Esse show carregava uma incógnita e uma expectativa grande consigo. Afinal, o Bullet for my Valentine ainda é uma banda “obscura” no Brasil. Muitas pessoas (principalmente os “mais velhos”) costumam não se apresentarem como conhecedores do grupo. Surgidos em 2005, no meio da leva de bandas emo que se proliferaram pelo mundo, o BFMV certamente tem carregado esse estigma consigo. Estigma errado, tenho que dizer. Afinal, basta ouvir qualquer álbum deles (são quatro lançados até agora) para perceber um instrumental visivelmente pesado, rápido e agressivo, que nada remete as bandas emo. Este emo geralmente vem completado por um core, o que também não se encontra no BFMV, já que seus vocais (característica principal do core) são em maioria limpos. Isso tudo já serve para transformam o BFMV numa banda difícil de se classificar. O que reforça a ótica da “rotulação injustiçada” que eles sofrem. Esse era o quadro da incógnita, que recebia a moldura do não saber o que nem quanto se esperar do público alvo. A ótica da expectativa inicia-se exatamente nesse ponto, principalmente por tudo o que se viu nos últimos eventos da Liberation.

E podemos dizer que a palavra confusão permeou toda essa tarde.

Bullet for my Valentine

Confusão esta que se iniciou logo no momento em que a casa foi aberta. Uma falta total de organização na formação da fila ocasionou um empurra-empurra do público que se encontrava ali, a frente, desde o início do dia. Foi preciso a intervenção de mais seguranças e até uma ajuda do próprio público para que as coisas começassem a funcionar. Na sequência, um atraso de meia hora trouxe ao palco a banda Carahter, encarregada da abertura. Já na segunda música, o show teve de ser paralisado, devido ao tumulto que a pista havia se tornado. Foi preciso pedir para o público que já estava na casa se controlar, dar um passo atrás para evitar problemas maiores. Nesse momento, a grade que geralmente fica a frente do palco começou a ceder, e todos que ali estavam começaram a temer pelo pior. Informações vinham de que a organização estava reforçando a segurança, assim como procurando controlar o público desde a entrada. Com o número de seguranças dobrado no pit, empurrando e segurando a grade, o show recomeçou. E aí o que pudemos ver foi aquilo que já se conhece da Carahter: muita garra e agressividade sonora, numa apresentação que durou por volta de vinte minutos. Se a idéia era esquentar o público, a Carahter cumpriu com maestria seu papel!

Bullet for my Valentine

Nesse momento, a casa já estava tomada. Aquela dúvida que existia sobre a adesão ao show por parte do público foi sumariamente massacrada quando, poucos minutos antes do BFMV subir ao palco, com a lotação da casa atingindo por volta de seus 90%, ainda existiam muitas pessoas entrando. Fato também que reforçava a idéia de que seria preciso algo mais concreto para que o show, além de começar, terminasse. E bem. E eis que, por volta das 20h, os caras do BFMV começaram a entrar no palco. E aquele aglomerado de seguranças que dividiam espaço com os fotógrafos no pit começou a trabalhar muito mais! O espaço entre o palco e a grade, quem inicialmente era confortável, ao início do show tornou-se uma “lata de sardinha”, tamanho o empurra que sofreu quem estava a frente. A grade avançou coisa de quase metade do espaço que ela deveria guardar, “espremendo” os fotógrafos a um espaço mínimo, forçando os seguranças a se escorarem no palco e travarem a grade com as pernas. Tudo isso pode ser visto no álbum da matéria. E essa situação se manteve por toda a duração do show.

Bullet for my Valentine

E como o que importa realmente é o show, vamos a ele! Formado por Matthew Tuck (vocal/guitar), Michael Paget (guitar), Michael Thomas (bateria) e Jason James (baixo), o BFMV mostrou durante pouco mais de uma hora e meia aquilo que se esperava dele: velocidade, peso, força e um controle ímpar sobre o público. O vocal quase não se ouvia, de tão alto que o público cantava todas as músicas. Os músicos ocupavam todo o espaço do palco, enquanto interagiam com os presentes. E um comentário negativo: por várias vezes pode-se ver Tuck incentivando a abertura de rodas e a formação do “wall of death”. Considerei isso de extremo mal gosto, dada a situação da casa, que ali já havia ganho o formato de uma “bomba relógio”. Desnecessário e perigoso, poderia ter sido evitado. Felizmente, nada negativo aconteceu. Não é preciso citar que os músicos demonstravam constante satisfação de estarem ali, com sorrisos freqüentes sendo vistos em seus rostos. A energia trocada entre banda e público era incrível, o que fez com que a mesma se mantivesse no limite máximo durante todo o setlist, que se iniciou com Your Betrayal, passando por All These Things I Hate, Bittersweet Memories, Take it Out, entre outras, e encerrando com The End. Após essa, a banda saiu do palco, mas não levou a energia do público consigo, que continuou clamando pela banda. Poucos minutos e eles estavam de volta, para detonarem Scream Aim Fire e fecharem definitivamente a apresentação com Tears Don`t Fall.

Bullet for my Valentine

Sobre tudo o que pairava antes do show, sobrou a certeza de, por mais que a banda possa ser “obscura” para uma parcela da população Metal, ela é muito nítida e consumida por outra. Isso foi provado por um público que compareceu em massa, e demonstrou de forma inconseqüente sua paixão pela banda. Aproveitou cada segundo desse momento, e escreveu mais um grande e forte capítulo dentro da história de shows incríveis produzidos pela Liberation.

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Escrito por

Redação

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