a existência em um todo é cíclica, as coisas vêm e vão, e essas ideias de extrema direita tendem a ter mais força nos próximos anos, isso não é uma visão pessimista, é só uma análise dos acontecimentos. Essa é a ideia que o mundo está abraçando, e o headbanger tende a ser cada vez mais senso comum, o viés ideológica está perdido, a pessoa só repudia as religiões no momento que lhe convém, no momento em que quer boicotar bandas, selos, ou pessoas do seu meio, em contrapartida o cara vota em candidato cristão, aliado dos maiores líderes religiosos do país, que o lema é “Deu$ acima de todos” e que dissemina outras ideias inaceitáveis pra quem realmente diz viver a contra cultura. Talvez isso tenha um lado positivo, pois pode causar uma ruptura no underground da música extrema, esse teatro anti-religiso, anti-sistema vai passar a não fazer mais tanto sentido pra quem não estiver expressando algo sincero, algo que realmente sente, e vive. E até porque eu acredito que com a ascensão da extrema direita, tocar em certos pontos será um ato de resistência, e nessa maré de “bundamolisse” nem todos estarão dispostos. Também em tempos de repressão não existe uma trilha mais adequada que o rock e o heavy metal, só não podemos aceitar pessoas que ajudaram a implantar o fascismo cantando sobre liberdade. Sobre o ex-presidente que está preso eu o vejo como um traidor, o cara que realmente representava o povo pobre, nordestino, mas que fez aliança com os mesmos velhos políticos de sempre, com os mesmos velhos banqueiros e empreiteiros.

Deixamos aqui os espaços para as considerações finais, muito obrigado pela entrevista.

André Costa: Nós que agradecemos pelo espaço cedido, poder falar o que a gente pensa diz muito sobre a banda, e é de grande importância pra quem batalha de forma independente. A mensagem que eu deixo é que as pessoas sejam sinceras, naquilo que escrevem, que vivem e tentam demostrar para os outros. Sinceridade é algo mágico, e está em falta.

Tarcísio Correia: Grato pela entrevista mano! Continuem a abordar temas que não são diretamente sobre música, mas estão associados ao Metal: como política, internet, guerra de ideologias e etc. Vivemos num país que a leitura está em quarto ou quinto plano, mas sei que ainda existem os que apreciam separar um tempo pra textos e discussões. Força aí com o site. Forte abraço! Quem quiser sacar mais sobre o Suffocation of Soul procura a gente no Instagram/Facebook/YouTube ou nas plataformas de musica digital.  #antifa 666

FORMAÇÃO:

André – Baixo / Vocais
Tarcísio – Guitarra
Mauricio – Guitarra
Marlon – Bateria

LINKS RELACIONADOS:

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