Com o recente lançamento do novo álbum The Path of Reflections, a banda Sacrificed soltou uma espécie de faixa a faixa, com comentários da banda a respeito do Tracklist do CD.
A responsabilidade da criação destes comentários ficou nas mãos da sempre competente vocalista Kell Hell, que prova que além de uma ótima voz, também tem uma ótima redação! Confira:
Call of Insanity: Essa música fala sobre a insanidade que está latente em todos nós, e que, vez por outra, é trazida à tona. A música se assemelha a uma conversa na qual quem fala é, justamente, esta loucura oculta que nos habita, e quem a ouve somos nós, este ente consciente que, quando levado a situações extremas, permite que a insanidade apareça. No mais, a música não deixa de ser uma ode à liberdade, convidando todos nós a sermos mais autênticos, e a deixarmos de lado as amarras sociais que nos prendem.
Before a Dream: É uma injeção de autoestima! De alguma forma, sinto como se essa música fosse escrita para nós mesmos do Sacrificed, quando estamos desanimados, descrentes de nosso sonho. Como todos sabem, trilhar a estrada do heavy metal no Brasil é tarefa por demais árdua, então, vez por temos que ouvir esta faixa, que fala sobre confiar em si mesmo, lutar contra seus medos e inseguranças, ir em busca de seus sonhos e nunca desistir, ainda que pareçamos loucos e sonhadores demais.
Far Away To Feel: Crítica social. Essa seria a melhor expressão para definir o conceito desta faixa. Ela nos diz que este mundo é cruel para muitas pessoas, e que nós estamos distantes demais para sentir o sofrimento desses seres humanos. É uma forma de nos chamar para a realidade que, por mais perto fisicamente que ele esteja de nós, acaba por ser extremamente distante. A letra desta música é uma tentativa de “sacudir” as pessoas, acordá-las e mostrar que a miséria está diante de nós, por mais a neguemos.
Endless Sin: A meu ver essa música fala sobre a hipocrisia humana e sobre a fé cega das pessoas. Essa faixa traduz a necessidade de se fazer algo efetivamente bom para o mundo, ao invés de nós contentarmos com orações e devoções que, na prática, são descumpridas pelas próprias pessoas que as rezam. Apesar de conter trechos do Pai Nosso, não é uma crítica direta a nenhuma igreja, crença ou religião, mas uma tentativa de trazer à tona a hipocrisia das pessoas (incluindo nós mesmos)
Soulitude: Para quem acha que cometemos um erro de ortografia, a palavra soulitude foi criada por nós. Trata-se de um neologismo, uma “mistureba” que fizemos. Esta expressão é a junção de duas outras: solitude, que significa solidão em inglês; e soul, que significa alma. Até hoje acho que nem nós mesmos sabemos ao certo o significado de soulitude, mas seria algo como solidão da alma. Bom… Acho que essa palavra, por si só, já diz sobre a temática da música.
The Truth Beneath The Laments: Mais uma vez, o Sacrificend traz uma música que aborda, essencialmente, uma crítica político-social. É uma tentativa de falar da atitude das autoridades, dos governantes, que combatem a guerra com guerra, sem o menor pudor a respeito das inúmeras vidas que estão aniquilando. O refrão, especificamente, se assemelha aos pensamentos de um soldado no meio de um campo de batalha. Por dentro ele grita que já não consegue andar nem falar, que está com medo, que não consegue se mexer, nem escolher para qual lado correr, ele já não consegue olhar, nem se esconder, porque está muito assustado. O melhor modo de falar sobre esta faixa, talvez seja traduzir sua última frase: é a lei dos lobos e dos homens.
Walking Through Flames: É uma autocrítica, afinal, criticar os outros é fácil, mas criticar a nós mesmos é difícil (risos). Esta letra, parece mais uma conversa entre uma pessoa e sua própria consciência. Essa espécie de consciência tenta mostrar os erros e inseguranças e, ao mesmo tempo, encorajar a pessoa, dizendo a ela que abra os seus olhos, levante por si mesma, porque a resposta está nela própria. Afinal, todos nós erramos e andamos sobre chamas de vez em quando, não é mesmo?
Prision Mind: Aborda um pouco a alienação das pessoas, e sobre como nós somos influenciáveis. Esta música fala que sem perceber, a humanidade anda nos trilhos em que é colocada por aqueles que detêm o poder. No mais, o que essa faixa quer dizer é que essa prisão é, justamente, nossa própria mente. No refrão há um trocadilho implícito, pois “we are all one” (nós somos todos um), seria uma negação de “we are allone” (“nós estamos sozinhos”). Não deixa de ser uma releitura do ditado popular “Juntos somos infinitamente mais”.
Red Garden: Essa faixa é uma regravação do primeiro EP da banda – Streets of Fear, quando nem era eu quem cantava. Essa foi uma das músicas que, quando ouvi, me motivou a entrar para o Sacrificed. Eu pensei: “Poxa, finalmente uma banda com letras relevantes!”. Esta faixa fala sobre a guerra provocada pelo radicalismo religioso. Para mim, seria uma crítica, por exemplo, ao infindável conflito entre israelenses e palestinos, que vivem “manchando o solo que um dia foi sagrado”, como diz a própria letra da música. A parte falada seria como uma mãe, que conforta seu filho dizendo que a morte vai chegar. Bem sombria, não é? Pena que não mais sombria que a realidade.
O álbum The Path Of Reflections foi lançado no Brasil pela Shinigami Records e já se encontra disponível pelo site da gravadora (www.shinigamirecords.com.br) e nas melhores lojas especializadas do país.
Contato para shows e merchandise: assessoria@sacrificed.com.br
Site Relacionado:
www.myspace.com/sacrificedbrazil