– O que significa trabalhar com música alternativa underground, para você?

Acho que aquele papo de artistas mainstream de que eles fazem a música para eles mesmos é a mais pura verdade. Talvez alguns digam isso por marketing, mas acho que todo artista tem que pensar assim. Faço o som desse jeito porque acho muito bom, tenho orgulho mesmo. Muita música acabo deixando na ‘gaveta’ por achar que não está boa o suficiente. E a música só é alternativa underground porque ninguém colocou uma grana pesada para deixar ela mainstream. Quem sabe um dia? Até lá, vou compondo, gravando e lançando só o que eu acho que é o melhor que eu posso fazer no momento.

– “Cult of the Blind” é o seu último single, como ele vem sendo recebido pela imprensa e fãs?

Os comentários foram excelentes. O solo do Gabriel Veloso deu mais visibilidade à música e os fãs dos primeiros trabalhos realmente puderam ouvir que o som da banda alcançou um novo patamar.

– Quais as principais diferenças que você enxerga em “Cult of the Blind” com relação aos trabalhos que saíram antes dele?

Foi o primeiro trabalho que teve uma mixagem realmente muito boa. Acho que os primeiros álbuns não apresentaram uma mixagem bem equilibrada e, por isso, desde o “Cult of the Blind” prometi a mim mesmo não lançar nada que estivesse em alto nível.

– “Cult of the Blind” possui momentos muito fortes, e as bases são excelentes. Por que você preferiu seguir por este caminho? Você não almeja algum dia trabalhar com outros direcionamentos?

Quero o Vengeance of Mine fiel aos blast beats mas sempre fujo de um ‘barulho sem sentido’ que é o que muitas bandas de death metal entregam. Quero melodia. Quero que as pessoas entendam o que estou cantando e que elas possam fixar os riffs e identificar padrões nas canções. Prometo não colocar partes de voz cantadas e limpas nem participações de cantoras líricas. Mas quanto mais melodias combinadas com partes death metal do início dos 1990 melhor!

– A arte da capa foi assinada por qual profissional? Qual o significado dela?

‘Cult of the Blind’ foi minha primeira experiência com o Midjourney! Eu fui o diretor de arte, o mentor, e a IA executou. Quem acha que a tecnologia digital não vale nada e só prejudica o artista deveria gravar em fitas magnéticas e divulgar sua música em fanzine xerocado!

– Eu gostei muito da mixagem e masterização de “Cult of the Blind”, o que você pode nos falar sobre a pós produção do disco?

Quem assinou a mixagem e masterização foi o grande Celo Oliveira, dos Kolera Studio, no Rio de Janeiro. O cara é genial e super profissional. Sempre que posso trabalho com ele.

– “Of Gods and Mortals” é o seu novo álbum. Ele ganhará uma tiragem limitada em CD? Existem planos para uma produção em maior escala neste sentido?

O novo álbum está sendo finalizado. Estou negociando ainda o lançamento físico. São muitos detalhes e quero fazer da melhor maneira possível para poder ter a certeza de que o Vengeance of Mine atingiu esse novo nível que acho que merece.

– Como tem sido os shows desta fase da sua carreira? O público está conseguindo assimilar as músicas do futuro álbum?

Desde do “Cult of the Blind” tenho focado apenas na composição e gravação do “Of Gods and Mortals”. Então, os próximos passos só serão dados depois da divulgação do cronograma de lançamento. Podem esperar boas notícias!

– Quais as informações que você pode nos passar sobre “Of Gods and Mortals”?

São oito músicas com muitas partes melódicas e muitos riffs insanos, mas mantendo espaço para velocidade e blast beats. O guitarrista virtuoso Gabriel Veloso assina quase todos os solos nesse álbum. Eu ainda toco em alguns, mas a maioria é dele. Sobre letras, juntei ideias antigas que estavam engavetadas como “The Philosophy of Decomposition” e “Witch Hunt” – essa última, inclusive, compus há uns 10 anos – com novas inspirações como em “Mask of Grief” e “Intervals of Insanity”. A faixa título me inspirou na capa do álbum e fala sobre a possível conexão com a mitologia e seres de outros planetas. Podem estar certos de que é um álbum pesado e épico.

– Obrigado pelo tempo concedido a nós do Portal do Inferno. Mandem notícias da cena do interior de São Paulo, por gentileza…

O prazer foi todo meu! O Rock/Metal é um universo muito fiel e honesto. Preciso de espaços desse tipo para manter a coesão e força que ele merece. Até a próxima!