Eita terça-feira dos infernos em que foi aberto o portal do inferno e o capeta veio montado em dois bumbos na velocidade da luz.

Quem comandou o petardo foram duas lendas da música extrema mundial: diretamente do Rio Grande do Sul, os guerreiros death metal do Krisiun e os malucos mexicanos do Brujeria.

A celebração infernal teve o espaço 555 no centro de São Paulo como casa e o público não decepcionou, lotando a local em um dia que normalmente a galera não sai de casa, provando a fidelidade do público metal que vai sempre ver quem curte seja o dia que for.

Krisiun

Prestes a lançar um novo disco, o Krisiun entrou no palco 20h15 com uma introdução ao som do violão com uns cantos meio indígenas até o som ser rasgado pelas guitarras e bumbos. O power trio é conhecido pela qualidade técnica e brutalidade em suas apresentações. Sempre simpático, o baixista e vocal Alex Camargo abriu o show dizendo que é sempre um prazer tocar na cidade que abrigou o Krisiun desde o início da banda, e que tocar ali perto da galeria trazia um sentimento nostálgico de quando eles não eram ninguém e ficavam tomando umas bebidas baratas e conhecendo quem era quem da cena por aqui.

O setlist passeou por diversas fases da carreira, principalmente mostrando o quanto a banda evoluiu com o tempo. De uma banda que tocava mais rápido que a velocidade da luz e foi se tornando mais cadenciada e embutindo outros referenciais no som fazendo com que fez eles expandirem para o melhor, sem medo de soar moderno ou deixar os fãs old school chateados.

Tanto o Max Kolesne na bateria e o guitarrista Moyses Kolesne são referências em seus instrumentos. Poucos instrumentistas na música são tão técnicos quanto os dois. Eles sobram em relação a outras lendas do death metal mundial. É um show a parte acompanhar a performance dos dois. Durante o setlist da banda, teve espaço para o tradicional solo de batera do Max. Para quem algum dia teve dúvidas se ele usava bateria eletrônica ou não, todo mundo ficou de cara com ele tocando, um trator descontrolado descendo a ladeira em alta velocidade.

Ver o Krisiun ao vivo é sempre sucesso e como eles mesmo dizem, a maior motivação da banda a continuar tocando é o público que faz com que eles acreditem no poder do metal que os levam a continuar carregando a bandeira do som pesado brasileiro pelo mundo afora. Tivemos tempo para uma homenagem ao finado Lemmy tocando “Ace of Spades” e uma música dedicada ao Toninho Iron, presidente do fã clube do Sepultura e peça fundamental para a levantada da banda nos anos 90. Showzaço!

Setlist
1. Ominous
2. Ravager
3. Combustion Inferno
4. Blood of Lions
5. Ways of Barbarism
6. Vengeance’s Revelation
7. Descending Abomination
8. Apocalyptic Victory
9. Ace of Spades (Motörhead cover)
10. Hatred Inherit
11. Drum Solo
12. Kings of Killing

Brujeria

Pela sexta vez no Brasil, cada vez com uma formação diferente, Juan Brujo e seus companheiros trouxeram suas letras ácidas e toda agressividade para um público sedento por mais uma tour do Brujeria no país. Sempre que tocam por aqui lotam e desta vez não foi diferente, mais de 700 pessoas se espremeram na frente do palco para ficar perto dos brujos.

Com 45 minutos de atraso, uma criança de uns 6 anos sobe ao palco mascarada e anuncia o começo do show. Logo a banda entra tocando “Cuiden a Los Niños”, o som estava mais limpo e cristalino que o show do Krisiun, mas foi na segunda música “La ley de Plomo” que abriu a primeira roda e dali pra frente foi só pancada, uma atrás da outra. “El Desmadre”, “Colas de Rata” e o maior hit da banda no Brasil, “La Migra”. Curioso pois quem fez esta música estourar nos anos 90 foi o vocalista do RDP, João Gordo, que passava o clipe toda hora na finada MTV Brasil. Para melhorar, o mesmo estava presente junto da sua mulher e filho no show.

Fazendo a segunda voz, El Sangrón perguntou cadê os loucos de São Paulo antes de tocarem “Hechando Chingasos”. A divisão de dois vocalistas dá uma baita dinâmica para a presentação. Após um salve de xingamentos para o presidente dos EUA, tocaram a nova “¡Viva Presidente Trump!” com todos da plateia com os dedos do meio levantados.

Na música “Satongo”, pudemos conferir a potência da banda e principalmente do baterista, Hongo Jr, mais conhecido como Nicholas Barker, que já passou por bandas como Testament, Dimmu Borgir e Cradle of Filth. O cara é uma máquina humana que impressiona por sua precisão.

Fato curioso do show: na música “Division del Norte”, o vocalista Juan Brujo ficou imitando um soldado, cantando com os braço em frente o peito como se fizesse uma saudação militar. Empolgado pelo show, o líder da banda pediu ao público brasileiro um pouco da marijuana brasileira, mas só após duas músicas seu pedido foi atendido. Para completar o espírito fanfarrão do show, alguém deu para ele uma placa escrita de um lado “Sí” e do outro “No”. Já sabemos que era hora de tocarem “Consejos Narcos” e para ficar virando a plaquinha guiando o público para cantar, subiram três ou quatro meninas da plateia no palco e ai virou uma zona total.

Para finalizar ainda tocaram o clássico “Matando Güeros” e terminaram com o playback disco music “Marijuana”, versão bruja de “Macarena”. Com todos felizes e satisfeitos, o Brujeria terminou mais um giro pelo Brasil em alto estilo. Parabéns pela Agência Sobcontrole pelo show.

Setlist
1. Cuiden a los niños
2. La ley de plomo
3. El desmadre
4. Colas de rata
5. La migra (Cruza la frontera II)
6. Hechando chingasos (Greñudo locos II)
7. ¡Viva Presidente Trump!
8. Ángel de la frontera
9. Satongo
10. Desperado
11. Raza odiada (Pito Wilson)
12. Brujerizmo
13. Anti-Castro
14. Division del norte
15. Marcha de odio
16. Revolución
17. Consejos narcos
18. No aceptan imitaciones
19. Matando güeros
20. Marijuana