Nos últimos anos, muitas bandas de folk metal se apresentaram no Brasil, sendo que algumas delas fizeram mais de um show por aqui. Com tantas apresentações de diversos representantes do gênero, era de se espantar que os finlandeses do Ensiferum ainda não tivessem pisado em terras brasileiras (e sul-americanas). Para preencher esta lacuna, finalmente a banda incluiu a América do Sul na sua rota de shows, e ainda com duas datas no Brasil: dia 1º de junho, no Carioca Club, em São Paulo, e no dia 2, no Teatro Odisséia, no Rio de Janeiro.

Algumas semanas antes do show, a banda cancelou duas apresentações na Europa devido a problemas de saúde do guitarrista Markus, e no dia 24 de maio foi anunciado que a tecladista Emmi Silvennoinen não tocaria na turnê. Mesmo com essas intempéries, os finlandeses honraram o compromisso e seguiram em frente com todos os shows no continente, para o alívio daqueles que esperavam há pelo menos uma década por este momento.

Ensiferum

Alguns fãs chegaram cedo ao Carioca Club, no sábado, e como não haveria show de abertura tocando, assim que as portas foram abertas, o pessoal já começou a se posicionar para esperar a banda entrar direto no palco. O início da apresentação estava marcado para as 19h30, e com um pequeno atraso de poucos minutos, a intro Symbols começou a tocar. Antes de ela acabar, a banda subiu ao palco e a apresentação começou de fato com In My Sword I Trust, a mesma dobradinha do álbum mais recente da banda, Unsung Heroes. As músicas Guardians of Fate e From Afar foram rapidamente emendadas às duas primeiras, sem dar tempo para os fãs recuperarem o fôlego.

Logo nesse comecinho, já ficou claro qual seria o principal entertainer da noite: o baixista Sami Hinkka. O finlandês demonstrou uma instantânea simpatia e desenvoltura, sempre correndo de um lado para o outro do palco e interagindo muito com o público. Entre uma música e outra, lá estava ele dedilhando alguma coisa no baixo, falando rapidamente com os fãs ou levantando um copo com um “misterioso” líquido transparente. Burning Leaves e One More Magic Potion, com um ritmo um pouco mais lento que as primeiras músicas, provavelmente serviriam para acalmar um pouco os ânimos, mas o público continuou agitando bastante, e se o vocalista e guitarrista Petri Lindroos estava mais tímido no começo, aos poucos acabou se soltando e liderando todos os fãs com a ajuda de Sami. Juntando o guitarrista Markus Toivonen à equação, os três, sempre que possível, alternavam os seus lugares no palco, criando uma dinâmica bastante interessante.

Sami Hinkka - Ensiferum

Em um dos raros intervalos entre as músicas, o vocalista, em um gesto bem legal de satisfação aos fãs, conversou rapidamente com o público sobre o fato de a tecladista Emmi não ter viajado para fazer a turnê (por problemas pessoais, segundo ele), e prometeu que numa próxima visita ao País ela estaria junto com a banda. Igualmente “respeitosa” foi a manobra escolhida pelo Ensiferum para suprir a falta da tecladista: foram utilizadas backing tracks, ao invés de um(a) possível substituto(a), e mesmo sem o teclado “ao vivo”, a qualidade da apresentação das músicas não foi afetada.

Um dos pontos altos da noite foi durante a épica Stone Cold Metal, pois além de ser uma das canções mais ousadas da discografia dos finlandeses (com direito a toques western), o baixista Sami pulou do palco com o baixo e ficou de frente para o público que estava na grade de uma das laterais do Carioca, o que fez com que todo mundo se espremesse na sua direção, para tentar ficar mais pertinho dele. Outro destaque ficou por conta da clássica Iron, última faixa antes do bis e um dos maiores sucessos do Ensiferum, na qual o público seguiu a tradição de quando a banda toca essa faixa ao vivo e cantou sobre as partes gravadas do teclado. Sem a presença de Emmi no palco, o coro dos fãs acabou tendo um gostinho especial, quase como uma homenagem à tecladista.

Petri Lindroos - Ensiferum

Quando parte da banda saiu para descansar rapidamente antes do bis, Hinkka continuou no palco tocando, apenas reafirmando que mesmo depois de tanta agitação, ele ainda tinha energia de sobra para o fim do show. Com o fôlego retomado, o restante da banda voltou com o combo de hits Twilight Tavern e Lai Lai Hei, com os fãs cantando as partes em finlandês da última a plenos pulmões. Battle Song, mais um clássico da banda e que veio acompanhada por uma jam, foi a escolhida para fechar a noite, agitando bastante o público até a última nota.

Apresentando um repertório bem variado e com músicas de quase todos os trabalhos, buscando ao mesmo tempo divulgar o novo disco e também tocar os clássicos para um público que estava prestigiando o seu trabalho pela primeira vez, o Ensiferum conseguiu fazer um show quase impecável. Talvez um detalhe que tenha passado batido foi o fato de a banda não ter tocado nada do EP Dragonheads, pois este foi o primeiro trabalho que introduziu três integrantes da atual formação à banda e cuja faixa-título foi pedida por alguns fãs durante o show. Mas ao mesclar uma performance matadora e direta ao ponto e ainda demonstrando bastante carisma e simpatia, os guerreiros finlandeses aparentemente encontraram os ingredientes corretos para marcar de maneira positiva a tão aguardada primeira passagem pelo Brasil.

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Set list:

Symbols
In My Sword I Trust
Guardians of Fate
From Afar
Burning Leaves
One More Magic Potion
Into Battle
Stone Cold Metal
Retribution Shall Be Mine
Token of Time
Ahti
Victory Song
Iron

Bis:
Twilight Tavern
Lai Lai Hei
Battle Song