Muitas bandas fazem turnês conjuntas, e algumas vezes elas não pertencem exatamente ao mesmo estilo, e por isso, acabam não agradando em 100% o gosto do expectador. Este não foi o caso com Týr e Korpiklaani, que formaram essa dobradinha para tocar aqui na América do Sul. Com três datas marcadas para o Brasil (Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro), além dos próximos shows programados para a Argentina, Chile e Colômbia, ambas conseguiram agitar bastante o público da Clash Club, em São Paulo, mesmo com setlists curtos, de pouco mais de uma hora.

Korpiklaani (foto: Henriique Oliveira)

A casa teve quase todos os ingressos vendidos antes do show, que rolou no dia 31 de maio, e estava bem lotada. Como já é costume em shows de folk metal, o grupo de combates medievais Ordo Draconis Belli se apresentou antes de a primeira banda subir no palco, mas desta vez eles abriram caminho entre o público na pista e foi lá mesmo, no meio de uma roda, que os combates foram realizados. Um esquenta que sempre é bem sucedido antes de apresentações do estilo.

Às 19h30, o Týr subiu no palco. O line-up era quase o mesmo da primeira visita da banda no Brasil, em 2011, com exceção do novo baterista, Amon Ellingsgaard, que também toca no Heljareyga, um projeto do vocal Heri Joensen. A banda abriu o show com Blood of Heroes, primeiro single do disco mais recente dos faroeses, Valkyrja. O público respondeu bem à essa música, assim como a todas as outras quatro do mesmo álbum tocadas na noite. O tempo todo Heri fazia merchan do CD, que estava à venda no local, mas não foi muito necessário, pois os fãs vieram com as novas músicas todas na ponta da língua.

Týr (foto: Henriique Oliveira)

Mesmo com estes sons novos na manga, as músicas que mais tiveram interação por parte do público fazem parte do penúltimo e antepenúltimo discos da banda: a Flames of the Free, do The Lay of Thrym e a By The Sword in my Hand, do By the Light of the Northern Star. A última já tinha virado um hino em 2011, quando fechou os show da banda no Brasil em grande estilo, e agora, em 2014, o poderoso refrão foi cantado em uníssono. Hold the Heathen Hammer High, também do By The Light of the Northern Star, teve uma excelente reação dos fãs, e foi a música sobre o Mjölnir escolhida para a noite (deixando de fora da apresentação, para a surpresa de muitos fãs, a Hail to the Hammer, clássico do primeiro disco da banda).

O destaque da banda ao vivo sempre é o baixista Gunnar, e desta vez não foi diferente: interagiu muito com o público e com os colegas de palco, agitando bastante durante as músicas e nunca ficando muito tempo parado. Mas em um geral, a banda toda estava bem animada. E pelo tempo de carreira, pode parecer natural, mas os feroeses estavam bem mais soltos do que na visita anterior ao País, com o vocal conversando bastante com o público, tentando contar resumidamente algumas histórias por trás das letras das músicas antes de tocá-las.

Týr (foto: Henriique Oliveira)

O público também fez bonito acompanhando a banda durante as músicas em feroês (e até em dinamarquês) com destaque para Tróndur Í Gøtu e Sinklars Visa. Grímur á Miðalnesi/Wings of Time, Ramund Hin Unge e Dreams foram as escolhidas como representantes da fase mais progressiva do Týr, nos primeiros trabalhos, e mesmo sem uma reação explosiva como nas músicas mais pesadas, também não passaram despercebidas pelo público mais fiel.

Fechando com Shadow of the Swastika, uma das preferidas dos fãs desde o seu lançamento, em 2011, a banda provou que é possível condensar bem 16 anos de carreira e 7 discos em um setlist curto, mas ao ignorar o primeiro lançamento do grupo, também deixou claro que favorece cada vez mais a nova fase em detrimento da antiga.

Týr (foto: Henriique Oliveira)

Menos de uma hora depois dos fim do show dos feroeses, mais uma vez os fãs brasileiros se prepararam para exercitar os seus conhecimentos de língua estrangeira quando os finlandeses do Korpiklaani pisaram no palco. Já experientes em shows no Brasil (inclusive tocando pela última vez em Sampa na mesma Clash Club), era nítido que a maior parte do público estava lá para ver a banda.

Os finlandeses abriram o show com a dobradinha Tuonelan Tuvilla e Ruumiinmultaa, ambas do Manala, disco mais recente da banda, e logo o público todo estava dançando e cantando junto. Em 2012, o grupo já tinha feito uma turnê no Brasil para divulgar o lançamento do disco, e nessa volta, quase dois anos depois, continuou tendo como foco esse mesmo material, com a maior parte do setlist voltado para ele, com destaque para Petoeläimen Kuola, uma das mais bem executadas da noite.

Korpiklaani (foto: Henriique Oliveira)

O Korpiklaani é uma daquelas bandas cuja discografia funciona muito bem ao vivo, desde as faixas mais agitadas (como a Juodaan Viinaa) até as com feelings de balada (como a belíssima Metsämies), pois são todas bastante dançantes e o público correspondeu com muita intensidade. O feeling dos integrantes no palco também estava muito forte, especialmente por parte do vocal Jonne e do novo acordeonista Sami, cujo som conseguia ser ainda mais intenso e marcante que o da guitarra.

Sumussa Hämärän Aamun deu uma quebra no ritmo dançante e folk com seus riffs mais lentos e pesados, e também foi um dos grandes momentos da noite, mas a parte final do show foi a mais especial, já que reuniu os grandes hits do grupo de uma vez só: Vodka, que já é um dos hinos da banda e foi uma das músicas que mais levantou o público, Rauta, as clássicas Wooden Pints e Pellonpekko, além de Tequila, que teve um plus depois que uma fã subiu ao palco e cantou e dançou junto com o vocal. A responsável por fechar a noite foi a divertidíssima Happy Little Boozer.

Korpiklaani (foto: Henriique Oliveira)

Mesmo que o estilo da banda dos feroeses não seja exatamente igual ao dos gigantes finlandeses, as duas bandas juntas foram bem sucedidas ao reunir um público com gostos semelhantes e, mesmo com pouco tempo para se apresentar, tocaram bons setlists e conseguiram agitar os fãs presentes em uma das noites mais multiculturais do ano.

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Setlist Týr:
Blood of Heroes
Hold the Heathen Hammer High
Another Fallen Brother
Flames of the Free
Mare of My Night
Grímur á Miðalnesi / Wings of Time
By the Sword in My Hand
Lady of the Slain
Grindavísan
Ramund Hin Unge
Dreams
Tróndur Í Gøtu

Bis:
Sinklars Vísa
Shadow of the Swastika

Setlist Korpiklaani:
Tuonelan Tuvilla
Ruumiinmultaa
Metsämies
Juodaan Viinaa (cover)
Petoelaimen Kuolla
Sumussa Hämärän Aamun
Vaarinpolkka
Kultanainen
Uniaika
Louhen Yhdeksäs Poika
Uni
Vodka
Ieva’s Polkka
Rauta
Wooden Pints

Bis:
Pellonpekko
Tequila
Happy Little Boozer