Comemorando 20 anos de Manifesto Rock Bar, um dos mais tradicionais e icônicos bares especializados em música pesada em São Paulo, o HSBC Brasil foi palco, no dia 12 de setembro, da primeira edição do Metal Manifest, trazendo novamente ao País os dois patronos do metal brasileiro: Max e Iggor Cavalera, com seu Cavalera Conspiracy. Os irmãos fizeram uma apresentação impecável, furiosa e muito, muito pesada.

Cavalera Conspiracy (foto: Danilo Souza)

Para abrir os trabalhos da noite, melhor escolha não poderia ter sido feita para esse evento: o Korzus, uma das bandas mais respeitadas e admiradas da cena metal nacional, se encarregou de aquecer o público para a grande catarse da noite, com precisão, técnica, peso e a energia que mantém a chama da banda acesa desde 1983.

A apresentação curta, porém com ares de headliner, foi baseada nos dois últimos trabalhos do grupo, Discipline of Hate, de 2010, e Ties of Blood, de 2004, indo de Guilty Silence, Respect, Never Die, Correria, What Are You Looking For – com destaque para o incansável vocalista, Marcello Pompeu, colocando todo o ainda tímido público para cantar junto – e encerrando com Guerreiros do Metal, música que define exatamente o que o Korzus representa para a cena brasileira. Uma das melhores bandas ao vivo que o público de metal tem o prazer de ver e que já passou da hora de virar produto de exportação e estourar lá fora.

Korzus (foto: Danilo Souza)

A seguir, dando continuidade ao festival, mais que um show, uma verdadeira aula de música extrema se iniciou quando os irmãos Kolesne do poderoso Krisiun subiram no palco. É impossível passar despercebido de um show do Krisiun, visto tamanha técnica, violência e agressividade, na mesma medida, a melhor expressão do metal extremo mundial, atualmente.

No set list dos gaúchos, pouca diferença do que foi apresentado em outros shows de sua Execution Tour 2014, da abertura com a dobradinha Ominous e Combustion Inferno, ao encerramento com o hino imortal Black Force Omain, do primeiro trabalho dos irmãos, passando pelas viscerais Blood of Lions, Stain Fate e Kings of Killing. É impossível destacar um momento como auge do show, todo o conjunto da obra é de impressionar e se reverenciar, inclusive Supla, integrante do Brothers of Brazil, agitava e treinava seus golpes de boxe, impressionado com a apresentação da banda. Se você ainda não conferiu nenhum show da Execution Tour 2014, não há desculpas: o Krisiun atravessa o melhor momento de sua carreira. Imperdível.

Krisiun (foto: Danilo Souza)

A seguir, com a casa de shows completamente lotada, sobem ao palco Max Cavalera, acompanhado dos inseparáveis Marc Rizzo (guitarra, ex-Ill Niño) e Tony Campos (Asesino) e Iggor Cavalera, empunhando a bandeira brasileira. Os músicos foram ovacionados e colocaram a casa abaixo logo a seguir com a porrada Inflikted, do primeiro álbum da banda.

O show seguiu alternando entre músicas da conspiração Cavalera, como Warlord, Torture, Killing Inside, a cover do Nailbomb para Wasting Away, e os sons imortais do Sepultura, como Refuse/Resist, a clássica dobradinha Beneath the Remains/Desperate Cry e Troops of Doom. Ainda houve tempo para duas músicas inéditas do Cavalera Conspiracy: Babylonian Pandemonium, e Bonzai Kamikaze, esta inédita, nunca antes executada na turnê.

Cavalera Conspiracy (foto:Danilo Souza)

Enquanto Max Cavalera, com seus trejeitos, comandava o show a mãos de ferro, Iggor mostrou que continua um monstro na bateria, espancando seu kit com precisão e violência invejáveis, enquanto Tony Campos e Marc Rizzo seguram as pontas nas cordas. A aparelhagem e regulagem de som da casa de shows também contribuíram para um espetáculo completo, desde o cumprimento nos horários, religiosamente, até as luzes de palco e seguranças. Foi uma festa completa, no melhor local para shows em São Paulo.

Houve ainda tempo para gritos de “CLAUS-TRO-FO-BIA”, banda que ficou de fora dessa festa, mas que foi muito bem representada no melhor momento da noite: no bis, quando Antônio Araújo, do Korzus, Alex Camargo, do Krisiun, e Marcus D’Angelo, do Claustrofobia, subiram no palco para cantarem junto com Max o medley Arise/Dead Embryonic Cells. A recepção do público não poderia ter sido melhor, transformando o local num verdadeiro pandemônio.

Cavalera Conspiracy (foto:Danilo Souza)

Como o clima era de festa, ainda houve tempo para Orgasmatron, clássico imortal do Motörhead, gravado pelo Sepultura, e o hino do metal brasileiro, Roots Bloody Roots, cantado em uníssono pelo público e encerrando com chave de ouro essa nova passagem por São Paulo dos irmãos Cavalera.

O tempo pode passar, padrões musicais podem ser alterados, mas, na boa? Ouvir Max e Iggor tocando juntos Arise é uma daquelas coisas na vida que não tem preço.

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Set list Cavalera Conspiracy:
Inflikted
Warlord
Torture
Beneath the Remains / Desperate Cry / Troops of Doom (Sepultura)
Sanctuary
Terrorize
The Doom Of All Fires
Wasting Away (Nailbomb)
Babylonian Pandemonium
Killing Inside
Refuse/Resist (Sepultura)
Territory (Sepultura)
Black Ark
Bonzai Kamikaze
Inner Self (Sepultura)
Attitude (Sepultura)
Bis:
Arise / Dead Embryonic Cells (Sepultura, feat Alex Camargo, Marcus D’Angelo e Antonio Araújo)
Orgasmatron (Motörhead)
Roots Bloody Roots (Sepultura)