A expressão lenda, quando usada na música, geralmente remete a alguma banda e/ou músico que tenha escrito seu nome de forma categórica na história. Dio, Purple, Sabbath, Stones são exemplos diretos e imediatamente reconhecidos. Porém, nessa galeria de nomes que mudaram tudo após terem surgido, talvez um esteja acima de todos: Beatles. E, por mais que você não goste ou até (será que isso ainda é possível?) não conheça a obra deles, acredito ser plenamente impossível nunca ter ouvido os nomes de John Lennon, Paul MacCartney, George Harrison e aquele que é considerado quase como um “renegado” por muitos, Ringo Starr. Muito já se disse dele através dos anos, sobre sua qualidade (ou falta dela) como baterista e músico. A verdade é que, ignorando qualquer adjetivo, ele é uma lenda. Ele fez parte da maior de todas as lendas. E estava pela primeira vez na história se apresentando para seus fãs brasileiros.

Ringo Starr

Ringo trouxe para o Brasil sua All Starr Band, banda formada por nomes mais do que consagrados da música mundial: Wally Palmer e Rick Derringer (guitarras), Richard Page (baixo), Gary Wright (teclados), Mark Rivera (saxofone), Greg Bissonette (bateria) e Edgar Winter (sax e teclados). E o que se pôde ver em 105 minutos de show foi uma verdadeira aula de como uma banda desse porte deve se apresentar. Ringo fazia as vezes de centro das atenções apenas nos intervalos entre as músicas, quando tomava a frente e se comunicava com o público. Na execução das músicas, o que se pôde perceber foi uma completa divisão de atenções entre todos os músicos, onde todos cantaram alguma música, não se limitando a fazer as vezes de banda de apoio. Geralmente nesses momentos Ringo esteve sentado em seu kit de bateria, posicionado bem ao centro do palco, tendo o de Greg posicionado a sua esquerda. E tenho que dizer que, como baterista, foi extremamente interessante e gratificante ver duas lendas do instrumento tocando juntos no palco! Obstante o fato de Ringo ser endeusado por uns e execrado por outros, era o baterista dos Beatles ali, conduzindo as músicas, ao lado de uma lenda do instrumento, Greg Bissonette. Mas voltando a banda, aquela troca constante de músicos atrás do microfone principal ofereceu ao show uma dinâmica muito interessante, com uma variação grande dos estilos que se podiam ouvir, sem nunca deixar a praia principal, o Rock`n Roll. Releituras e execuções de músicas de bandas das quais os integrantes da All Starr fizeram parte, assim como seus trabalhos solos, permearam todo o set list. Set este acredito que, na vontade de muitos, deveria estar recheado de músicas dos Beatles, o que não aconteceu. Foram apenas cinco: I wanna be your man (dedicada a todas as mulheres presentes), Yellow Submarine (que segundo Ringo dispensava apresentações, pois todos certamente deveriam conhecer), Boys, Act Naturally e With a Little Help from my Friends (onde ele pediu uma pequena ajuda de seus amigos fãs para cantar essa). Mais cinco canções de seu trabalho solo (It Don`t Come Easy, Choose Love, The Other Side of Liverpool, Back off Boogaloo e Photograph). E ainda tivemos mais doze faixas distribuídas por entre os trabalhos individuais citados acima. O destaque talvez fique para Broken Wings, do Mr. Mister, uma grata surpresa nesse repertório. E o fechamento com o refrão inesquecível de Give Peace a Chance, de John Lennon.

Ringo Starr

Para quem foi ao show esperando uma noite de Beatles se decepcionou. Ringo foi “apenas” um líder de uma praticamente big band, formada por excelentes músicos, com décadas de experiência na bagagem. Para quem foi ver uma lenda em ação, independente do repertório, saiu realizado. Pois Ringo se mostrou comunicativo ao extremo durante todo o tempo do show, fazendo muitas brincadeiras com público e banda. Sempre enaltecendo seus companheiros (assim como a si mesmo, é verdade), procurou transmitir sua mensagem de paz e amor. Por mais piegas que isso possa soar para alguns, foi nessa alcunha que os Beatles foram criados, e Ringo soube manter essa chama viva. Ofereceu um repertório recheado de clássicos, executados por seus criadores. Cantou e permaneceu sentado em seu posto de natureza, atrás da bateria, todo o tempo possível. Esquecendo qualquer coisa de qualquer época pós Beatles, tenho que admitir que foi muito bom poder apreciar Ringo sentado em seu kit, fazendo aquilo que o consagrou: tocando bateria. De forma simples, reta e direta, e inesquecível. Um agradável show, numa noite, certamente para muitos, inesquecível.

Setlist:

It Don’t Come Easy
Honey Don’t
Choose Love
Hang On Sloopy
Free Ride
Talking In Your Sleep
I Wanna Be Your Man
Dream Weaver
Kyrie
The Other Side Of Liverpool
Yellow Submarine
Frankenstein
Back Off Boogaloo
What I Like About You
Rock N’ Roll, Hoochie Koo
Boys
Love Is Alive
Broken Wings
Photograph
Act Naturally
With A Little Help From My Friends
Give Peace A Chance

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Escrito por

Redação

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