Descobrir bandas novas de heavy metal e constatar sua qualidade é evidenciar que o estilo não morreu e que os bons grupos não são somente os das décadas de 80 e 90.
É claro que os pioneiros do gênero (e de subgêneros) serão tidos como lendas e cultuados por um longo período. Entretanto, as gerações que vieram posteriormente mostram que aprenderam e muito com os seus ídolos.
O exemplo abordado nesta matéria é o Incinery. Os britânicos finalizaram o seu segundo álbum, Hollow Earth Theory e será lançado no dia 30 de outubro. O Portal do Inferno teve acesso ao material e a resenha pode ser conferida logo abaixo.
O quinteto de Notthingham pratica um death/thrash que nos remete a bandas old school dos anos 80.
Na entrevista, o baixista David ‘Deej’ Jordan, falou sobre a trajetória iniciada em 2009, os festivais que o Incinery participou e a expectativa em relação ao novo material. Como curiosidade, ao ser questionado, sobre as bandas brasileiras que gosta, uma das citadas foi Bode Preto de Teresina/PI! Uma boa menção do underground brasileiro. Completam a banda: James Rawlings (vocalista), Jason ‘Twinkle Fingers’ Chaikeawrung e Chris ‘Viking’ Kenny (guitarras) e Ste ‘Optimus’ Dudley (bateria).
1)Incinery finalizou o processo de gravação do segundo álbum. O que o público pode esperar de Hollow Earth Theory e o que tem de diferente em relação a Dead, Bound and Buried?
Deej: É muito bom para nós finalmente termos o novo álbum Hollow The Earth e em breve poder mostrar para as pessoas. Nós tivemos a oportunidade de trabalhar por vários anos em cima deste álbum e esta foi a grande diferença em relação a Dead, Bound and Buried. Quando gravamos o primeiro disco, nós tínhamos um prazo para entregar, o que fez com que não tivéssemos tempo suficiente para dar o melhor de nós mesmo.
Desta vez trabalhamos dentro do nosso próprio ritmo e prazo e isso foi muito benéfico no resultado final do álbum.
As nossas músicas já estavam prontas há 18 meses, mas resolvemos aprimorar as faixas e torná-las ainda melhores.
Este segundo álbum é definitivamente uma progressão do nosso trabalho, com um som mais polido do ponto de vista da composição.
2) A banda se descreve como fã dos antigos grupos de thrash metal e também de bandas atuais. Quais são as suas influências?
Deej: Algumas de nossas influências estão na Bay-Area, como Exodus e Testament, por exemplo. Somos grandes fãs do Sepultura também.
Alguns músicos da banda gostam muito de Death e Black Metal e essas influências estão em nossas canções.
3) O Incinery foi fundado em 2009. De lá para cá aonde já fizeram shows?
Deej: Nós tivemos a sorte de tocar em vários show. Já atravessamos todo o Reino Unido e fizemos abertura para grupos consagrados como Exodus, Hirax and Lanmower Deth.
Também participamos dos maiores festivais britânicos, como Download Bloodstock, Hammerfest, Hard Rock Hell e em vários fora de nossas fronteiras, como no Metal Days da Eslovênia, por exemplo.
4) Como avaliam a cena de thrash metal do Reino Unido?
Deej: Antes do início da pandemia, nós tínhamos uma cena que estava prosperando. Há grandes agentes e locais de shows para thrash metal, dos quais nós nos beneficiamos muito. Obviamente, com o coronavírus, tudo foi cancelado, o que prejudicou todo mundo.
Aqui também há vários festivais que atendem várias bandas, dependendo do estágio que estão em sua carreira (desde os iniciantes até os mais famosos), em vários subgêneros de nicho.
Em particular, o Thrashersaurus Festival de Norwich é um elemento fixo em nosso calendário, tanto como artista quanto como fãs.
Só esperamos que as casas de shows, bandas e promotores possam aguentar firme até que tudo isso acabe para que possamos voltar a fazer o que todos nós amamos.
5)Há bandas brasileiras de heavy metal que vocês gostam? Quais?
Deej: Sim, gostamos de algumas. A primeira e mais óbvia é o Sepultura. Gostamos tanto da fase antiga, quanto da atual.
Eu sou fã da banda de black metal, Bode Preto, de Teresina/PI, especialmente do álbum ‘Inverted Blood’. Nosso baterista Ste gosta do Mutilator e Kenny ouve Krisiun.
6) Que planos o Incinery tem para o futuro? Há possibilidade de tocar no Brasil?
Deej: Primeiramente será o lançamento do nosso novo álbum: Hollow the Earth, que será no dia 30 de outubro. Quem quiser escutar algo, pode acessar este link: https://incinery.bandcamp.com/merch.
No momento, estamos agendados para tocar no Hammerfest de 2021, em Birmigham e esperamos voltar a fazer turnês.
Adoraríamos poder tocar no Brasil, mas no momento não é possível. Assim que for oportuno, visitaremos o Brasil.
Resenha: Hollow The Earth Theory
O álbum sairá apenas no dia 30 de outubro, mas o Portal do Inferno teve acesso ao material e já recomenda: assim que tiver disponível para o público, ouça!
São 11 músicas que não perdem o ritmo e mantêm a mesma intensidade do início ao fim.
O quinteto mostra toda a sua influência thrash da década de 80 e alguns riffs e solos nos remetem aos últimos discos do lendário Testament. Em outros momentos, há uma brutalidade death imponente, que se assemelha aos seus conterrâneos do Benediction.
Já o nome do segundo disco: ‘Teoria da Terra Oca’ aborda temas místicos e ficções científicas. Em um momento em que há muitas teorias da conspiração por todo o planeta, nada como enganchar este assunto e aliar com os temas antigos para fazer um álbum.
Os destaques ficam para ‘Carrion King’, ‘Falling into sky’ e ‘As above so below’.
Em um 2020, onde houve muitas notícias ruins por conta da Covid-19 (quarentena, morte de pessoas, perda do direito de ir e vir, além dos shows cancelados), o Incinery traz um bom agrado aos ouvidos e a alma com o Hollow The Earth.
Abaixo, há a sétima faixa, ‘Falling into sky’, que já foi divulgada e dá para ter uma noção da pancadaria dos ingleses: riffs de guitarra, solos de bateria, vocal agressivo e muita vontade de bangear.