
- O que significa trabalhar com música underground, para você?
Bom, vamos lá. Eu vivencio o Metal Underground desde os anos 80. Sei de todas as dificuldades e obstáculos, bem como, todo o preconceito que uma banda sofre por tocar o seu som. Esse preconceito vem passando de década pra década sem dar sinais de extinção, pelo contrário, parece que ele vem evoluindo a cada geração. Atualmente, o Metal Underground Autoral enfrenta um novo adversário que são as bandas que tocam “covers”. Portas de casas se fechando para o autoral, falta de respeito com músicos autorais, sem falar em todo o esforço que temos que fazer para mostrar nosso som ao vivo. Mas, nada disso nunca será suficiente para me fazer parar e não importa, sempre vou fazer de tudo para lançar álbuns e prensá-los em CD, Vinil e em Fitas K7 que é a expressão máxima da cultura Underground atualmente. Neste exato momento, estou produzindo algumas cópias do álbum “Crossing” em fitas. Desde sua arte gráfica adequada para o encarte até a gravação em tempo real no meu JVC dos anos 80. Resumindo, eu sem a música Underground não seria ninguém.
- “Crossing” é o seu último álbum, como ele vem sendo recebido pela imprensa que já teve acesso a ele?
Está sendo muito bem visto. A exemplo do “Bloody Heart” (2023) e do “Alive” (JAN/2025), esperamos receber boas resenhas também com o “Crossing”.
- Quais as principais diferenças que você enxerga em “Crossing” com relação aos trabalhos que saíram antes dele?
Acho o “Bloody Heart”, que é nosso primeiro álbum, muito bom, mas ele é um álbum mais voltado para a origem da banda que, devido às influências do antigo guitarrista, seguia a linha mais Hard Rock. O “Crossing” tem como grande diferença o processo de composição que recebeu as influências de todos os integrantes do Dicentra. Ficou portanto um pouco mais pesado e com linhas mais direcionadas ao Heavy Metal, nunca abandonando as melodias fortes e harmonias vocais expressivas. Nosso disco ao vivo “Dicentra Alive” que, curiosamente foi lançado 7 meses antes do “Crossing” já demonstrou essa pegada mais Heavy para os headbangers.
- “Crossing” possui músicas muito fortes? Quais as suas expectativas do disco com relação aos fãs?
Como todos os trabalhos lançados, sempre esperamos agradar ao máximo todos aqueles que nos escutam e admiram, por isso, não canso de mencionar, todo o trabalho do Dicentra, desde a composição das canções, construção das letras e efetivas gravações em estúdio, é sempre realizado com imensa honestidade. Fazemos questão que as pessoas percebam, ao ouvir nossas canções, toda a dedicação e a paixão que colocamos em cada riff, em cada melodia vocal, em cada solo de guitarra ou linha de baixo. Estamos ansiosos pelos “feedbacks”!
- A arte da capa foi assinada por qual profissional? Qual o significado dela?
A arte da capa do “Crossing”, assim como do “Bloody Heart” foi desenvolvida pela designer Kell Cândido que, realmente, se superou nestes dois trabalhos, especialmente no “Crossing”. E não falamos apenas da arte da capa mas, de todo o encarte de ambos os discos. Sensacional! Quanto ao significado da capa posso dizer que ela retrata a passagem entre a vida e a morte. O portal para um mundo bem mais justo, pelo qual nenhum ser humano conseguirá passar. Apenas os animais viverão em liberdade, como deveria ter sido desde a criação. Esse tema é bem explorado em todas as canções do álbum, principalmente na canção “Aluminium” que fecha o disco.
- O que você pode nos falar sobre a pós produção do disco? Como se deram a mixagem e masterização dele?
Tanto a mix como a master do “Crossing” foram feitas no MixMusic Studio pelo nosso produtor Fábio Ferreira. Foi um processo bem demorado que rendeu o envio de inúmeras provas até acertarmos a melhor sonoridade para o “Crossing”. Alguns aspectos relacionados aos solos e entrada dos vocais e backing vocals nas canções, foram especificamente abordados, mas chegamos a um resultado belíssimo e sentimos muito orgulho ao final.
- “Crossing” ganhará uma tiragem limitada em CD? Existem planos para uma produção em maior escala neste sentido?
Sim. A tiragem inicial será de 400 cópias, mas já estamos estudando a possibilidade de aumentar essa quantidade de acordo com a receptividade do público e a distribuição pelo país e fora dele. Estamos pensando também na produção de algumas cópias em vinil que, pra mim em particular, será um sonho realizado.
- Como tem sido os shows desta fase da sua carreira? O público está conseguindo assimilar as músicas do álbum?
Os shows do Dicentra são sempre muito empolgantes. Temos vários diferenciais na banda, como as duas “backing vocals” femininas que fazem parte efetivamente da formação e não são meras convidadas. O fato do baterista ser o vocalista principal do Dicentra também é bem curioso e, o público elogia e admira bastante esses diferenciais. Além disso, as músicas são bem fáceis de gravar na mente e o pequeno público fiel do Dicentra já canta junto algumas canções. Isso, sem dúvidas, é a melhor coisa que pode acontecer para uma banda de Metal Autoral.
- Imagino que foi desafiador escrever esse disco. Rolou alguma pressão da gravadora para que chegassem em um nível específico?
De forma alguma. Estamos em parceria com a MS Metal Records e trabalhamos com total liberdade de composição. A relação entre as partes é bem flexível e de fácil entendimento. Buscamos sempre o que for de melhor para a banda.
- Obrigado pelo tempo concedido a nós do Portal do Inferno. Mandem notícias da cena do interior de São Paulo, por gentileza.
Nós que agradecemos o interesse de vocês do Portal do Inferno. O Dicentra é uma banda relativamente nova, apenas três anos, mas nesse tempo já lançamos três álbuns bastante honestos dentro do nosso estilo. As bandas do interior, mais especificamente da região 019, são bandas extremamente competentes em seus shows e produções. Posso mencionar o Desdominus, Caos Onipresente, Projeto Mayhem, Rethurno e muitas outras que trabalham a cada dia para sempre estarem em evolução, elevando a força do Metal Autoral no interior.