Por: Denis Fonseca

Quem disse que domingo não é um bom dia para show? A banda sueca Opeth provou que isso é mentira enchendo o Carioca club até a tampa. Sold-out! Méritos do grupo que a cada novo lançamento finca seus pés no olimpo do metal.  Mais de 1.200 pessoas conferiram o único show da tour no país promovendo seu aclamado último album, Sorceress, de 2016.  Mike Åkerfeldt e sua turma mostraram que não estão aqui para brincar e nos brindaram com mais um belo show.

Luzes apagaram e começou a rolar uma intro quase tibetana para baixar a rotação dos presentes. Se trata de uma música do Popol Vuh que faz parte da trilha da versão de 1979 do filme Nosferatu, dirigido pelo mestre Werner Herzog.

Público no clima, a banda aos poucos vai entrando no palco. O show abriu com a faixa que dá título ao último disco, já candidata a virar clássico.  Se o primeiro som flertava com o rock progressivo, a segunda, Ghost of Perdition começa com o vocal gutural death metal tirando o sucesso da galera. Se trata de um som longo, que em 10 minutos tem de tudo, jazz, folk, prog, metal, credenciando a qualidade e entrosamento dos músicos. Não é fácil fazer este tipo de mistura sem que fique uma bagunça. No som do Opeth, isso soa organizado e bem dosado. O som da casa também estava muito bom, ouvia-se todos os instrumentos perfeitamente.

Antes de começar a próxima música, uma pausa para a primeira piada da noite. Mike fala da alegria de voltar ao Brasil e com ele o calor, fator esse que deixa o cabelo todo armado. Lembrou da primeira tour brasileira em 2009 onde tocaram no finado Santana Hall que estava tão quente que tinha uma goteira sobre ele durante o show inteiro. Se a temperatura na casa estava alta, era hora de deixar o clima gelado e sombrio com a doom Demon of the fall um dos poucos sons dos anos 90 inclusos no set. Hora de voltar para o disco novo, The Wilde Flowers foi o segundo single do disco com seu belo refrão e solo refinado executado pelo guitarrista Fredik Åkesson, que está na banda desde 2007. A faceta progressiva dá as caras novamente, o meio da música é bem minimalista para depois voltar com tudo.

Mais uma pausa para Mike lembrar sua história com o metal brasileiro e os discos que costumava comprar, Vulcano, Sarcófago, Sepultura e afins. Como esse era o último show da tour sul-americana, contou que o cheiro das roupas não era o mais agradável.

Do album Still Life, eles tocaram a introspectiva Face of Melinda, foi o último som dos anos 90 incluso no set, que nitidamente deu preferência a fase 2000 da banda. Na sequência vieram Im my time of need, The devil’s Orchard e Cusp of eternity. Já nos finalmentes, o público gritou, gritou e a banda tocou uma parte da Will o the Wisp and Master’s Apprentices” como presente aos fãs para depois executar The Drapery Falls do disco Blackwater Park. Após um breve intervalo, a banda volta tocando o clássico Deliverance, concluindo assim mais uma grande apresentação.

Impressionante o que esses suecos fazem ao vivo e como mudaram sua sonoridade do doom metal para o rock progressivo deprê, guinando num hard rock setentista.

O que surpreende é que mesmo segmentando sua sonoridade nesse nicho tão específico, eles conseguem ser pop e agradar um grande público. A banda consegue gerar catarse em seus fã que cantaram e vibraram a cada música. Tinha muito marmanjo chorando que eu vi.

Mike Åkerfeldt é um dos maiores gênios da música atual, ótimo compositor, grande guitarrista e vocalista que ainda por cima é um dos caras mais carismáticos da cena. Ele rouba o espetáculo para si, mas sem ofuscar o brilho do resto da banda que inclui Martin Mendez no baixo, Martin Axenrot na bateria e Joakim Svalberg nos teclados. Vamos torcer para que eles continuem nesse nível e voltando ao Brasil a cada turnê. Showzaço!!

Escrito por

Redação

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