Quem disse que domingo não é dia de rock? Os paulistas tiveram a oportunidade de curtir o domingão com muito metal, perto do metrô na nova casa de shows da cidade, o Vic Club, que fica na região da República. Mais ou menos 400 felizardos puderam conferir a nova tour dos alemães do Rage, banda clássica imortalizada na trinca do power metal alemão (as outras são Running Wild e Grave Digger). Eles voltaram para sua quarta vez em Sampa e o resultado foi totalmente satisfatório.

Rage. Foto: Solid Music Ent.

Nessa visita, a banda trouxe dois elementos novos para apresentar ao público da américa latina. O guitarrista Marcos Rodriguez e o baterista Vassilios “Lucky” Maniatopoulos entraram na banda em 2015 e vieram promover o disco “Seasons of the black” de 2017, a primeira com essa formação. Com gás novo e com um álbum recente para promover, é óbvio que a primeira música seria dele. O show começou com a música “Justify” que tinha tudo para deixar o clima up, mas a execução dela foi comprometida com uma falha no som da guitarra sumindo por quase 2 minutos. Para um power-trio, o som fica vazio demais. Com o problema consertado, “Sent by the devil” veio com tudo. O som do disco “Black In Mind” de 1995 contém tudo o que o fã de Rage gosta: guitarra seca, bateria rápida e ótimas melodias. O show teve um grande diferencial: para essa tour, a banda optou por montar um setlist cheio de músicas lado B, privilegiando os discos da fase anos 90. “From the Cradle to the Grave” do renegado disco “XIII” de 1998 abriu a porteira para essas músicas mais “alternativas” dentro do show.

A sequência seguinte foi “Nevermore” de 1993, e a dobradinha do disco “End of all Days” de 1996: “Deep in the Blacksest Hole” seguida da faixa que dá nome ao disco. Ótimas surpresas! Mas o troféu de lado B da noite foi para “The Price of War”, música que ficou quase 18 anos fora do shows da banda e que surpreendeu a todos.

Apesar do show continuar bem, as várias mudanças de formação fizeram a banda perder um pouco o poder de fogo ao vivo. Não é fácil manter uma banda na ativa como é o caso do baixista e vocalista Peavy Wagner, que lidera o grupo formado em 1984. Os novos músicos são tecnicamente bons, mas longe de serem os melhores músicos que passaram por ela. O que falta em qualidade, sobra em carisma. Às vezes viram até motivo de piada. O sempre comunicativo Peavy convidou o público para cantar uma música do disco novo “Blackened Karma” e o retorno foi totalmente positivo. Várias pessoas sabiam cantar o refrão de cor. Para fechar a primeira parte do show, o grande clássico old school do Rage, “Don’t Fear the Winter”, hino que marcou um estilo e a fase áurea da banda. Tivemos até um início de roda nesse som. O baterista grego Vassilios Maniatopoulos desceu a mão na bateria e segurou o bumbo-duplo com classe.

Após poucos minutos, a banda volta do camarim para tocar a música mais longa da noite. Um medley que começa com outro clássico “moderno” da banda. “Higher Than the Sky” tem o tipo de refrão grudento que é impossível não acompanhar. A música é um dos grandes sucessos dos alemães e uma das mais queridas pelo público brasileiro. Após um solo cheio de improvisos, eles tocaram um trecho da “Heaven and Hell” do Black Sabbath e “Holy Diver” do Dio. As duas músicas foram cantadas pelo guitarrista argentino Marcos Rodriguez, imitando o finado vocalista. Particularmente, achei meio enrolação. Poderia ter tocado outras duas músicas a mais.

Saldo final: mais uma tour do Rage pelo país sendo concluída em grande estilo. Apesar do show curto, o setlist com suas obscuridades foi o grande destaque. A organização do show mais o som/luz da casa estão de parabéns.

Rage. Foto: Solid Music Ent.