Seis anos se passaram, desde o último show do Rage no Brasil, no Live ‘n’ Louder. Em 27 anos de carreira, a banda passou por muitas mudanças na sua formação, completou uma admirável lista de 19 álbuns oficiais lançados e esteve em turnê nos principais festivais do mundo.
Nos dias 18 e 19 de junho, finalmente, o jejum foi quebrado e o Rage chegou ao País para duas apresentações: em Brasília e em São Paulo. Algumas horas antes do segundo show, um grupo de fãs presenteou a banda com uma placa homenageando os 27 anos de estrada e, após mostrar muita atenção e simpatia com os admiradores, Peter “Peavy” Wagner (vocalista) e Victor Smolski (guitarrista) concederam uma entrevista exclusiva ao Portal do Inferno. Confiram:
Portal do Inferno: O álbum mais recente do Rage, Strings to a Web, foi lançado em 2010. Qual é o conceito deste álbum? Qual foi a inspiração para criá-lo?
Victor Smolski: Não se trata de um álbum conceitual, colocamos nele toda a força do Rage, um pouco de orquestra, música clássica misturada com metal, progressivo, é um álbum forte. Fizemos muitos experimentos, então, acho que em Strings to a Web você encontra diversos estilos. Recebemos muitas respostas positivas nos nossos shows. Ao mesmo tempo, sempre questionam porque colocamos tanta orquestra ou porque não colocamos mais, então, no futuro, decidimos separar o heavy metal da música clássica (Lingua Mortis Orchestra, projeto paralelo de Smolski) em CDs diferentes.
P.I.: O que faz desse álbum melhor ou diferente na carreira do Rage?
Victor: Talvez porque juntamos tantos elementos diferentes. Todo CD do Rage é diferente.
Peavy Wagner: Acho que este álbum vai direto ao ponto, se compararmos aos que lançamos na década de 1990. É uma mistura maravilhosa de tudo o que fizemos na nossa carreira. É bem homogêneo. É algo que funcionou e nós gostamos.
P.I.: Vocês acabaram de fazer um show inusitado no Sweden Rock Festival, com um setlist acústico. Como foi essa experiência e como surgiu essa ideia?
Victor: Este foi o segundo show que fizemos isso e ainda teremos mais um ou dois nesta turnê. É divertido, pois eu toco cello. As músicas ganham outro tipo de poder dessa forma.
Peavy: É bem estranho (risos). Tocamos um setlist de uma hora e meia. É muito difícil manter a atenção do público por esse tempo e, por incrível que pareça, conseguimos! Tocamos músicas fortes e o público gostou muito.
P.I.: Victor, além da turnê com a banda, você também promove workshops em alguns países por onde passam. Conte um pouco sobre esse outro lado.
Victor: Eu tenho a minha escola de música e conto com muitos parceiros, como os amplificadores Engl e a Yamaha e tenho uma boa ligação com outras escolas, como a New Musical Academy. Então, eu combino o ensino e a música nesses workshops e me agrada, porque posso me conectar com pessoas de todo o mundo, que, de alguma forma, não podem ir até a minha escola por uma semana ou duas para treinar. Além de workshops, também acompanho ensaios de bandas novas, dou uma força no estúdio, é outra parte do meu trabalho muito interessante.
P.I.: Quais são os planos para o futuro do Rage? Já têm idéias para o próximo álbum?
Peavy: Nós estamos em turnê há um ano e meio e, enfim, chegando ao final desta etapa. E, antes de qualquer coisa, precisamos de férias (risos)!. Precisamos de um tempo para encontramos inspiração e vamos esperar para que todos tragam boas ideias após esse tempo para começarmos as composições. Algumas bandas – sem citar nomes – lançam sempre as mesmas coisas por muitos anos e não queremos isso pro Rage, por isso, temos o nosso tempo.
Victor: Talvez em outubro ou novembro a gente já comece esse processo e o lançamento fica para o ano que vem. Mas sem pressão! Não temos um tempo determinado para gravarmos, podemos lançar o que e quando quisermos (risos). Nós realmente gostamos do nosso trabalho, temos prazer em fazê-lo e queremos que agrade nossos fãs.
P.I.: Peavy, você está na banda desde o começo. Como você avalia esses 27 anos de Rage?
Peavy: Há 27 anos nós lançamos o primeiro álbum, Reign of Fear. É muito tempo, boa parte da minha vida. Passamos por algumas mudanças na formação e agora nos encontramos e estou muito feliz. Estamos a mais tempo na estrada do que os Beatles ficaram (risos)!
P.I.: Victor, fale um pouco sobre o seu envolvimento com a música clássica. De que forma ela pode mudar positivamente o heavy metal?
Victor: Eu comecei meus estudos na música clássica, aos seis anos, no conservatório. Tinha um ritmo muito puxado, exige que você pratique todos os dias. Comecei com cello e piano, e gosto muito, pois venho de uma família de músicos clássicos. E, depois, eu descobri a guitarra e o rock e senti que era melhor para mim. Gosto de muitos estilos na guitarra, como o jazz. Mas, na verdade, para mim não faz diferença compor um rock para o Rage ou música clássica para a Lingua Mortis Orchestra, tenho os mesmos sentimentos por ambos os estilos, são apenas instrumentos e arranjos diferentes.
Para o ano que vem tenho um projeto bem legal com o meu pai. Ele compôs seis óperas para um projeto grande e espero poder finalizá-lo em setembro de 2012.
Acho que a música clássica me ajuda muito, inclusive no heavy metal, com a teoria, educação clássica, como fazer os arranjos, etc.
P.I.: Vocês estiveram no cruzeiro 70.000 Tons of Metal, com muitas outras bandas. O que acharam desta forma diferente de estarem perto dos fãs? Já tinham feito algo parecido antes?
Peavy: É engraçado tocar em um navio. Foi, na verdade, férias de cinco dias para todos, curtindo o sol, tocando de vez em quando. Não havia nada que separasse os fãs das bandas, sem área VIP ou backstage.
Victor: Foi a segunda vez que fizemos isso. Eu me esqueci de dormir (risos)!
P.I.: Iriam nesse cruzeiro novamente?
Victor: Sim, com certeza!
Peavy: Todas as bandas do mundo querem fazer isso agora! E para os fãs é ótimo também. É um pouco caro, mas quem tiver a chance de participar, aconselho que faça, pois é uma experiência maravilhosa. Vale à pena.
P.I.: O que os fãs podem esperar para esse show de São Paulo?
Peavy: Muita música!
Victor: Fizemos um show fantástico em Brasília. Esperamos fazer o mesmo, ou talvez melhor. Tenho certeza que todos vão gostar. Faz seis anos desde a última vez que tocamos aqui e foi muito bom também. E, claro, temos um setlist especial com músicas novas e antigas.
Peavy: Não temos um tempo limitado hoje, como em festivais, temos o nosso tempo, sem outras bandas.
P.I.: E, finalmente, deixem uma mensagem para os fãs do Rage no Brasil.
Peavy: Obrigado por estarem com a gente este tempo todo! Sem os fãs não poderíamos fazer nada. Acabamos de receber um grupo de fãs aqui no hotel e eles nos entregaram uma placa e, wow, é impressionante essa dedicação.
Victor: Sim, o apoio de todos é muito importante pra gente, nos fortalece. Vocês moram em um país lindo e é ótimo estar aqui. É uma pena que a gente não tenha tempo suficiente para conhecê-lo. Infelizmente a gente chega num lugar, toca e vai embora, mas podemos sentir o carinho dos nossos fãs por onde passamos e isso é muito bom.