No dia de estreia da Copa do Mundo de Futebol Feminino 2019, damos sequência à Copa Feminina do Metal. Nessa parte do Especial, damos destaques aos grupos C e D, que contam com Austrália, Itália e Brasil no grupo C (não foram encontradas bandas de metal com mulheres na formação na Jamaica) e Inglaterra, Escócia, Argentina e Japão.  Confira abaixo.

(Copa Feminina do Metal Grupos A e B)

GRUPO C

Austrália:

(Flávio Diniz)

A seleção australiana de futebol feminino não é uma grande protagonista dentre os times classificados para o torneio deste ano. Dentre seus grandes feitos no mundial estão um sexto lugar em 2007 e a participação em todas as edições da Copa do Mundo desde 1995. Suas melhores campanhas foram em 2007, 2011 e 2015, quando chegaram às quartas de final. O mesmo se repete nos Jogos Olímpicos. Participaram de três edições e também nunca avançaram além das quartas de final. Seus títulos ficam restritos à uma Copa da Ásia (2010) e três conquistas do Campeonato da Oceania (1995, 1998 e 2003). No entanto, mesmo sem grandes conquistas, as Matildas (maneira como são chamadas as jogadoras australianas) são consideradas favoritas do grupo C, que tem ainda Brasil, Itália e Jamaica. Lideradas pela craque do time, Sam Kerr, a seleção cresce junto com a empolgação do país com o esporte. Atualmente o futebol é o esporte mais jogado em clubes da Austrália, vencendo até mesmo o Rugby e o Críquete. Uma boa campanha neste mundial certamente fará a popularidade do esporte aumentar ainda mais.

Sem nenhum nome figurando entre os principais do mainstream mundial, a cena australiana do metal resume-se à inúmeras boas bandas do underground. Suas principais referências no rock são, obviamente o AC/DC e o Airbourne, que segue uma linha parecida com a primeira. Na parte mais subterrânea da música pesada, escavamos o Black Like Vengeance. Oriunda de Melbourne e fundada em 2005, a banda não é um exemplo de produtividade. Possuem apenas uma demo e um álbum, mas qualidade sim, possuem de sobra. Sua música transita entre o Melodic Death/Thrash Metal, com a nervosa Sheri Vengeance atrás dos microfones, destilando uma boa variedade de vocais, gutural grave, rasgado e até agudo limpo. Nota-se uma influência de Arch Enemy e uma pitada de Lamb of God em suas composições. “Snuff Is My Business” é uma faixa do álbum “Empty As The Day”, lançado em 2007 e dá uma boa ideia do que é a banda. Ouça abaixo:

Itália

(Flávio Diniz)

Se a seleção masculina de futebol está entre as três maiores vencedoras da história, com um tetracampeonato mundial ao lado de Alemanha e um título atrás do Brasil, a feminina está bem longe disso. Dentre suas melhores campanhas estão dois vice campeonatos da Eurocopa (1983 e 1999). De sete edições realizadas até o momento, as italianas só marcaram presença duas vezes e somente em sua primeira participação, em 1991, foram além da fase de grupos, ficando pelo caminho ao encarar a Noruega. Com o atual aumento de patrocínios para a seleção e incentivo de público e mídia, a Itália aspira voos mais altos e busca sua melhor campanha.

Terra natal de bandas como Rhapsody, Lacuna Coil, Luca Turilli e Graveworm, a Itália viu em 1988 o surgimento de uma banda obscura, que abordava temas como ocultismo, bruxaria, magia negra e paganismo. Essa banda era o Opera IX. Em 1992, juntou-se à banda a vocalista Cadaveria, com vocais rasgados, agressivos e atmosféricos que casavam perfeitamente à musicalidade sombria do grupo. Cadaveria gravou três álbuns com o Opera IX, o último intitulado “The Black Opera: Symphoniae Mysteriorum in Laudem Tenebrarum” é considerado um de seus melhores trabalhos. Em 2001 a vocalista e o baterista Flegias deixaram a banda, para iniciar a carreira solo de Cadaveria. Seu primeiro álbum, “The Shadow’s Madame” foi bem recebido por fãs e mídia. Sua nova música manteve a essência do que cantava anteriormente, mas com mais liberdade para explorar outras áreas. O som da Cadaveria é, no geral, mais comercial que do Opera IX, não tão obscuro e denso, apostando em levadas e peso em certos momentos, com diferentes influências e que dão um grande resultado final. Sua voz limpa também é mais explorada atualmente. Cadaveria possui cinco álbuns lançados. A faixa “Strangled Idols” retirada de “Silence” (2014) ganhou um bem produzido videoclipe.

Confira abaixo.

https://www.youtube.com/watch?v=C1jyTEwL-Ss

Brasil
(Flávio Diniz)

O país do futebol ainda está atrás de seu primeiro título mundial no futebol feminino. A seleção brasileira, liderada pela capitã Marta, a maior jogadora de futebol de todos os tempos, ostentando cinco prêmios de melhor jogadora do mundo (sendo quatro consecutivos) e uma Bola de Ouro da FIFA possui muitas conquistas, mas na Copa do Mundo, suas melhores campanhas foram um segundo lugar em 2007 e terceiro em 1999. As brasileiras também nunca conquistaram um ouro olímpico, mas possuem duas medalhas de prata (2004 e 2008). No entanto, sobram com folga na América do Sul. Em oito edições realizadas até o momento, o Brasil chegou em todas as finais e levou nada menos do que sete títulos. Seis, de maneira invicta. Invictas também foram as três conquistas das medalhas de ouro dos jogos Pan-Americanos. As brasileiras serão mais uma vez comandadas pelo contestado técnico Vadão. Longe de ser uma unanimidade e com uma péssima campanha recente, tendo perdido nove dos últimos dez jogos, o técnico ainda ganhou os holofotes de forma negativa ao fazer uma confusão geográfica, relacionado a Jamaica, que está em seu grupo à África. Vadão à parte, a esperança da torcida fica, mais uma vez sobre Marta, Cristiane, Formiga e companhia.

Destacar uma única banda no Brasil, com ou sem mulheres em sua formação não é nada fácil. Existe um número imenso de bandas de qualidade e escolher apenas uma parece injusto. Focando em grupos com mulheres em sua formação, o que parece é que nunca houve um melhor momento do que o atual. Durante a escolha, passamos por nomes óbvios e excelentes que poderiam ilustrar essa matéria fácil e merecidamente, como Nervosa, Torture Squad, Hatefulmurder, Miasthenia, Sacrificed, etc. O power trio da Nervosa é sempre o nome de destaque quando o assunto é bandas de metal com mulheres. Certamente no Brasil é a banda mais ativa e por que não, famosa? Estão sempre excursionando na Europa, América do Norte e demais locais. Sua luta é tão merecida que achamos justo usar uma imagem da banda para ilustrar esta matéria. No entanto, a escolha caiu mais para o lado do gosto pessoal e o som que sugiro como representante BR é o brutal death metal da Valhalla. Fundada em Brasília em 1990, a banda contou com as três irmãs Andrea, Adriana e Alessandra Tavares desde seus primeiros registros. Passaram por diversas mudanças na formação. Das irmãs, a primeira a deixar o posto foi a vocalista Andrea em 2000. Alessandra, a guitarrista, permaneceu até 2018, deixando somente a guitarrista Adriana, que gravou também o baixo do último trabalho da banda, o EP “Evil Fills Me” (2014). Três bateristas homens passaram pela banda, dentre eles, Kayo Jon, ex-Dark Avenger. Nenhum dos três chegou a gravar nada com a banda. Atualmente a formação da Valhalla é: Adriana Tavares (guitarra), Ariadne Souza (bateria/vocal) e Michele Godinho (baixo). Ouça abaixo o último trabalho lançado pelas brasilienses.

Grupo D

Inglaterra
(Flávio Diniz)

Um terceiro lugar na Copa do Mundo de 2015 e dois vice campeonatos nas Eurocopas de 1984 e 2009 são os maiores feitos da seleção inglesa de futebol feminino. Atualmente ocupam a quarta posição no Ranking Mundial da FIFA, à frente até mesmo de duas campeãs mundiais, Japão e Noruega. As inglesas chegam à sua terceira copa do mundo empolgadas pela posição no ranking, pela busca ao primeiro título e pelo grande investimento milionário feito em seu país pelo Banco Barclays, patrocinadora da Premiers League. O valor divulgado para o futebol feminino inglês é de 10 milhões de Libras, o equivalente a mais de 51 milhões de reais. A quantia representa um recorde de investimento em um esporte feminino no Reino Unido. A Federação Inglesa considera que esse tipo de investimento será uma transformação no futuro do futebol feminino inglês. A meta é transformar a Womans Super League Barclays na liga de maior sucesso do mundo. Dentro e fora do campo.

Com uma carreira consolidada e uma das referências no estilo Gothic/Doom Metal, o My Dying Bride chegou esta semana a vinte e nove anos de estrada. A banda foi fundada em junho de 1990 na cidade de Halifax, localizada no Condado de West Yorkshire, com quase 90 mil habitantes. Com treze álbuns em sua discografia e diversos outros registros, os ingleses convidaram em 2007 a japonesa Lena Abé para assumir o baixo deixado por Adrian Jackson. A baixista, desde então, gravou três álbuns, além de outros EPs. Lena também passou por uma banda inglesa chamada Severed Head, de Death/Black Metal que conta somente com mulheres na formação. As letras do My Dying Bride abordam desespero, dor, romance e depressão. A música e a atmosfera da banda deixam tudo isso transparente e casam perfeitamente com os temas. “Feel The Misery” é o nome do último álbum de inéditas, lançado em 2015. Confira abaixo o videoclipe da faixa título deste trabalho. Um vídeo com uma grande produção, entregando à música um resultado pra lá de satisfatório.

Escócia:
(Leonardo Cantarelli)

O Queen’s Park é um modesto time da Escócia e atualmente irrelevante no cenário internacional. Entretanto esse clube de Glasgow é considerado um revolucionário no jeito de jogar futebol. Muito do que se parece comum dentro das 4 linhas atualmente, foi o Queen’s Park que implantou.

No final do século XIX, os clubes de futebol jogavam como as crianças fazem atualmente. Pegam a bola e vão correndo loucamente até a direção do gol. Foi o Queen’s Park que introduziu as trocas de passes e procurar outras estratégias para chegar à meta adversária. Outras sugestões dadas por esse clube foi o intervalo durante os 2 tempos de uma partida e sugeriu as cobranças de faltas.

O primeiro amistoso da história do futebol entre países foi Inglaterra x Escócia e foi idealizado pelo Queen’s Park. Tanto que as cores do time foram depois adotadas pela própria seleção escocesa (o tradicional azul-marinho). No momento, o clube disputa as divisões inferiores da Escócia e infelizmente seu país em competições entre nações está em um terceiro escalão.

Quem vem honrando a rica tradição da pequena nação britânica nos últimos anos são as mulheres. Em 2017, as escocesas participaram pela primeira vez da Eurocopa (não passando da fase de grupos) e agora estrearão em Copas do Mundo. Terão como adversárias, a arquirrival Inglaterra (onde ambas se enfrentaram na Eurocopa e as inglesas venceram por 6 a 0), a Argentina e o Japão. O grupo não é fácil e a meta é ao menos conseguir algum triunfo. Sonhar com uma vaga nas oitavas de final.

Sobre rock e heavy metal, o grande legado que os escoceses nos deixaram foi o Nazareth. Surgido no final dos anos 60, o quarteto de Dufermline é considerado um dos pioneiros do hard rock.

Atualmente o que predomina naquela região, são bandas de folk e power metal. O grande símbolo é o Alestorm que adora falar sobre bebedeiras, festas, aventuras e tudo que anima o ser humano.

Falando sobre mulheres, o grande destaque fica para The Amorettes. A banda toca um hard rock/metal extremamente cativante e que nos encanta logo no primeiro minuto de qualquer música. Há uma pitada de Runnaways e similaridades com a sueca Crucified Barbara (os vocais e riffs de guitarras).

O destaque fica para o clipe ‘Everything I learned- I learned from Rock and Roll.’

Argentina:
(Leonardo Cantarelli)

O futebol feminino no continente sul-americano ainda é muito fraco. Principalmente se comparado com outras potências como algumas seleções europeias, Estados Unidos e Japão. Na América do Sul o Brasil sobra, enquanto os outros países duelam por um honroso segundo lugar. Para se ter uma ideia dessa disparidade, na última Copa América, as brasileiras foram campeãs vencendo os 7 jogos que disputaram, anotando 31 gols e sofrendo apenas 2. As chilenas foram vice-campeãs, e a Argentina ficou em terceiro. Com isso, as argentinas fizeram uma repescagem contra o Panamá, para decidir uma vaga no Mundial da França em 2019. As Albicelestes bateram as centro-americanas e voltam ao principal torneio entre seleções, após 2 edições ausentes.

O sentimento no país vizinho é muito semelhante ao nosso em relação a conseguir melhores condições de trabalho para as jogadoras. Lutar, protestar e pedir mais igualdade em relação ao tratamento dado aos homens.
Logo, a expectativa não é grande na França, uma vez que não é favorita para avançar de fase.

Em se tratando de heavy metal, as principais bandas argentinas seguem sendo o Rata Blanca, com um som e letras extremamente melosos e o A.N.I.M.A.L. que nos primeiros álbuns praticava thrash metal e depois o estilo ficou próximo do new metal.

Já o metal entre as mulheres chama atenção o quão escasso é o número de bandas. Se encontram poucas e mesmo assim se nota que não possuem tanta popularidade. A mais famosa é a Boanerges que existe desde o começo dos anos 90 e estilo se classifica como white/power metal.

No entanto, a que destaco aqui é o Utópica. Uma banda fundada em 2016, na região de Buenos Aires, que pratica um metal sinfônico e tem como vocalista Karina Conicello.Com apenas um álbum lançado, ‘Memórias de Ficción`, o destaque fica para o clipe da música: Los Olvidados.

Confira:

Japão:
(Leonardo Cantarelli)

O futebol no Japão começou a crescer a partir dos anos 90. Até então o esporte preferido dos nipônicos era o baseball. Atualmente, os dois esportes dividem a população. No futebol masculino, desde 1998, os Samurais marcam presença em Copas do Mundo (sendo que co-sediaram uma em 2002 com a Coreia do Sul). Em 3 ocasiões já chegaram às oitavas de final. Na Ásia já são tetracampeões continentais e reconhecidamente uma das potências. Há jogadores que atuam em grandes ligas europeias como Shinji Kagawa e Shinji Okazaki.

Já as mulheres conseguiram um feito incrível que foi o título da Copa do Mundo de 2011. Após ficarem em segundo lugar na chave, as Samurais eliminaram nas quartas de final a anfitriã Alemanha e depois superaram a Suécia e na decisão, nos pênaltis, bateram os Estados Unidos. 3 triunfos sobre 3 favoritas ao título. Até hoje é a única seleção asiática (tanto no masculino como no feminino) a conquistar uma Copa do Mundo. Quatro anos depois, foram vice-campeãs do mundo, sofrendo a revanche diante das estadunidenses na final (5×2).

Diferente do futebol, o rock n’roll é uma ‘febre’ há muito tempo na Terra do Sol Nascente. Desde o primórdio as bandas de heavy metal conseguem sucesso em solos japoneses. Inclusive muitas brasileiras tem um grande nicho por lá.

O metal feminino no Japão chamou a atenção nos anos 80 com a Show-ya. Uma banda totalmente composta por mulheres que pratica um hard rock em alto nível e é consagrada no mundo todo.
Nos anos 2000 sugiram grupos com uma característica muito semelhante: mulheres com aparência de adolescentes/pré-adolescentes e com algum traje específico (colegiais, roupas que remetem a épocas mais históricas e etc.). Os sons variam de um pop/hard até um power metal. Como um todo, embora seja algo inovador no heavy metal, a qualidade deixa a desejar.

Entretanto, há grupos que praticam um metal mais tradicional e ‘à moda antiga’. O destaque aqui fica para as meninas do : Flagitious Idiosyncrasy In The Dilapidation.

O quarteto oriundo de Tóquio pratica um death/grind de impor respeito. O grupo existe desde 2001 e já lançou dois álbuns.

Confira abaixo um vídeo delas se apresentando em um festival de metal: