O heavy metal africano ainda é pouco explorado pelos headbangers de outros continentes. Entretanto, nos últimos anos, várias bandas surgiram, romperam as fronteiras, expondo seu amor pelo estilo e mostrando, através de suas letras, a cultura e os costumes de suas nações.

Imagem: arquivo pessoal/Infernal Rii’s

Dentro do metal, o mais difícil para conseguir destaque é o black metal. Primeiramente pelo som, e depois por conta do histórico de alguns músicos na década de 90 e suas atitudes polêmicas. Mas o black metal segue vivo e mostrando que há qualidade e crítica, sem ser polemicamente perigoso.

Um exemplo africano que já conseguiu espaço em seu continente é o multi-instrumentista, produtor e compositor angolano Infernal Rii’s, que criou a banda Sands in Darkness. Oriundo da capital Luanda, Infernal Rii’s leva seu projeto sozinho (one man band) e já lançou 2 EP’s, 2 Demos ,1 single e 2 Split’s álbuns e está prestes a lançar seu primeiro full-lenght e futuramente pretende fazer shows. Estes, ele fez quando ainda tocava em outros grupos como os extintos Nebulosa Difusa (depressive Black Metal) e Crazy Feeling (punk rock).

Nesse papo com o Portal do Inferno, Inferno Rii’s falo sobre suas influências, metal africano e projetos para o futuro.

Confira:

1)Primeiramente, como conheceu o heavy metal e quais foram as suas influências?

Meu contato com o heavy metal foi aos 14 anos, através dos meus irmãos. Foi uma experiência incrível e me apaixonei pelo estilo no mesmo instante. As primeiras bandas que ouvi foram Metallica, Megadeth,Slayer, Dimmu Borgir, Belphegor, Gorgoroth, Mayhem e Wolf.

Depois de um tempo comecei a tocar guitarra, montei várias bandas e tenho, desde 2013, o Sands In Darkness que considero a minha melhor criação.

2)Por quê escolheu o Black Metal como estilo? O que te chamou a atenção?

O Black Metal tem uma sonoridade muito rica e complexa. Nos tempos passados, eu ‘bebi’ de várias bandas de muitas partes do mundo, principalmente da Noruega. O que mais me chamou a atenção foram os vocais, os riffs e o ambiente sombrio.

3)Há um debate no Metal para saber quem foram os pioneiros do Black Metal.  No Brasil, há quem considere o Sarcófago como um deles. Concorda? Quem você considera que foram os pioneiros?

Para mim foram Venom, Bathory e Celtic Frost. Eu gosto muito do Sacófago, mas não o considero pioneiro no black metal.

4)Qual a abordagem que faz nas suas letras?

Nas letras falo sobre natureza, nostalgia, sofrimento e escuridão. O nome da banda, Sands in Darkness, quer dizer ‘Areia nas Trevas’ e é a representação de todo o sofrimento do povo africano e de seu passado, onde muitos foram escravizados, passaram fomes, além das guerras. Sou africano e exprimo minhas lamentações através da música.

5) O Black Metal é famoso por fazer diversas críticas às religiões. Você aborda este tema?

Não. Não misturo religião e arte.

6)Como analisa a cena de Black Metal em Angola e na África?

A cena em Angola ainda é uma criança e tem pouca audiência. Mas aos poucos estou trabalhando para melhorar. Aqui já fui chamado como o ‘Rei do Black Metal Angolano’, pois sou o único que pratica esse som no meu país. Sobre a cena na África, há bons representantes e vejo boas bandas em diversos países.

7) No futuro pretende lançar um álbum e fazer shows?

Já tenho um álbum com 8 músicas Falta terminar e masterizar e ainda não há previsão de lançamento. Haverá uma participação internacional.No futuro pretendo fazer shows e convidar músicos para participarem de turnês.

Para saber mais sobre Sands in Darknesse, acesso o link:

https://sandsindarkness.bandcamp.com/

Escrito por

Leonardo Cantarelli

Headbanger, jornalista formado, autor de 2 livros e mesatenista!