De forma generalizada, o Heavy Metal é um estilo dominado por bandas que tem muitos homens em sua formação. A noite do dia 17 de maio de 2019 aponta para um cenário diferente onde todas as bandas da noite tem mulheres dentro do grupo e a maioria era vocalista. Sinal de evolução. Outro ponto positivo foi o número de bandas nacionais que tiveram acesso a uma estrutura de alto nível. Todas tiveram palco grande, som alto e iluminação de primeira pra tocar sons autorais em 30 minutos de apresentação.

Dividindo o protagonismo da noite, duas bandas holandesas. Vuur comandado pela sempre versátil e simpática Anneke Van Giersbergen e o Delain, liderada pela fada Charlotte Wessels.

Apresentando um metal sinfônico, estilo que esteve em alta na metade dos anos 2000, o Delain se saiu muito bem. Muitos presentes usavam camiseta da banda, mostrando que os fãs do estilo continuam se fazendo presentes. Abriram o show com duas faixas do novo EP “Hunter’s moon” lançado em fevereiro de 2019. “Masters of Destiny” foi a primeira, seguida da faixa título do álbum. Eles mostram muita atitude no palco e a senhorita Wessels não para de correr um segundo. É até difícil de acompanhar. Os holandeses escolheram privilegiar os últimos lançamentos no setlist da noite. Lançado em 2016, do álbum “Moonbathers”  tocaram “Hands of Gold”, “Suckerpunch” e “The Glory and the Scum”.

O tecladista e fundador do Delain, Martijn Westerholt comanda o instrumental da banda em alto nível, que mostra versatilidade. “Get the Devil Out of Me” é um metal industrial moderno.

“Mother Machine” é aquele metal melódico praticado por bandas como Stratovarius e Nightwish. Falando em Nightwish, o Delain esteve há menos de um ano abrindo a tour dos finlandeses por aqui.

Desta vez, o show foi maior. Quase uma hora e meia com direito a “Don’t Let Me Go” e “The Gathering” na parte final. Charlotte Wessels comandou muito bem o público que cantou e bateu palmas durante o show inteiro.

Com a casa mais cheia, os holandeses do Vuur promoveram sua estreia em São Paulo.

O potente show de luz do Tropical Butantã junto com o instrumental da banda super pesado fez o tempo parecer diferente. Um metal progressivo que vai arrastando e intrincando até que a vocalista Anneke Van Giersbergen entra em cena para delírio dos fãs. Cantando sempre muito bem, “Time – Rotterdam” foi a faixa escolhida para abrir o show. Perceba que muitas outras cidades dão nome as músicas do Vuur.

O primeiro lançamento “In This Moment We Are Free – Cities” é um disco sobre as cidades que a Anneke passou durante as várias turnês mundiais. Tocaram a pesada “ My champion – Berlin”, flutuaram pelas belas melodias em “The Martyr and the Saint – Beirut”,  encontrando a paz e liberdade em “Freedom – Rio”.

Vale deixar registrado que a performance ao vivo se sobressai sob as versões de estúdio, tendo muito mais vida e cores. Apesar do disco ser bom, ele não empolga, já o show demonstra um outro potencial a carreira do Vuur.

A banda é recém-formada. Não tem nem 3 anos completos de existência, porém os mesmos músicos fizeram parte da personificação como banda ao vivo do projeto Gentle Storm do músico holandês Arjen Lucassen, fundador do Ayreon, montada para excursionar pelo mundo com Anneke na voz principal. Desta fase, tocaram só uma música “The Storm”.

Como sempre tivemos todos os holofotes ficam por conta da vocalista que tem uma das carreiras mais estáveis porém mutantes. “Fallout” é um cover que faz parte do repertório da Devin Townsend Band.

A presença de palco e voz potente fazem da baixinha holandesa uma das maiores vozes femininas da história do metal. Após explicar que Vuur significa fogo em sua língua materna, pediu para o público dizer a tradução em português. Todo mundo gritou FOGO! Ela toda enrolada tentou reproduzir sem muito sucesso.

O que todo fã sabe é que a melhor fase, projeto ou banda que a Anneke teve, foi o The Gathering que juntos lançaram discos marcantes e foi na execução de duas músicas “Strange Machines” e “On Most Surfaces” que o show ficou completo.

A abertura da noite foi composta pelas bandas brasileiras Van Dorte, BrightStorm e Living Shields. Um line-up ousado e bons shows fez do festival uma noite bem legal de se estar.