Pouco mais de dois anos após seus primeiros shows no Brasil, o Poisonblack retornou no último fim de semana para única apresentação. Divulgando o recém-lançado álbum Lyijy, a casa escolhida foi o Manifesto Bar que, em 2011, também abrigou os dois shows que Ville Laihiala (vocal), Marco Sneck (teclado), Antti Remes (baixo), Tarmo Kanerva (bateria) e Antti Leiviskä (guitarra) fizeram por aqui. Com um público não tão numeroso que lotasse completamente o bar e nem tão pequeno que fosse considerado um ensaio aberto, a expectativa para rever a banda era grande.

Poisonblack

O show de abertura ficou por conta da banda Silent Cell, de Bragança Paulista (SP). Formado por Rafael Ferreira (vocal), Marco “Horror” de Sordi Filho (bateria), Adonai Teixeira (baixo) e Marcelo Leme (guitarra), o quarteto apresentou músicas de seu primeiro álbum, The Absence of Hope, de 2012. Com influências de Slipknot, Stone Sour e System of a Down, não dá para dizer que as músicas da Silent Cell combinam exatamente com o clima do Poisonblack, mas os músicos são competentes em cima do palco e foram muito bem recebidos pelo público. Músicas como Devoted e In The Absence of Hope empolgaram a plateia. Após cerca de 40 minutos, a apresentação foi encerrada com duas covers: Blind, do Korn, e What’s on your Mind (Pure Energy), clássico de 1988 do Information Society, que ganhou uma versão bem pesada nas mãos do grupo.

Silent Cell

Enquanto os brasileiros desmontavam os seus equipamentos, os roadies do Poisonblack trabalhavam na montagem do palco. Mas, apesar de contar com esse apoio, um fato inusitado é que a banda finlandesa tem a mesma postura de qualquer outra que toca no Manifesto e os próprios músicos desceram do camarim para fazer os ajustes finais em seus instrumentos, o que causou grande euforia entre os fãs. Em seguida, subiram novamente para se preparar e, às 21 horas, uma introdução anunciou que uma noite bastante divertida e intimista estava prestes a começar.

Nos últimos meses, a banda tocou em algumas casas na Finlândia e apresentou os mesmos setlists em todas as oportunidades. Aqui no Brasil, o repertório foi bem semelhante, mas o Poisonblack pediu por meio de seu Facebook que os fãs dessem sugestões de músicas, então, eram aguardadas algumas surpresas. A primeira delas veio no meio do show, com a trinca The Kiss of Death, Raivotar e Love Infernal, canções dos dois primeiros álbuns da banda, Escapextasy (2003) e Lust Stained Dispair (2006).

Poisonblack

Do disco novo, apenas três músicas foram tocadas: The Flavor of the Month, The Halfway Bar e o primeiro single Home Is Where the Sty Is, no bis. Contrariando a máxima de que os finlandeses são frios e distantes, os músicos interagiam na medida do possível. Antti Leiviskä, por exemplo, sempre ia solar na beira do palco, esticava sua guitarra para os fãs a tocarem e acenava o tempo todo. O baixista Antti Remes também se movimentava bastante e tem grande presença de palco. Marco e Tarmo ficam bem limitados às suas posições de tecladista e baterista, respectivamente, mas cativam o público com muita técnica. Já Ville constantemente agradecia aos fãs e fazia piadas e referências aos shows de 2011. Em uma das oportunidades, ele brincou: “Na próxima vez teremos mais duas… pessoas, não músicas”.

A primeira parte do show foi encerrada com Rush e a banda subiu para o camarim para um rápido intervalo. Embora todos saibam que a banda não toca músicas do Sentenced, o público não hesitou em pedir, afinal, vai que dá certo. Mas não deu. Enquanto Ville e o Marco se preparavam, um grupo de fãs gritava por Noose e o vocalista respondeu, bem-humorado: “Desculpe, caras, banda errada. Mas legal que vocês se lembram!” e ali foram enterradas quaisquer esperanças que restavam de ouvir Sentenced naquela noite.

Poisonblack

O bis teve uma boa sequência: começou com uma belíssima versão apenas com voz e teclado de Pain Becomes Me, seguida por The Living Dead, já com toda a banda reunida no palco. Depois, encerraram a noite com a já citada Home Is Where the Sty Is e Mercury Falling, marcando um setlist bem democrático. Após o show, os músicos foram vistos tranquilamente circulando pelo bar, distribuindo autógrafos e tirando fotos. Com um público modesto, porém muito apaixonado, fica clara a força que o Poisonblack tem e, certamente, a banda será bem-vinda em todas as oportunidades em que voltar.

Setlist Silent Cell:

Devoted
2000 Miles Deep
In The Absence of Hope
Addicted
Broken Mir
This Burden
Blind (Korn cover)
What’s On Your Mind (Pure Energy) – Information Society cover

 

Setlist Poisonblack:

Soul in Flames
Bear the Cross
The Flavor of the Month
The Halfway Bar
Buried Alive
Scars
Piston Head
A Good Day for the Crows
The Kiss of Death
Raivotar / Love Infernal
Invisible
Maggot Song
Hollow Be My Name
The State
Lay Your Heart to Rest
Left Behind
Rush 2

Bis:
Pain Becomes Me
The Living Dead
Home Is Where the Sty Is
Mercury Falling

 

Escrito por

Renata Santos

Sou formada em jornalismo e colaboro com sites de música há quase dez anos. Integro a equipe do Portal do Inferno desde 2011.