A espera foi longa. Porém, finalmente no dia 9 de junho (domingo), o Conception estreou em terras brasileiras.
É necessário voltar no tempo um pouco para justificar essa espera. A banda norueguesa esteve ativa entre 1989 e 1998 (retornado excepcionalmente em 2005 para performar em alguns festivais), período em que lançou quatro álbuns, sendo que o quarto deles, “Flow”, foi lançado inclusive no Brasil. Nesse período em que esteve inativa, alguns de seus membros estiveram ocupados em outros projetos / bandas – o guitarrista Tore Østby com o Ark, ao lado de Jorn Lande, e o o vocalista Roy Khan com Kamelot, banda com a qual gravou sete álbuns.
Chegamos então em 2018, ano em que foi anunciado o retorno da banda com sua formação clássica – incluindo o baterista Arve Heimdal e o baixista Ingar Amlien – tendo lançado um EP no mesmo ano, “My Dark Symphony”, e dois anos depois seu full lenght, “State of Deception”.
A estreia do Conception em nossas terras fora marcada inicialmente para 08 de março, porém, por coincidir com o show da cantora Tarja com participação / abertura de Marko Hietala, sabiamente a visita foi adiada pela produtora (Far Music) para 9 de junho – passagem antecedida por uma apresentação na Cidade do México (5) e outra em Santiago, Chile (7). Esta apresentação em São Paulo contou com a abertura de três bandas: Ego Absence, Armiferum e Maestrick.
Já era 21h30 quando o quarteto norueguês, acompanhado de Lars Andre Kvistum nos teclados e de Aurora Amalie Heimdal – filha de Arve – nos backing vocals, subiu ao palco do Carioca Club e abriu o show com “Grand Again”, do EP mencionado anteriormente, seguida de “A Virtual Lovestory” do álbum “Flow”, e de uma trinca do “State of Deception”: “Waywardly Broken”, “No Rewind” e “The Mansion”, esta última com participação da cantora Aurora, executando as partes originalmente gravadas por Elize Ryd (Amaranthe) com sua voz incrível. Como era de se esperar, os dois últimos lançamentos da banda foram priorizados na apresentação, mas os álbuns anteriores, excetuando-se o debut “The Last Sunset” (uma pena, diga-se de passagem), também foram lembrados.
“A Million Gods”, do ótimo “In Your Multitude” (1995) foi uma destas canções, e nela foi possível ver / ouvir o virtuosismo característico que o Conception “concebeu” nos anos 1990, com destaque para as notas complexas e o trabalho de contrabaixo de Ingar na canção. A reposta da plateia impressionou Roy, que após os solos, voltou ao palco com uma câmera de vídeo na mão, gravando enquanto cantava. A sinergia da banda com o público foi ímpar, e a ausência de pit auxiliou nessa troca. Tanto que Ingar, Tore e Roy se aproximaram do limite do palco diversas vezes. Roy pegou diversas vezes os smartphones dos que estavam nas primeiras filas pra tirar selfies.
Prosseguindo, a belíssima balada “Silent Crying”, do álbum “Parallel Minds” de 1993 – com uma roupagem nova, acústica, denominada “Silent Crying 2.0”, lançada na “Deluxe Edition” de “State of Deception” – foi um dos momentos altos da apresentação, com a plateia cantando em uníssono. Na sequência, aproveitando o set acústico, a lado B “Sundance” foi executada, com Tore mostrando todo o seu talento na guitarra flamenca (desde o álbum “The Last Sunset” ele já demonstrava seus dotes no estilo). Já plugados, “Gethsemane” veio na sequência.
Roy se dirigiu a um dos fãs dizendo que este era o seu momento, devido seu incansável pedido durante a apresentação: “Parallel Minds”, música-título do segundo álbum, foi esplendidamente executada para delírio dos fãs old school. Ao final dela, o cantor brincou com a produtora do evento, dizendo que a banda deveria voltar já no sábado seguinte para outro show…
“Feather Moves” veio a seguir e trouxe outro momento único para quem esteve presente: na parte final da balada, Roy e Tore saem do palco enquanto a música continua e, instantes depois, o guitarrista começa a circular pela pista por alguns minutos enquanto tocava, cercado pelos fãs com seus smartphones, fazendo pose enquanto os mais próximos tiravam fotos com ele, e ainda tomando uma dose de tequila no bar. Sensacional!
A ótima “She Dragoon” encerrou a parte regular da performance, com um show à parte de Aurora nos últimos versos da canção. Voltando rapidamente ao palco, mais uma bela canção da nova fase: “My Dark Symphony”. E pra fechar com chave de ouro a apresentação, seu grande hit: “Roll the Fire”, com Roy cantando como na versão original, sem economizar nas notas, e sendo correspondido pelos fãs, como se fosse a abertura do espetáculo tamanha vibração.
Valeu a pena a espera. O Conception demorou para visitar o Brasil, mas entregou profissionalismo e carisma que os presentes dificilmente irão esquecer. Esperamos que o país vire rota futura para novas turnês.
Set-list
Grand Again
A Virtual Lovestory
Waywardly Broken
No Rewind
The Mansion
A Million Gods
Quite Alright
Silent Crying
Sundance
Gethsemane
Parallel Minds
Feather Moves
By the Blues
Reach Out
She Dragoon
My Dark Symphony
Roll the Fire
(Agradecimentos à Far Music e Tedesco Mídia pelo credenciamento).