Enquanto as bandas de black metal dominavam a Noruega na primeira metade dos anos 90, Øystein G. Brun, então guitarrista de uma banda de death metal, resolveu formar um projeto no qual pudesse mesclar o som cru do black com harmonias folk e ambientais mais delicadas, e com uma temática um pouco diferente, tendo a natureza como base. E foi dessa ambição que, em 1995, junto com integrantes do Gorgoroth, Immortal, Enslaved e Ulver, Øystein criou o Borknagar, que desde então já lançou nove discos e continua progredindo e aperfeiçoando o seu som.

A banda norueguesa conta até hoje com Øystein como líder e único membro permanente, e já passou por diversas formações, trazendo grandes músicos no currículo. Hoje, completam o grupo o sueco Vintersorg nos vocais, I.C.S Vortex no baixo e vocais, Jens F. Ryland na guitarra, Lars Nedland no teclado e vocais e Baard Kolstad na bateria, além de Øystein. Depois do líder da banda, Jens é o músico que está há mais tempo acompanhando o Borknagar e foi ele quem gentilmente nos concedeu essa entrevista, na qual conta um pouco sobre o CD mais recente, Urd, bem como a temática dos discos da banda em geral, mercado fonográfico, interação com os fãs e as expectativas de tocar mais ao vivo com a banda.

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Versão em português

Borknagar - Jens F. Ryland

Portal do Inferno: Vamos começar falando sobre o CD mais recente da banda, Urd (2012), que soa ambicioso sem ser pretensioso – e essa é uma das coisas mais especiais sobre ele. Nós sabemos que Urd simboliza “Passado”, mas ele soa como uma continuação e progressão de Universal (2010), e como parece que vocês estão sempre progredindo, fale um pouco sobre essa dualidade entre o título com referência ao passado e as raízes, bem como a progressividade do som da banda.
Jens F. Ryland: Muito obrigado, gostei da forma como você resumiu Urd. O título foi uma ideia do líder da banda, Øystein G. Brun, e o que eu posso te dizer é que quando nós perguntamos para ele se ele tinha ambições de criar uma trilogia com isso, ou alguma coisa do gênero, ele disse que ainda não sabia direito. O título apenas nos colocou em uma posição na qual temos todos os tipos de possibilidades e podemos fazer do jeito que quisermos, da maneira que preferirmos (risos). A dualidade, em si, é uma coisa natural para nós, sempre procuramos progredir com a música, mas com base nas nossas raízes.

P.I.: A banda estava se saindo muito bem nos últimos dez anos, só com o Vintersorg nos vocais e com o Lars (tecladista) fazendo os backing vocals (e de vez em quando os lead vocals), mas agora com o Vortex assumindo o baixo e os vocais de volta, vocês têm três grandes vocalistas na manga. Até que ponto essa dinâmica das harmonias vocais mudou, especificamente? Como o Vintersorg já alterna entre vocais limpos e guturais, como isso mudou com a entrada de mais um vocalista?
Jens: Diversidade é a palavra chave. Trazer o Vortex de volta para a banda parecia muito natural e nós somos caras sensatos e pés no chão, e não criamos muito drama. Isso também aconteceu durante o processo de criação desse álbum, porque primeiro tivemos uma discussão sobre quem deveria cantar o que, então eles “usaram” as ideias, motivação e inspiração de cada um. Eu diria que o resultado é mais relacionado à dinâmica do que ciência ou estrutura.

P.I.: Depois da saída do último baterista, David Kinkade, no ano passado, parece que agora a banda finalmente encontrou uma formação sólida. O Borknagar começou como um “supergrupo”, e ainda é um “supergrupo”, com músicos muito talentosos juntos, e acho que a maioria dos fãs tinha esse sonho de ouvir o Vortex e o Vintersorg juntos na banda. Eu li em uma entrevista anterior, que o Øysten disse que sentia que este grupo agora era um dos mais fortes. Como lidar com tantas mentes tão criativas juntas durante o processo de composição?
Jens: Sem dúvida Kinkade era um baterista talentoso, mas o Baard [atual baterista] não deve em nada para ninguém. Substituir um talento por outro e [fazer] comparações diretas não é necessário, ambos são bons. O processo de composição sempre foi influenciado por isto [a formação da banda no momento] e é o Øysten que aponta a direção, no final das contas. Acho que percebemos que a mudança nas formações nos deu uma dinâmica com o passar dos anos, e pudemos explorar esse aspecto de maneira positiva, ao invés de ter isso contra nós. Tyr [o baixista anterior, que entrou no lugar do Vortex quando ele saiu da banda, em 2000] entrou com um som diferente daquele que o Vortex tinha, e acabou deixando a sua marca naquele período, por exemplo. Agora estamos voltando com o Vortex – e não porque não estávamos satisfeitos com Tyr – mas a mudança do som é [bem] distinta.

Borknagar

P.I.: Voltando um pouco para o passado, Origin (2006) é um CD acústico, diferente dos outros trabalhos de vocês naquela época. Podemos esperar algo diferente novamente, no futuro?
Jens: Sempre espere alguma coisa diferente (risos). Não estou falando isso porque temos algum plano direto, mas é intrínseco a nós pensar um pouco fora do padrão. E nós não seguimos tendências, então eu não estou muito interessado em uma orquestra nesse momento, se é que me entende…

P.I.: A temática que enaltece a natureza nas letras combina muito bem com a mistura de agressividade e delicadeza do som que a banda vem trazendo desde o primeiro disco. A noção da importância do cuidado com a natureza e as mensagens filosóficas também são muito fortes. Como a visão desses tópicos como tema central do Borknagar surgiu?
Jens: Eu cresci bem longe do Círculo Polar, em uma pequena fazenda, de frente para um fiorde enorme. Eu praticamente cresci no meio da natureza. Øysten cresceu em fiordes, na costa Oeste, em uma área rural fora de Bergen. O Andreas [Vintersorg] veio do nordeste da Suécia, onde ficam as grandes florestas. A natureza é uma grande parte do que somos, eu acredito que é um assunto importante para a maioria dos escandinavos. [Ter] uma boa situação na vida e educação fazem as pessoas se importarem mais com o mundo ao seu redor. Nós sempre nos preocupamos com estes assuntos no Borknagar. E os temas estão bem conectados entre si. A forma pela qual eu vejo isso pode ser visualizada por você como o “black metal”, de muitas maneiras. Sendo uma banda de “true black metal”, a sua mensagem é considerada verdadeira se você for satânico e contra as autoridades. Uma mensagem simples e direta, feita para chocar e colocar medo nas pessoas. O nosso enfoque é abraçar a ciência e a razão, e esta também é uma contradição direta às pessoas de mente fechada, fanáticos religiosos. Não fazemos isso por nos opormos à religião, mas porque essa é a melhor maneira para o desenvolvimento da humanidade e sociedade. E com a ciência e a razão, vêm o amor e a consciência da importância da natureza ao seu redor…

P.I.: Eu sei que todos sempre perguntam para vocês sobre as artes das capas dos discos, mas como somos um site brasileiro, não poderíamos deixar de perguntar: a arte do Marcelo Vasco é excepcional, e ele vem trabalhando com vocês faz um tempo. A capa de Universal é particularmente inspiradora, e a de Urd também é sensacional. Vocês têm uma capa preferida, entre as do Borknagar? E é só coincidência o fato de que desde o primeiro disco, as capas apresentando um ícone principal no centro são sempre tão parecidas?
Jens: A nossa colaboração com o Marcelo é um ótimo exemplo da globalização, e de como podemos trabalhar bem juntos mesmo estando em lugares opostos do planeta. Acho que o Marcelo entende o Borknagar de uma maneira que nos deixou perplexos e maravilhados, tipo, esse cara que veio do outro lado do mundo, simplesmente aparece e visualiza o Borknagar dessa maneira! Lê as nossas mentes. Maravilhoso, e especialmente porque [o que ele visualiza] está muito alinhado às ideias da banda. O Marcelo já esteve na Noruega para nos visitar várias vezes, e esperamos visitá-lo em breve, também. Acredito que o tema central da arte das capas começou mais com o The Archaic Course (1998), e curtimos isso, o que acabou meio que desenvolvendo um tema. Eu diria que isso é tanto coincidência quanto escolhas artísticas, as ideias do Borknagar foram criadas pelo Øysten antes de ele gravar o primeiro álbum, e não são apenas coincidências, mas você também pode sentir uma evolução dinâmica no processo.

Borknagar - Urd (Marcelo Vasco)

P.I.: Recentemente vocês lançaram o projeto “Amazing Fans” no site oficial da banda, mostrando fãs de todas as partes do mundo respondendo perguntas feitas por vocês. É muito legal ver uma banda interagindo e estando mesmo interessada nos fãs. Acredito que foi motivador e inspirador ver tantas pessoas diferentes se identificando com a sua música. Qual foi a primeira coisa que motivou vocês a criar este projeto? E o quão surpresos vocês ficaram com as histórias?
Jens: O Øysten, que é o fundador e líder da banda, e também o principal compositor, recebe muita atenção, feedback e apoio dos nossos fãs ao redor do mundo. Esta é uma das belezas de se escrever música: poder influenciar pessoas. E o feedback nos influencia. A melhor maneira de devolver isso para os fãs seria fazendo mais shows e encontrando essas pessoas diretamente, de fato. Mas como não somos uma banda muito ativa em relação a shows, estamos tentando usar as plataformas de mídia social para ficar em contato com as pessoas e darmos algo para elas. É por isso que interagimos no Facebook e foi por isso que eu criei a nossa página oficial com um formato de blog. Todo mundo deveria saber que é a banda que escreve e publica as coisas diretamente lá!

P.I.: Nós sabemos que vocês não são uma banda que faz muitas turnês, e recentemente vocês também comentaram no site oficial o porquê de terem feito tão poucos shows nos últimos anos, devido a obrigações na vida pessoal e profissional de vocês, entre outros. O ponto é que hoje em dia, as bandas “lançam CDs para vender shows”, e o Borknagar está nadando totalmente contra a corrente. De um ponto de vista financeiro, às vezes parece impossível ser uma banda com mais foco em fazer discos ao invés de fazer shows, então como vocês lidam com essa situação atual na indústria musical?
Jens: Ah, da última vez que me perguntaram isso, eu escrevi um relatório de 44 páginas! (risos) Não, sério, este é um assunto pelo qual eu me interesso muito, ao ponto de eu ter escrito a minha dissertação para a graduação no meu Bacharelado em Economia sobre isso, do ponto de vista da posição do Borknagar. Eu vou ser direto o suficiente para dizer que o único motivo pelo qual podemos fazer isso com o Borknagar, é porque nós somos uma banda já estabilizada. Urd é o nosso nono trabalho de estúdio, no fim das contas. E embora a nossa ambição seja gravar as melhores músicas que pudermos, só fazemos isso pela paixão que temos pela música: não tem MESMO lucro na maneira como as coisas estão funcionando agora. Nós também estamos percebendo que o mercado de CDs está diminuindo cada vez mais, e começamos a discutir por quanto tempo podemos nos manter dessa maneira. A questão é que se o próximo álbum vender apenas metade [do planejado inicialmente], a próxima gravação será apenas 50% tão boa quanto, já que não ganhamos dinheiro suficiente para um estúdio/produtor adequado. E isto está em conflito direto com a nossa ambição: queremos melhorar as gravações. E para ser honesto, alguns de nós também querem tocar mais ao vivo. As novas bandas não podem mesmo fazer isso, seria impossível. Se você quer começar uma nova banda hoje, nem se preocupe com CDs, lance músicas por meio de serviços online, uma de cada vez, e construa o seu público por meio de mídias sociais. Depois, comece a fazer o máximo de shows que puder, para expandir o seu público. Baseie o seu lucro no merchandising e shows e utilize os lançamentos em CD APENAS como uma ferramenta de marketing.

P.I.: Infelizmente, em 2010, a turnê sul-americana da banda (que incluía o Brasil) foi cancelada, e eu me lembro que vocês estavam muito empolgados para tocar aqui. Vocês também cancelaram o show que fariam no Metal Fest, no Chile, em abril desse ano. Vocês têm muitos fãs sul-americanos e eles são muito apaixonados. Podemos esperar que vocês finalmente venham fazer shows aqui?
Jens: Eu acredito que quem nos segue no Facebook e Twitter sabe da minha frustração com a situação, então só vou responder o seguinte: não temos planos diretos, mas queremos ir para a América do Sul e também queremos uma solução para os problemas que tivemos anteriormente.

Borknagar - Vintersorg

P.I.: Depois de nove discos e quase 20 anos de carreira, como manter-se inspirado e ao mesmo tempo com foco na proposta da banda? Como as pessoas e gostos mudam, como manter um equilíbrio entre o que vocês acham que fica melhor para a banda, e o que cada um gostaria de experimentar pessoalmente?
Jens: Eu não sei, a paixão irá oscilar, mas nunca vai desaparecer. Acho que é por isso que é chamada de paixão, porque não tem explicação. Interesses e prioridades pessoais e do grupo sempre estão em conflito, mas você teria que ser muito sensacionalista para fazer disso algo negativo. Eu não acho que eu tenha que esconder que algumas escolhas pessoais fizeram o Borknagar ser a banda inativa que somos hoje, e algumas escolhas pessoais também estão atualmente trabalhando para mudar isso. E isso é dinâmica, e não um conflito real.

P.I.: Como mencionei os quase 20 anos de carreira, o que não é fácil de se alcançar, há algum plano para lançar um DVD ou alguma coisa especial para os fãs?
Jens: A vontade de fazer o DVD já existe há 15 anos, mas precisamos ser mais ativos e deixar a banda mais em sincronia [ao vivo] antes de gravar alguma coisa que possamos lançar. Tudo isso está diretamente relacionado.

P.I.: O que a banda está planejando daqui para frente? A maioria de vocês tem projetos paralelos também, mas o que os fãs de Borknagar podem esperar depois de Urd?
Jens: Nós estamos “disponíveis” para mais alguns shows em festivais, agora, mas Øysten já começou a escrever para o próximo disco. Sabe, não vivemos tão perto uns dos outros e não nos encontramos com tanta frequência. Em agosto, vamos tocar no festival Brutal Assault, na República Tcheca, e acho que alguns planos surgirão quando nos encontramos novamente.

P.I.: Muito obrigada pela atenção, e os fãs brasileiros estão loucos para ver vocês ao vivo alguma dia! Deixe uma mensagem para eles e para os leitores do Portal do Inferno.
Jens: Sim, o apoio do público brasileiro é algo que surgiu apenas nos últimos anos, do nada descobrimos muitos fãs em um país que todos queremos visitar. Eu garanto que ir ao Brasil é uma das minhas prioridades quando começarmos a marcar mais shows, então tenham um pouco de paciência e nós estaremos aí!

 

English version

Borknagar - Jens F. Ryland

Portal do Inferno: Let’s start talking about your last record, Urd, which sounds ambitious without being pretentious – and actually this is one of its highlights. As we know, Urd symbolizes “Past”, but it does sound like a continuation and progression from Universal, and as it seems you are always looking further, tell us a little about this duality between the title referring to the past and your roots and the progressiveness of the band’s sound.
Jens F. Ryland: Thank you, you sum up Urd there in a way I appreciate. The title is an idea from mainman Øystein G. Brun and I can tell you as much as when we asked him if he had ambitions to create a trilogy out of this or something he answered that he didn’t know yet. The title simply puts us in a position where we have all kinds of possibilities and can do whatever we like, just how we like it hehe! The duality itself is a natural thing for us, we always look to progress the music, but based on the roots we have.

P.I.: The band was doing really well in the last decade with only Vintersorg on the vocals and Lars doing the backing vocals duties (and sometimes the lead vocals), but now with Vortex assuming both the bass and vocals back, the band was blasted with three great vocalists, so to what extent this vocals’ harmony dynamic has changed, specifically? As Vintersorg ranges from harsh and clean vocals already, how did that change with the addition of another vocalist?
Jens: Diversity is the key word. Bringing Vortex back into the band seemed very natural and we’re a bunch of sane and reasonable fellows and don’t create much drama. This also came through in the process of creating this album as there was first a discussion on who should sing where, then they “used” each other for ideas, motivation and inspiration. I’d say that the outcome is more a result of dynamic then science or structure.

P.I.: After the departure of your previous drummer last year, it seems now the band has finally found a pretty solid formation. Borknagar started as a “supergroup”, and still is a “supergroup”, with very talented musicians together and I think most of the fans had this dream of being able to listen to both Vortex and Vintersorg in the band. I’ve read on a previous interview that Øysten said he felt that this current group was one of the strongest ever. How to deal with so many driving forces together in the writing process?
Jens: No doubt that Kinkade was a talented drummer, but Baard doesn’t stand down for anyone. Replacing one talent with another and direct comparison is not necessary, they are both good. Writing process has always been influenced by this and it’s Øystein who holds the compass anyway. I think we have become aware that the change in lineup has given us dynamic over the years and we have been able to exploit it rather then to have it reduce us. Tyr came in with a very different bass-sound then Vortex had and set his stamp on the period as an example. Now we’re changing back to Vortex, and that’s not because we were not satisfied with Tyr, but the change in sound is distinct.

Borknagar

P.I.: Heading back to the past a little, Origin is an acoustic-approach record, different from your previous works at that time. Can we expect something different again in the future?
Jens: Always expect something different hehe. I’m not saying that because we have any direct plans, but it’s in out nature to think a bit outside the box. And we don’t follow trends, so I’m not very interested in an orchestra at this point if you know what I mean…

P.I.: The nature praise content on the lyrics fits very well with the blending of aggressiveness and delicacy conveyed by the band since the first record. The awareness regarding the care about the nature and the philosophical messages are really strong. How this vision of these subjects being Borknagar’s central theme first grew on you?
Jens: I grew up far beyond the Polar Circle. On a small farm by a huge fjord. I practically grew up in the nature. Øystein grew up by the windy west-coast fjords, the rural area outside Bergen. Andreas is from the northern parts of Sweden, the great forests. Nature is a big part of all of us, I believe it’s an important issue for most Scandinavians. Wealth and education makes people care more about the world around them. We have always been occupied with these issues in Borknagar. And the themes are closely knit in. The way I see it you can approach “Black Metal” in several ways; being a “True Black Metal” band you get the message true by being all satanic and in opposition to the authorities. A simple and direct message, meant to shock and awe. Our approach is to embrace science and reason and this is also a direct contradiction to small-minded , religious extremism. We don’t do this for the cause of opposing religion, but because it’s the best way to develop mankind and society. And with science and reason comes awareness and love for the nature around you…

P.I.: I understand you’re always asked about your cover arts, but as we are a Brazilian website, we can’t let this one pass: Marcelo Vasco’s artworks are really outstanding and over the top and he’s been working with you guys for a while. Universal is especially inspiring and Urd is also amazing. Do you have a favorite Borknagar’s cover? And is it just a coincidence that since the first record, the covers patterns featuring a central core icon are always very similar?
Jens: Our cooperation with Marcelo is a very good example of the globalization and how well we can work together no matter if we’re form the opposite sides of the world. I think Marcelo understands Borknagar in a way that both amazed and amused us, I mean, this guy, from a place on the other side of the world just steps in and completely visualizes Borknagar like this! Reads our minds so to say. Amazing. And mostly because it’s so in line with the bands ideas. Marcelo has been in Norway to see us several times already and we hope to visit him also in not to long. I believe the central theme for the cover art started more with The Archaic Course and that worked for us and sort of developed into a theme. I’ll call it coincidence as much as artistic choices, the ideas of Borknagar was developed by Øystein before he recorded the first album and are not coincidental although you can sense a dynamic evolution in the process.

Borknagar - Urd (Marcelo Vasco)

P.I.: Recently you’ve launched the “Amazing Fans” project on the official website, featuring fans from all around the World answering questions made by you guys. It’s amazing to see a band interacting and being really interested in the fans. I suppose it was motivating and inspiring to see so many different people relating to your music. What first motivated you to create this project? And how surprised were you with the stories?
Jens: Øystein, as our founder, main-man and main songwriter receives a lot of attention, feedback and support from our fans worldwide. It’s one of the beauties with writing music, being able to influence people. And the feedback influences us. The best way for us to pay back would be to go out and play more live and actually meet people directly. As we’re not that active live we are trying to use the social media platforms to stay in touch with people and give something back from ourselves. This is why we interact on Facebook and that’s why I created our web-page as a blog. Everyone should understand that what is written and posted is directly from the band!

P.I.: It’s well known that you guys aren’t a band that tour that much and recently you also stated on the official website why the gigs have been so few throughout the years, due to other personal and work obligations and so on. The point is that nowadays “bands release records to sell concerts” and Borknagar is swimming against the shore. Sometimes it seems impossible to be a band most focused on making records than playing live, from a financial point of view, so how do you guys handle this current situation in the music industry?
Jens: Oh, last time someone asked me this I wrote a 44 page report hehe!. No seriously, this is an issue that engages me a lot and to an extent that I wrote my Bachelor paper in Economics about this seen from the position of Borknagar. I’ll be direct enough to state that the only reason we can do this with Borknagar is because we are an established band, Urd was our 9th studio release after all. And while our ambition is to record the best music we can, this is done purely because of passion for music, there’s no money in this AT ALL the way we go about now. We are also seeing tendencies that the CD-market is dwindling even more and we have started discussing how long we can actually keep going like this. If the next album only sell half as much, the recording after that will only be half as good you could say to make a point. Because we don’t generate enough money to pay a proper producer/ studio. And this is directly in conflict with our ambition, we want to keep improving the recordings. And to be honest, some of us also want to play more live. New bands can’t do this at all, it would be impossible. If you want to start a new band these days, don’t even bother with the CD format, release songs through online services one at the time and build an audience through social media. Then start playing live as soon as you can to expand the audience. Base your income on merchandise and live gigs and use CD releases ONLY as a marketing tool.

P.I.: Unfortunately in 2010, the band’s South America tour (Brazil included) was cancelled and I remember you were really excited to make it. You also cancelled the concert at the Metal Fest in Chile some weeks ago. The South America fan base is really big and passionate. Can we expect to finally see you guys live soon?
Jens: I believe those who follow us on Facebook and Twitter know my frustration with the situation, so let me just answer this like this; No direct plans, but an ambition to go to South America and a solution to our previous problems :)

Borknagar - Vintersorg

P.I.: After 9 records and almost 20 years of career, how to keep the inspiration up still focusing on the band’s proposal? As people and tastes change, how to keep a balance between what you think that fits better the band and what each one of you might want to personally experiment?
Jens: I dunno, the passion will fluctuate, but never go away. I guess that’s why it’s called passion, it’s not explainable. Personal and group interest and priorities are always at conflict, but you’d have to take a tabloid stand to make that a negative thing. I don’t think I have to hide by now that some personal choices have made Borknagar into the inactive band we are today, and some personal choices are also currently at work to change that. This is dynamics and not actual conflict.

P.I.: As I mentioned the almost 20 years of career, which it’s not an easy accomplishment to reach, there are any plans to release a DVD or doing something special for the fans?
Jens: The DVD ambition has been present for 15 years already yes, but we need to be more active and get the band fine-tuned before we record something that we can stand for. All these things go hand in hand.

P.I.: What the band is planning from now on? Most of you have parallel projects as well, but what Borknagar fans can expect after Urd?
Jens: We are “in the market” for some more festival gigs now, but Øystein has also started the writing process for the next album. You know, we don’t live close by each other and don’t meet up very often. In August we’re playing the Brutal Assault festival in Czech and I think some plans will emerge as we come together again.

P.I.: Thank you for your time and the Brazilian fans are looking forward to see the band live here someday! You can leave now a message to your Brazilian fans and readers of Portal do Inferno.
Jens: Yeah, the support from the Brazilian audience is something that has emerged only the last few years, suddenly we discover a huge audience in a country we all really want to visit. I can make sure that coming to Brazil is very high on my list of priorities when we start booking more concerts, so have a little more patience and we will come!