Com uma carreira de cerca de trinta anos, Neal Morse se consolidou como um grande cantor, compositor e instrumentista. Pela segunda vez, os paulistanos puderam vê-lo em ação, desta vez com o seu projeto The Neal Morse Band, no dia 18 de junho, durante a The Road Called Home Tour, que tem como destaque a execução completa do conceitual Similitude of a Dream, segundo album da banda, lançado em 2016. Vale destacar que o album foi inspirado no livro “O Peregrino” (Pilgrim’s Progress), de John Bunyan.
Além de exímio cantor, compositor e instrumentista, Neal Morse veio acompanhado de um time de primeiríssima qualidade: Randy George no baixo, Bill Hubauer nos teclados, Eric Gillette na guitarra, e Mike Portnoy – que tocou com Neal em 2014 com o Transatlantic – na bateria.
Praticamente no horário marcado, as luzes se apagaram. Neal entra sozinho, com um capuz na cabeça (incorporando o Peregrino) e uma lanterna nas mãos para cantar Long Day, enquanto que, um a um, os outros membros da banda tomam seus postos e são efusivamente saudados pelo público – especialmente Portnoy, que durante o show agitou e brincou bastante com a galera.
Com Overture, já foi possível ver que seria uma noite de muita técnica, versatilidade e virtuosismo. The Dream foi a próxima, com Neal tocando violão (durante o show, ele alternaria entre teclado e guitarra, também). City of Destruction veio na sequência e foi muito bem recebida pela platéia, que cantou a plenos pulmões o refrão. Notava-se que um telão ao fundo projetava imagens de acordo com cada canção executada, e Neal também as interpretava, utilizando objetos e figurinos de acordo com o tema.
O trabalho vocal dos músicos foi outro destaque, como Makes no Sense, com os refrões divididos entre Eric e Bill, e Draw the Line, com Portnoy também cantando (o que já fazia como backing vocal nos tempos de Dream Theater). Back to the City trouxe mais um refrão pra galera cantar juntamente com Bill, que mostrou mais de seus dotes vocais em The Ways of a Fool, com a sua pegada bem anos 70. So far gone e Breath of Angels finalizaram a primeira parte do show.
Uma curiosidade: durante o intervalo, alguns dos temas da série Twin Peaks, compostos por Angelo Badalamenti, eram executados no som mecânico.
A banda retorna no mesmo pique da primeira parte, com Slave to your Mind e Shortcut to Salvation, com direito a solo de sax de Bill Hubauer, e The Man in the Iron Cage, com uma pegada mais southern rock.
Após Sloth, Mike Portnoy veio à frente do palco para agradecer aos presentes e fazer declarações de amor ao Brasil (o melhor país pra se tocar, em sua opinião). Aproveitou a deixa pra “vender seu peixe”, visto que em outubro ele e Eric Gillete estarão de volta ao país com seu projeto solo, e anunciar a próxima canção, a acústica Freedom Song. Na sequência, I’m Running, a dramática The Mask, com mais um trabalho cênico de Neal Morse, e a ótima instrumental The Battle, que ao vivo ficou bem mais pesada. Broken Sky / Long Day (Reprise) encerrou a parte regular do espetáculo.
Para o encore, o bahiano Adson Sodré, guitarrista de sua banda solo, foi chamado ao palco para a execução de Momentum, do album de mesmo nome, lançado em 2012. Para quem não o conhecia, foi possível ver sua virtuosidade durante os solos, fazendo inclusive um dueto muito interessante com Eric Gillete, que empolgou os presentes.
Na sequência, mais uma da carreira-solo, Author of Confusion. Vale destacar novamente o trabalho vocal diferenciado de todos os membros da banda nessa canção. Em seguida, Agenda e The Call – do album The Grand Experiment – foram as escolhidas para finalizar pouco mais de duas horas e meia de rock progressivo da melhor qualidade.
Set-list
1° parte
Long Day
Overture
The Dream
City of Destruction
We Have Got to Go
Makes No Sense
Draw the Line
The Slough
Back to the City
The Ways of a Fool
So Far Gone
Breath of Angels
2° parte
Slave to Your Mind
Shortcut to Salvation
The Man in the Iron Cage
The Road Called Home
Sloth
Freedom Song
I’m Running
The Mask
Confrontation
The Battle
Broken Sky / Long Day (Reprise)
Bis
Momentum (Neal Morse cover, participação de Adson Sodré)
Author of Confusion (Neal Morse cover)
Agenda
The Call